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19 de abril de 2024 | 4:59
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Larga Brasa

BETÂO RONCA FERRO MUNICIPAL
Em uma cidade conhecida por “Juritiquituba”, perto de “Pinda­mirintiba” e longe de Ribeirão Preto, houve uma época de muita turbulência. Na oportunidade seriam trocados os sistemas de telefonia do Crossbar pelo Pentaconta. Os técnicos apontavam diferenças entre os dois e afirmavam que não eram compatíveis. Os engenheiros se revezavam nas emissoras de rádio tentando passar para a população que um era melhor do que o outro e das desvantagens do oponente. A Câmara de Vereadores não ficou imune à turbulência. Sem que nada tivesse acontecido já acusa­vam os edis de estarem “vendidos”, cooptados pelo “poder econô­mico” etc. Os debates ocorriam com tranquilidade no Legislativo. Nada havia de concreto contra este ou aquele sistema.

NERVOSINHO
Havia um vereador que era tido e havido como violento, nervoso e que sempre dizia que queria resolver as coisas à bala. Andava armado, com porte, registro, etc. Queria sempre tirar as questões “a limpo”.

COLOCARAM FOGO NO “BETÃO”
Certa feita no barbeiro, o fogoso edil estava aparando a cabeleira quando alguns gozadores começaram a afirmar que havia corrido muito dinheiro e que o vereador bravo havia sido “passado para trás”. Ele começou a avermelhar da ponta das orelhas e, quando chegava ao pescoço, era o perigo. Explodia, com certeza. E o pes­soal foi dando “corda”, ele quase a explodir. Em dado momento, mesmo com a navalha no rosto, teve um rompante e se levantou meio com espuma e meio barbeado. O barbeiro foi “de circo” para não ferir o político conhecido como sendo estampido garantido. Ele desafiou aos seus gozadores e disse que iria armado ao Rio de Janeiro, onde ficava a sede da empresa de equipamentos telefôni­cos, para ter uma “conversinha” com o Mister X, o seu presidente.

PREPARATIVOS
Ele pegou um avião com seu próprio dinheiro e foi à ex-capital fe­deral. Ficou abismado com a fábrica de telefones e equipamentos. O prédio era enorme. O complexo industrial maior ainda. Pegou seu revólver, colocou em sua maleta tipo “007” e rumou para a portaria. Os funcionários estranharam em pleno Rio 40 graus um cidadão de paletó e gravata, com os cabelos tingidos cuja tinta escorria pelo colarinho branco. Pensaram tratar-se de algum fis­cal federal e foram logo abrindo as portas. Ele sabia que o chefe administrava do 12º andar e foi para lá. Por incrível que pareça ninguém brecou o homem. Parecia “autoridade”.

CONSEGUIU CHEGAR
Pegou o elevador e foi falar com o americano que não entendia uma palavra (ou quase) de português. A secretária perguntou em inglês quem ele era, e o nervoso respondeu: “De Ribeirão Preto. São Paulo. Brasil”. Por estas e mais aquelas levaram o vereador para um “teti-a-teti” com o presidente.

GRITOS DE HELP , ETC
Quando o vereador entrou no escritório do chefe, sacou o revól­ver e gritou: “Onde está o meu dinheiro. Quero o meu dinheiro”. O gringo se aproximou da janela e quase pulou daquela altura, quando citou um nome que era o encarregado da distribuição da propina. Ele parou e pensou. Mas o americano estava com um pé em cima da cadeira e uma das mãos no parapeito da janela. Entraram vários seguranças e impediram fato mais sério. Ele, es­baforido, sentou-se em uma cadeira de espaldar alto e se recos­tou. Pediu água com açúcar e entendeu que alguém pegou o seu dinheiro e tinha um nome. Voltou para Juritiquituba e foi procurar o “doleiro” distribuidor. Este, avisado, fugiu para bem longe e não retornou para o local onde acontecia a troca de sistemas de te­lefonia. O vereador precisou ir ao médico pois o seu coração co­meçou a apresentar defeito. Foi a história do “Betão Ronca Ferro Municipal”. Ficou sem o dinheiro e quase sem a vida.

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