18 de abril de 2024 | 21:38
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Entidades podem fechar as portas

O início de ano tem sido de incertezas para centenas de en­tidades que prestam serviços assistenciais no estado de São Paulo por conta de mudanças no Programa Nota Fiscal Pau­lista (NFP). Elas correm o risco de perder até 40% da receita, a maior parte proveniente de do­ações. Reclamam que o governo do Estado impôs regras que vão dificultar a ajuda voluntária.

Para reverter a situação, um projeto de lei foi aprovado no final de 2017 na Assembleia Legislati­va de São Paulo (Alesp), mas de­pende da sanção do governador Geraldo Alckmin. Na prática, as doações aconteciam de maneira simples, direta, de forma livre e anônima. O consumidor, ao pagar suas compras em um supermer­cado, por exemplo, podia deixar a nota fiscal, independente do valor, em pequenas urnas que ficavam ao lado dos caixas.

A entidade era responsável pela coleta das notas, do repasse de informações ao governo e do recebimento a que tinha direito. O consumidor não tinha trabalho algum. A doação era em relação ao imposto pago, que, parte des­se imposto, ao invés de ir para o Estado ia para as entidades.

Com a nova regulamenta­ção, caso o consumidor queira doar a sua nota fiscal às entida­des, terá que baixar um aplicati­vo, preencher um formulário de identificação, preencher um for­mulário de identificação da enti­dade a ser beneficiada, informar detalhes da compra e autorizar a destinação do recurso.

Projeto de lei – No final de 2017 , a Alesp aprovou o PL nº 718, de autoria do deputado esta­dual Jorge Caruso (PMDB), que garante a permanência das urnas de doação nos estabelecimentos comerciais e o cadastramento dos cupons fiscais avulsos, concomi­tante com as novas formas de do­ação via aplicativo e site do progra­ma Nota Fiscal Paulista.

O projeto contou com o apoio de grande mobilização do Mo­vimento de Apoio à Cidadania Fiscal (MACF). “As perdas [com as novas regras] dependendo do caso podem chegar a 85% [das receitas], mas a maiores perdas são das pessoas que terão os serviços sociais reduzidos ou suspensos. É uma parcela da população que mais precisa, são idosos, crianças, pessoas com deficiência”, explica Eduardo Vianna Junior, presiden­te do Conselho Deliberativo da Associação Comunidade Mãos Dadas (ACMD) e membro do co­mitê gestor do MACF.

“Precisamos que o governa­dor Geraldo Alckmin sancione a lei, contamos com o apoio de to­dos para alcançarmos mais uma vitória e garantirmos o direito de milhares de pessoas que precisam dos serviços sociais em nosso Es­tado”, completou Vianna Junior. “Se não sancionar e vetar, vamos voltar na Assembleia Legislativa para derrubar o veto”, finaliza.

Segundo Mário Alfredo Bo­raschi, representante da Casa do Vovô de Ribeirão Preto, cerca de quatro mil entidades no estado de São Paulo, sendo 50 de Ribeirão Preto, se enquadram no programa e estão sendo prejudicadas com as mudanças. Boraschi concorda que a medida poderá provocar fechamento ou redução de aten­dimentos. “Na média, essa doação representa 40% das receitas, mas tem entidades, aqui mesmo em Ribeirão, que sobrevivem pratica­mente com esse dinheiro. Tirando esse dinheiro a entidade vai ter que fechar, ressalta”.

Segundo o deputado Jorge Caruso não houve sinais de inte­resse do governo em sancionar a lei aprovada “O governo não deu nenhum sinal e isto é preocupan­te, pois temos relatos de entidades que já fecharam suas portas. Hoje mesmo (quarta-feira) eu entrei em contato com a Secretaria de Governo e estou esperando um retorno”, disse Caruso. O deputado comentou o fato de que os deputa­dos do PSDB não se posicionarem contrário ao projeto. “A sensação que nós temos é que o governo bate cabeça nesta questão e não ouvi as suas bases, pois nenhum deputado é contrário ao projeto de lei, só o Executivo através da Secre­taria da Fazenda”, ressalta.

Caruso diz trabalhar em três frentes: sanção da lei; a prorroga­ção do prazo de transição para que as entidades não sofram; e a derrubada do veto na Alesp. “Te­mos programado para fevereiro a instauração da frente parla­mentar do terceiro setor. Vamos debater na Assembleia meca­nismos de ajuda ao serviço so­cial, como este projeto de lei ou mesmo uma lei como é feito no Esporte e na Cultura, sem criar concorrência entre as áreas”, fina­liza o parlamentar. reportagem do Tribuna solicitou juntoao setor de comunicação social do governo do Estado informações e posição da Secretaria da Fazenda sobre o assunto, mas até o fechamento da edição não havia obtido retorno.

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