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18 de abril de 2024 | 0:30
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Economia

Auxílio-Doença: Governo federal corta milhares de benefícios

Segundo o ministro, um pente-fino realizado entre agosto de 2016 e março deste ano encon­trou 552,9 mil benefícios de auxí­lio-doença que não passavam por revisão há mais de dois anos, sen­do que a regra é a cada seis meses. Até agora, 279 mil revisados, dos quais 228 mil foram cancelados, média de 82% – ou por irregu­laridade, ou por não-compareci­mento do beneficiário.

Em agosto de 2016 e março de 2017, a economia com auxí­lio-doença foi de R$ 7,6 bilhões. Mantida a média de cancela­mentos, a economia pode atingir R$ 15,7 bilhões. “Isso é mais do que a privatização da Eletro­bras”, diz Beltrame. Em 2016, a folha de pagamento do auxílio­-doença era de R$ 27,8 bilhões anuais, com 1,8 milhão de be­neficiários. Em dezembro deste ano, segundo o ministro, o gasto deve atingir R$ 20 bilhões, com 1,1 milhão de beneficiários.

Um exemplo citado pelo ministro foi o de gestantes que receberam auxílio-doença por estarem hipertensas durante a gravidez, mas que continuaram com o benefício por dez anos. “Encontramos pessoas absolu­tamente saudáveis no momento da perícia, que tinham direito ao benefício no momento em que foi concedido, mas que se acos­tumaram e se acomodaram nessa situação”, revela o ministro, para quem houve “desleixo” na gestão dos recursos públicos.

No caso das revisões de apo­sentadoria por invalidez, cuja revisão deve ser feita a cada dois anos, até agora, 43 mil foram revi­sadas, e o índice de cancelamento é de 30%. Ao todo, um milhão de benefícios serão revisados. Como há uma regra de transição entre a invalidez e o retorno ao trabalho, neste ano, a economia deve ser de R$ 500 milhões. Em 2019, o po­tencial é de R$ 5 bilhões, mantida a média de cancelamento.

“Encontramos cegos que dirigem e possuem carteira de motorista, pessoas que foram cadeirantes em algum momen­to, devido a acidentes, e hoje ca­minham, alguns até são marato­nistas”, afirma Beltrame. “Entre 2016 e 2019, devemos atingir R$ 20 bilhões de economia”, acres­centa. No caso do Bolsa Família, o ministro diz que o cruzamen­to de dados do Cadastro Úni­co com dados do Ministério do Trabalho, como o Cadastro Geral de Empregados e Desem­pregados (Caged), evitaram que famílias não enquadradas nos critérios do programa fossem beneficiadas indevidamente.

Antes, o cruzamento era reali­zado em dezembro de um deter­minado ano com a Relação Anu­al de Informações Sociais (Rais) do ano anterior, o que permitia que a inconsistência somente fos­se descoberta dois anos depois. Segundo Beltrame, 5,2 milhões de famílias que não tinham di­reito ao Bolsa Família foram re­tiradas do cadastro, enquanto 4,8 milhões que se enquadravam nos critérios de elegibilidade foram incluídas no programa. O minis­tro do Planejamento, Esteves Col­nago, esclareceu que a economia fiscal não é o foco das revisões, no caso do Bolsa Família, mas uma consequência.

“Nesse cruzamento, encon­tramos muitos mortos recebendo Bolsa Família”, afirmou Beltrame. No primeiro pente-fino, segundo ele, a retirada de beneficiários ge­rou uma economia potencial de R$ 2 bilhões em 2016 e 2017, que permitiu que aqueles que tinham direito recebessem os valores de­vidos. “Além da economia, con­seguimos pela primeira vez zerar a lista de espera, que era de um milhão de famílias. Conseguimos focar o Bolsa Família naqueles que realmente precisam”, diz.

No caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC), há 4,4 milhões de beneficiários, entre idosos e pessoas com de­ficiência com baixa rendam, que integram a folha. O crité­rio é que a renda per capita seja inferior a 25% do salário mí­nimo. “Encontramos 151 mil beneficiários com renda acima de meio salário mínimo per ca­pita, e, em alguns casos, até seis salários mínimos per capita”, afirma Beltrame. O cruzamen­to de dados encontrou ainda 17 mil mortos como beneficiários, alguns há anos. A economia potencial, segundo ele, é de R$ 1 bilhão por ano.

De acordo com o secretário­-executivo do Ministério do Planejamento, Gleysson Rubin, o governo conseguiu unir 14 bancos de dados e 7,4 bilhões de registros em bases de diversos órgãos do governo. Colnago dis­se que essas bases serão atualiza­das mensalmente. Outras cinco bases serão agregadas em breve. “O governo precisa olhar as des­pesas que faz para garantir que os recursos sejam bem alocados”, afirma Colnago, citando o teto de gastos. “Isso nos obriga a melho­rar a qualidade do gasto.”

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