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20 de abril de 2024 | 13:23
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A eterna amorfia

A educação formal no Brasil desde sempre foi um proces­so que não contribuiu, e nem contribui para a construção da cidadania, e isso fica claro nos índices das avaliações interna­cionais a que somos submetidos.

Sempre tivemos modelos com mais qualidade, que se pre­ocupava com o pedagógico para atender as elites, e modelos assistencialistas para as classes menos favorecidas. As creches surgidas no século 19, para atender as mães que trabalhavam fora de casa, tinham preocupação somente com os cuidados básicos de higiene, onde as crianças eram tratadas aos berros, e sofriam castigos para manter o comportamento exigido, não havia nenhum interesse com o desenvolvimento e a aprendizagem, era um local para passarem as horas.

Na mesma época foram criados os jardins de infância, com uma estrutura diametralmente oposta as das creches. Nos jardins de infância os espaços eram pensados para o desenvolvimento cognitivo das crianças, com pedagogias que impulsionava o seu desenvolvimento como ser humano – era para as elites.

Casa grande e senzala sempre tiveram presentes no in­consciente da maioria da população, o tratamento carinhoso dado ao sinhozinho, não pode ser replicado nos herdeiros da senzala – seria um sacrilégio terem tratamentos iguais. Em nosso País constitucionalmente somos todos iguais, mas o ranço etnocentrista não deixa isso se materializar.

A cidadania é forjada na igualdade, e na equidade,mas como não vivenciamos isso, estamos sempre nos digladiando, atualmente somos uma sociedade enferma. De todas as alter­nativas que temos para resolver as crises de um país, somente à educação mostra resultados duradouros, mas no nosso caso a educação pública é tratada como uma mercadoria, e, além disso, uma mercadoria de péssima qualidade.

Acontece que tudo pode ser aprendido, e tudo pode ser mo­dificado. Não podemos mais permitir que a educação básica pública brasileira continue sendo tratada como mercadoria. A escola é o local para se aprender e praticar a cidadania, mas para isso tem que estar preparada.

As práticas das gentilezas, e das boas maneiras de convivência tem que estar presente em todos os momentos no ambiente escolar, o respeito pelo outro é fundamental, o dialogo ajuda a resolver os conflitos, os alu­nos têm o direito de serem ouvidos, e respeitados.

Gritar com a criança, deixar fora da atividade que ela gosta por qualquer motivo, como forma de punição é anti­pedagógico. Mas em pleno século 21 estas práticas são mais comuns do que se possa imaginar nas redes públicas de nossa cidade. Uma escola acolhedora e formadora da cidadania pode ser construída com pequenos gestos – só depende de nós! A amorfia não pode ser eterna!

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