24 C
Ribeirão Preto
29 de março de 2024 | 11:37
Jornal Tribuna Ribeirão
Início » RP acumula déficit de cinco mil vagas
Economia

RP acumula déficit de cinco mil vagas

Uma ampla pesquisa realiza­da pelo Núcleo de Inteligência da Associação Comercial e Indus­trial de Ribeirão Preto (Acirp), coordenado pelo economista Gabriel Couto, mostra que nos últimos dez anos, entre 2007 e 2017, a cidade acumula déficit de 5.217 empregos formais. De acordo com o estudo divulgado nesta quarta-feira, 7 de fevereiro, a geração de postos de trabalho com carteira assinada não acom­panhou o crescimento da popula­ção economicamente ativa – pes­soas com idade entre 20 e 64 anos.

A pesquisa considerou in­formações do Ministério do Trabalho divulgou nesta sexta­-feira, 26 de janeiro, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) –Ministério do Trabalho –, da Fundação Siste­ma Estadual de Análise de Da­dos (Seade), do Instituto Brasi­leiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da própria Acirp.

Segundo a pesquisa, entre 2007 e 2017 Ribeirão Preto re­gistrou superávit na abertura de vagas, com saldo de 65.911 pos­tos. No entanto, 71.128 pessoas ingressaram no mercado de tra­balho, gerando o déficit de 5.217 vagas. O estudo indica também que antes da crise econômica e da recessão (2007-2013) a geração de empregos era mais intensa que o crescimento da população eco­nomicamente ativa.

Neste período, Ribeirão Preto registrou superávit de 73.596 vagas, para 49.752 novos trabalhadores, saldo de 23.844 postos de trabalho. Já na fase pós-recessão (2014-2017), o es­tudo registrou déficit de 7.685 empregos formais, enquanto 21.376 pessoas ingressaram no mercado de trabalho, gerando o saldo negativo de 29.061 va­gas com carteira assinada.

Segundo o Caged, Ribeirão Preto fechou o ano passado com saldo positivo de 915 novas vagas, o melhor resultado desde 2014, quando a cidade registrou supe­rávit de 1.583 carteiras assinadas – fruto de 127.654 demissões e 126.071 admissões. No entanto, o balanço de dezembro foi nega­tivo, com déficit de 926 empregos formais, uma tendência nada ani­madora para 2018.

Em 2017, os principais setores da economia ribeirão-pretana – comércio, serviços, construção civil, indústria e mais timidamen­te a agropecuária –conseguiram cobrir o rombo de 3.860 postos de trabalho fechados no ano an­terior, com a geração de 4.775 novas vagas, alta de 123,7%. A ci­dade terminou 2016 com 88.485 contratações e 92.345 dispensas. No ano passado foram 86.647 ad­missões e 85.723 demissões.

Apesar de negativo, o saldo de 2016 ficou 59,46% acima do re­gistrado em 2015, quando Ribei­rão Preto fechou com resultado negativo de 6.323 vagas – os prin­cipais setores da economia local admitiram 98.572 trabalhadores e demitiram 104.895.

Nos últimos 15 anos, desde 2003, o melhor resultado re­gistrado pela economia de Ri­beirão Preto ocorreu em 2010, quando os principais setores contrataram 109.136 pessoas e dispensaram 94.784, superávit de 14.352. Depois vem o ano de 2011, com 118.529 empregos formais criados e 105.845 ex­tintos, saldo de 12.864.

Apesar do déficit, o resultado de dezembro foi o melhor para o mês em dez anos – em 2007, Ribeirão Preto fechou o período das festas natalinas com rombo de 133 empregos formais. Nos últimos 15 anos, nem Papai Noel ajudou e todos os balanços de de­zembro ficaram no “vermelho”.

Segundo o estudo do Núcleo de Inteligência da Acirp, com dados da Rais mais o resultado do Caged de 2017, Ribeirão Pre­to fechou o ano passado com 223.736 carteiras assinadas, con­tra 222.821 de 2016, aumento pí­fio Ed 0,41% – exatamente 915 a mais, o saldo do Caged. Na com­paração com as 163.226 de 2017, a alta foi de 37%, com aporte de 60.510 – média anual de 5.500 documentos emitidos.

No ano passado, Ribeirão Preto tinha 368.829 pessoas na faixa etária da população econo­micamente ativa, 1,18% acima das 364.508 de 2016, acréscimo de 4.321 trabalhadores – já a ge­ração de postos registrou déficit de 3.406 em relação à necessida­de do município. Na compara­ção com 2007, quando a cidade abrigava 305.321 potenciais empregados, o crescimento foi de 20,8%, com aporte de 63.508 candidatos.

“Nossa análise contextuali­za os números mostrando que, nos últimos dez anos, as vagas de emprego não acompanha­ram o crescimento da popu­lação economicamente ativa. A crise econômica também é uma explicação, pois desenca­deou uma destruição de em­pregos muito grande”, explica Gabriel Couto.

Para Antônio Vicente Gol­feto, diretor do Instituto de Eco­nomia Maurílio Biagi da Acirp, os dados também indicam que grande parte da população está se encaminhando para o empre­endedorismo ou para a informa­lidade. “O desemprego dispara o gatilho do empreendedorismo. Quando o empregado é um em­preendedor, a economia ganha impulso. Mas quando o desem­pregado não é empreendedor, acontece um fracasso previsto. Ele não queria criar uma empre­sa. Ele queria ter um emprego”, analisa Golfeto.

E completa: “Ribeirão Preto – e o Brasil como um todo – viveu dois apagões, que foi o que uniu o pico do desenvolvimento e o pico da recessão. Houve apagão de mão de obra no primeiro caso e apagão de emprego no segundo. A melhor política social ainda é uma economia que cria empre­go”, avalia Golfeto.

Mais notícias