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19 de abril de 2024 | 14:43
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Os desafios de estudar ansiedade (4)

Para avaliar a ansiedade, pode-se concebê-la como composta de três subsistemas: um subsistema sub­jetivo, que compõe os registros verbais de ansiedade ou os fenômenos sensoriais e cognitivos da ansiedade emergidos durante disposição real ou situações imaginárias; um subsistema fisiológico, composto de res­postas nervosas autonômicas, incluindo batimentos cardíacos, resposta galvânica da pele, pressão sanguínea e tensão muscular aliadas com secreção de cortisol; e um subsistema comportamental, composto de sinais comportamentais observáveis de ansiedade, tais como, expressões faciais, fugas, reações agressivas, déficits comportamentais ou de desempenho.

Em relação ao subsistema subjetivo, os questionários ou inventários se cons­tituem nos procedimentos mais comuns para avaliar a faceta fenomenológica da ansiedade. Os autoregistros fornecem dados importantes tanto sobre os aspectos subjetivos da ansiedade, como preocupação ou sentimentos de tensão de uma pessoa, bem como, as facetas objetivas dos sintomas da ansiedade, tais como, a freqüência dos sintomas ou os comportamentos ansiosos. Ademais, os autore­gistros de ansiedade também têm se mostrado eficientes em discriminar entre traço de ansiedade (disposição de personalidade duradoura; traço) e estado de ansiedade (experiência imediata de ansiedade; estado).

Em relação às medidas fisiológicas de ansiedade, as técnicas de mensuração permitem mensurar as reações corporais associadas às manifestações de ansieda­de. Vários indicadores têm sido utilizados para registrar as atividades autonômi­cas quando um indivíduo está exposto às situações ameaçadoras. Tais medidas incluem a resposta galvânica da pele, o suor palmar, o volume ou a taxa da respiração, as atividades somáticas (tensão muscular), a pressão sanguínea, o batimento cardíaco e a pulsação ligados ao sistema cardiovascular, a atividade cerebral elétrica (eletroencefalograma) e a específica atividade metabólica cerebral diária, usando as técnicas de ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons. Apesar das aparentes vantagens, os índices fisiológicos sofrem de grandes problemas referentes à sua validade e fidedignidade e, principalmente, à falta de normas que permitiriam comparações entre indivíduos.

Em relação às medidas comportamentais de ansiedade, estas compõem / incluem medidas de comporta­mentos e / ou ações em diferentes situações que podem provocar ansiedades reais ou, mesmo, imagináveis. Em essência, a maneira mais direta de avaliar os comportamentos ansiosos é observar as manifestações comportamentais relevantes de um indivíduo em situações que ameaçam o ego. Exemplos são: o estresse, a distração, a fuga e outros. Neste caso, o estudioso da ansiedade examina comportamentos ansiosos por meio de categorias de obser­vação padronizadas através de câmeras, filmagens e similares. Uma medida agre­gada é avaliar os indicadores de desempenho de um indivíduo em situações que avaliam desempenhos escolásticos de conhecimento, ocupacionais, de funciona­mento cognitivo, processamento de informação, latência de resposta, relembran­ça de eventos ou de solução de problemas e memória a curto e longo prazo que podem, em conjunto, serem prejudicadas enquanto os indivíduos estão ansiosos.

Cada uma dessas técnicas de mensuração possui vantagens genuínas no processo de avaliação da ansiedade, mas também carregam limitações específicas. Muitas me­didas avaliam uma única faceta desse constructo multidimensional, fracassando em avaliar todos os diferentes comportamentos da ansiedade, isto é, as mudanças subjetivas, fisiológicas e comporta­mentais. É desejável encontrar um procedimento que meça todos esses três subsistemas e interseccionar qualquer efeito observado da ansiedade por meio de operações convergentes.

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