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18 de abril de 2024 | 19:40
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Etnoturismo e ecoturismo em terras indígenas

As datas comemorativas são uma ótima inspiração para a definição de roteiros de viagem. O Dia do Índio, comemorado nesta quinta-feira, 19 de abril, por exemplo, chama a atenção para projetos que utilizam o turismo como meio de resgate da cultura indígena, preservação do meio ambiente e geração de renda para as comunidades, prática cada vez mais comum no país.

Em todas as regiões, há comunidades abertas à visitação. É o caso da Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira situada a apenas 12 km do centro de Porto Seguro (BA). São duas opções de roteiro: visitas com duração de 3 horas ou vivências com pernoites na aldeia. Os preços variam de R$ 75 a R$ 475 reais, incluindo degustação ou refeições, segundo a agência que organiza os pacotes em parceria com os indígenas. Entre as atividades programadas estão: caminhada pela Mata Atlântica, demonstração de tipos de armadilhas usadas para captura de pequenos animais; arremesso de arco e flecha; ritual de confraternização com música e dança; e finalmente a degustação de peixe assado na folha de patioba. Nos passeios com pernoites são incluídos banhos de rio, oficinas de artesanato e luau.

Também perto do mar, a Terra Indígena Guarani do Ribeirão Silveira, localizada na praia de Boraceia, em São Sebastião (SP), a cerca de 200 km de São Paulo, é outra opção de lazer associada à cultura. Ali vivem cerca de 550 índios da etnia Guarani Mbya que mantém viva suas tradições por meio de manifestações culturais como a música, a dança, o artesanato e a agricultura de subsistência. “Temos várias opções de trilhas para cachoeira, apresentação de canto e dança, venda de artesanatos, pintura corporal, palestras e comida típica”, conta o cacique Adolfo Timotio, responsável pelo agendamento de visitas. Em comemoração ao Dia do Índio, a Prefeitura de São Sebastião realiza na aldeia, em abril, o Festival da Cultural Indígena do Rio Silveiras.

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Créditos: artesanato Guarani/ PR (à esq.) e divulgação Yawanawa

No sul do Brasil, índios Guarani do Paraná e Santa Catarina, reunidos no projeto Rede Solidária Papyguá, trabalham em projeto de turismo atualmente com cinco roteiros disponíveis. Cada aldeia cria a sua programação para colocar o turista em contato com os costumes locais. No entanto, são comuns a realização de palestras de acolhimento, caminhadas na mata, jogos e brincadeiras tradicionais, refeições com a típica comida Guarani, e, em alguns casos até pescaria. Além de vivenciar o dia a dia da comunidade o turista pode levar para casa peças de artesanato Guarani e, em algumas aldeias, óleos essenciais produzidos com plantas da região.

No Acre, uma imersão na floresta é a proposta dos índios Yawanawás da área indígena Rio Gregório, onde vivem cerca de mil índios em sete aldeias.  As vivências, realizadas em pequenos grupos, são “oportunidade de conhecer a cultura Yawanawá de forma mais íntima e profunda”. Pintura corporal, banhos de ervas e argila, roda de defumação, caminhada até a Samaúma, a maior árvore da Amazônia; cerimônias deUni (Ayahuasca) fazem parte do roteiro oferecido ao visitante. Anualmente, em outubro, a aldeia Nova Esperança é palco do Festival Yawa, onde são relembradas danças, cantos, comidas tradicionais e rituais da comunidade. O pacote para os cinco dias de festa que inclui, transporte a partir do Rio Gregório, hospedagem e alimentação custa R$ 4,5 mil, segundo o cacique Bira Jr.

As iniciativas de etnoturismo e de ecoturismo em terras indígenas são disciplinadas pela Instrução Normativa Nº 3 da Funai. De acordo com a fundação, as comunidades indígenas têm autonomia para explorar projetos de turismo em seus territórios, cabendo ao poder público o papel de monitorar e fiscalizar as atividades nas aldeias. As visitações são agendadas com os próprios representantes das comunidades ou agências de turismo autorizadas por eles.

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