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29 de março de 2024 | 4:24
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Palacete Lobato recebe feirinha de gastronomia e artesanato

Depois de passar por uma restauração em 2015, o Palace­te Jorge Lobato reabriu as por­tas para os ribeirão-pretanos em ações pontuais. Agora, os proprietários deste patrimônio da cidade fizeram novas parce­rias e pretendem intensificar as atividades neste espaço tão em­blemático, que guarda muitas histórias. Vindo ao encontro a este desejo, será lançada a “Fei­rinha do Palacete” no final des­te mês de junho.

A proposta é dar vida nova ao ambiente, um novo signifi­cado ao espaço, além de valo­rizar o comércio local. Agora, o palacete será palco de uma feira de produtores da região dos segmentos de artesanato, gastronomia, entre outros. O evento inclui apresentações ar­tísticas, oficinas e ações susten­táveis, além de abrir a garagem para food trucks. A primeira edição do evento será daqui a dois sábados, em 23 de junho, das nove às 20 horas. Depois, deve ser realizada uma vez por mês, nos mesmos moldes da Feria do Irajá.

A programação inclui show ao vivo com Fernanda Marx, oficinas artísticas, ações sus­tentáveis e adoção de cães e gatos sob a supervisão da As­sociação Vida Animal (AVA). Também terá peças de artesa­nato e garimpo, pratos típicos juninos, gastronomia para to­dos os gostos – inclusive com várias opções “veggies” (vege­tarianos) com barraquinhas e food trucks e cerveja artesanal.

O Palacete Jorge Lobato, na Rua Álvares Cabral, 716, esquina com a Florêncio de Abreu, no Centro de Ribeirão Preto, estava fechado desde 1991. Em junho do ano passa­do, porém, durante a 17ª Feira Nacional do Livro, o imóvel foi aberto para visitação. Segundo o atual proprietário, o enge­nheiro civil Hector Somina­mi Lopes, não há previsão de quando o espaço será reaberto. Há uma pendência junto ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribei­rão Preto (Conppac).

A reforma da cozinha é o principal entrave para a aber­tura do casarão ao público. Faltam alguns retoques. O Conppac passou por proble­mas legais em 2017 e o pro­cesso atrasou – ficou um ano e meio praticamente desativado. No local vai funcionar o Café e Restaurante Palacete. A re­vitalização é fruto de parceria com o curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Uni­versitário Moura Lacerda. O nome escolhido por Lopes é uma homenagem a Ribeirão Preto, que já foi a capital mun­dial do café. Construído em 1922 pelo escritório de enge­nharia Geribelli & Quevedo, com projeto arquitetônico ori­ginal de Adhemar de Moraes, o palacete, tombado em 2008 pelo Conppac, preserva alguns móveis originais.

O casarão foi uma das pri­meiras edificações da cidade a romper com o modelo de cômodos interligados – foi o pioneiro na individualização dos espaços íntimos. Até então, todos os cômodos de uma casa da elite cafeeira tinham duas portas, facilitando a vigilância do chefe da família sobre seus integrantes. São 650 metros quadrados de área construí­da com mais de 20 cômodos onde morou o engenheiro civil Jorge Lobato, a esposa Anna Junqueira e os cinco filhos do casal. Os vitrais originais dos anos 1920 são uma atração à parte: nas escadas, em frente à porta principal, há um vitral com a imagem de São Jorge e, na sala de jantar, outro com imagem do Rio de Janeiro.

Na parte externa da casa, além do jardim, há uma construção que os pesqui­sadores acreditam ser uma capela, porões e uma gara­gem com quartos na parte superior onde os empregados da família moravam. O casa­rão, no estilo art déco (estilo artístico de caráter decorativo que surgiu na Europa, princi­palmente na França, na década de 1920), é considerado uma importante fonte para historia­dores que pesquisam as rela­ções familiares, sociais e entre patrões e empregados na pri­meira metade do século 20.

Entre seus 20 cômodos possui salas de música, de vi­sitas, de recepções (de cerca de 50 metros quadrados, com piso de mármore), de jantar e escritório, além de oito vitrais franceses. No entorno da casa principal, além da casa dos em­pregados, há um orquidário e um pomar. O casarão estava fechado desde 1991, quando faleceu o último morador.

 

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