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19 de abril de 2024 | 17:18
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Economia

Inadimplência afeta 62,6 mi de pessoas

A taxa de inadimplência ao crédito do sistema financeiro no Brasil chegou a 3,04%, ou em termos absolutos R$ 96,6 bilhões de um saldo total de R$ 3,168 trilhões. Os dados preliminares, relativos ao mês de setembro, são do Banco Central (BC). Os va­lores não discriminam as contas em vermelho de empresas e pes­soas físicas. Trata de dívidas em atraso há mais de 90 dias.

A dívida a bancos, operado­res de cartão de crédito, financei­ras e leasing aflige metade (52%) dos brasileiros com “nome sujo” no Serviço de Proteção ao Cré­dito, o SPC Brasil. Segundo o birô de crédito, em setembro, 62,6 milhões de pessoas esta­vam “negativadas”, equivalente à população da Itália ou pouco menos de um terço da popula­ção adulta com 20 anos ou mais – conforme cálculo do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta­tística (IBGE), há 209 milhões de brasileiros, 194 milhões com idade a partir de 20 anos.

Em relação às instituições financeiras, a inadimplência equivale a 2,7% dos saldos. No caso das instituições financeiras privadas nacionais, a proporção é de 3,8%. Para as estrangeiras, o percentual é de 2,6%. A maior parte do montante da inadim­plência é devida aos bancos públicos (46,27%). Em segundo lugar, às instituições privadas de capital nacional (41,28%). Em terceiro lugar, às instituições de capital estrangeiro (12,45%).

Crise, desemprego e dívida
“A inadimplência sem­pre cresce com o desemprego. Quando o país entrou em crise, a partir de 2014, nós tínhamos 51,8 milhões de CPF (Cadastros de Pessoas Físicas) negativados. A crise, de 2014 pra cá, colocou mais 10 milhões na inadimplên­cia”, descreve Luiz Rabi, econo­mista da Serasa Experian.

Marcela Kawauti, economis­ta-chefe do SPC Brasil, confirma que a recuperação do trabalho, e portanto da renda, é o que faz com que quem esteja inadim­plente possa colocar em dia as contas em atraso, especialmente os mais pobres. “Quando o con­sumidor que tem a renda menor voltar para o mercado de traba­lho, ele vai pagar a dívida, resol­ver esse problema”.

Entre 2014 e 2017, cerca de 6,5 milhões de pessoas fi­caram sem ocupação (dessas 3,3 milhões tinham empregos formais). Os números do IBGE contabilizam que no período a média anual da taxa de deso­cupação das pessoas de 14 anos ou mais idade no Brasil passou de 6,8% (o menor índice da história) para 12,7% – mesmo percentual de junho de 2018, quando a inadimplência atingiu recorde na Serasa.

Cartão, cheque e empréstimo
As dívidas com o setor fi­nanceiro são monitoradas pelo Banco Central. Segundo a auto­ridade monetária, R$ 2 de cada R$ 5 do saldo inadimplente são de cartão de crédito rotativo, que junto com o cheque especial tem o maior custo de financiamen­to. O peso da dívida no cartão é desproporcional ao volume de operações realizadas.

Embora represente apenas 2% do saldo de operações de cré­dito, o cartão de crédito na mo­dalidade rotativo corresponde a 20,8% da carteira inadimplente, descreve o Banco Central. Além da dívida do cartão, 13,5% são de crédito pessoal; 12,9% de cré­dito consignado; 11% de finan­ciamento habitacional e 9,8% de aquisição de carros – um terço do restante inadimplente é for­mado por diferentes tipos de créditos e financiamentos.

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