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29 de março de 2024 | 8:27
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SANEAMENTO BÁSICO – Desperdício passa de 61% em Ribeirão

Ribeirão Preto galgou um de­grau no “Ranking de Saneamento Básico das 100 Maiores Cidades 2018”. Passou do 22º lugar em 2015 para o 21º em 2016 – em 2014 era o oitavo. A nota total – com avaliação que abrange abas­tecimento de água e tratamento de esgoto, rede instalada, desperdício, arrecadação, investimento e ou­tros tópicos relacionados ao tema e que pode ser de no máximo 10 – teve leve alta, de 7,97 para 7,99. Em 2014 era de 8,74.

O resultado de 2016 divulga­do nesta quarta-feira, 18 de abril, pelo Instituto Trata Brasil (ITB), é o segundo pior desde 2013, quando Ribeirão Preto ocupa­va a 15ª colocação – foi 10ª em 2012, nona em 2011 e 13ª em 2010. O levantamento tem por base dados de 2016 do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS).

O estudo indica ainda que houve mais perdas tanto na distri­buição quanto no faturamento do Departamento de Água e Esgotos (Daerp). A pesquisa do ITB mos­tra um dado preocupante e pode confirmar as suspeitas do Grupo de Atuação Especial de Repres­são ao Crime Organizado (Ga­eco) e da Polícia Federal, que formam a força-tarefa da Ope­ração Sevandija: os números do desperdício eram “maquiados” pela autarquia, comandada por Marco Antônio dos Santos – está preso há mais de um ano em Tremembé e sempre negou qual­quer tipo de fraude ou crime.

De acordo com o estudo, a perda de água na distribuição, causada principalmente por vaza­mentos nas tubulações, que havia saltado de 15,89% em 2014 para 23,06% no ano subsequente, di­ferença de 7,17 ponto percentual (pp), chegou a 61,48% no último ano da gestão Dárcy Vera (então no PSD de Santos, hoje sem par­tido), intervalo de 38,42 pp.

Já as perdas no faturamento – resultado de ligações clandes­tinas e erros de medição –, que haviam crescido de 33,23% para 44,7% entre 2014 e 105, um hiato de 11,47 pp, agora está em 66,82%, ou 16,78 pp acima. A cidade tirou nota zero nos dois quesitos em uma pontuação máxima de 0,5. O Daerp informou ao Tribuna que vai analisar as informações nesta quinta-feira (19), já que os dados estão sob investigação.

O levantamento também con­sidera a população da época, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2014, a cidade tinha 658.059 habitantes, contra 666.323 do ano posterior. Em 2016, era de 674.405. Segundo o estudo, em 2016 o Da­erp investiu apenas 12,08% do que arrecadou e tirou nota 0,26 – a pontuação máxima é 1.

Em compensação, Ribeirão Preto obteve as notas máximas de 0,50 em atendimento to­tal (chega a 99,4%, mas era de 99,72% em 2015) e urbano de água (atingiu 99,7% em 2016, contra 100% do ano anterior) e de 1,25 para o esgoto (98% do total e 98,28% da área urbana).

A mesma situação ocorre com o indicador de esgoto tratado por água consumida, que era 73,39% em 2015 e chegou a 89,23% no ano posterior – a nota subiu de 2,29 para chegar ao teto de 2,5. O valor da tarifa média cobrada em 2015 era de R$ 2,58 por metro cú­bico, contra R$ 2,23 do ano ante­rior, e em 2016 chegou a R$ 3,19. Na comparação com o período anterior, o aumento foi de 43% – aporte de R$ 0,96.

Lançado desde 2009 pelo Insti­tuto Trata Brasil, o novo “Ranking do Saneamento Básico” é publica­do para chamar atenção dos pre­ocupantes indicadores nas 100 maiores cidades do Brasil. Como destaque, Franca (com nota total de 9,52) tem, pelo quarto ano seguido, os melhores índices. Os dados nacionais mostram que 50,3% da população tem acesso à coleta dos esgotos, mas somente 42% são tratados.

Atualmente, a Ambient – con­cessionária do tratamento de es­goto em Ribeirão Preto – tem oito equipes trabalhando simultane­amente na construção dos 97,2 quilômetros de redes coletoras e emissários para garantir que a ci­dade tenha 100% de esgoto cole­tado e tratado a partir de 2019. A atual etapa está no córrego Vista Alegre, no Jardim Branca Sales, na Zona Oeste, e no final do cór­rego Tanquinho, no Parque dos Lagos, Zona Leste.

As intervenções fazem parte do termo de aditamento ao con­trato de concessão do tratamento de esgoto, aprovado pela Câmara que prevê investimentos da ordem de R$ 137 milhões na construção de 97,2 quilômetros de emissários. As obras tiveram início em abril de 2016 e têm prazo previsto de exe­cução de 33 meses. Ainda de acor­do com o ITB, a primeira coloca­da no ranking é Franca (SP), com 344.704 habitantes e nota total de 9,69 – a gestão é da Sabesp. A tarifa média custa R$ 2,62.

Segundo o Trata Brasil, apenas 45% do esgoto gerado no Brasil passa por tratamento. Isso quer dizer que os outros 55% são des­pejados diretamente na natureza, o que corresponde a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano ou quase seis mil piscinas olímpicas de esgoto por dia. Os números indicam que o saneamento tem avançado no país nos últimos anos, mas pouco. Em 2016, 83,3% da população era abastecida com água potável, o que quer dizer que os outros 16,7%, ou 35 milhões de brasileiros, ainda não tinham aces­so ao serviço. Em 2011, o índice de atendimento era de 82,4%. A evo­lução foi de 0,9 pp.

Quanto à coleta de esgoto, 51,9% da população tinha acesso ao serviço em 2016. Já 48,1%, ou mais de 100 milhões de pessoas, utilizavam medidas alternativas para lidar com os dejetos – seja através de uma fossa, seja jogando o esgoto diretamente em rios. Em 2011, o percentual de atendimen­to era de 48,1% – um avanço de 3,8 pontos percentuais. Apenas 44,9% do esgoto gerado no país era tratado em 2016. Em 2011, o índice era de 37,5% – uma evolu­ção de 7,4 pontos percentuais.

As dez melhores cidades do ranking

1º) Franca (SP, Sabesp) – nota 9,69
2º) Cascavel (PR, Sanepar) – nota 9,28
3º) Uberlândia (MG, DMAE) – nota 9,02
4º) Vitória da Conquista (BA, Embasa) – nota 8,98
5º) Maringá (PR, Sanepar) – nota 8,95
6º) Limeira (SP, BRK) – nota 8,79
7º) São José dos Campos (SP, Sabesp) – nota 8,77
8º) Taubaté (SP, Sabesp) – nota 8,69
9º) São José do Rio Preto (SP, Semae) – nota 8,68
10º) Uberaba (MG, Codau) – nota 8,54
21º) Ribeirão Preto (SP, Daerp) – nota 7,99

Ribeirão Preto
Posição no ranking: 21º
Nota total: 7,99
Desperdício de água: 61,48%
Perdas com “gatos” e “erros”: 66,82%
Notas: zero nos dois tópicos
Investimento: 12,08% do valor arrecadado
Nota: 0,26 – pontuação máxima é 1
Atendimento total de água: 99,4%,
Atendimento urbano de água: 99,7%
Notas: 0,5 (máximas nos dois tópicos)
Atendimento total de esgoto: 98%
Atendimento urbano de esgoto: 98,28%
Notas: 1,25 (máximas nos dois tópicos)
Indicador de esgoto tratado
por água consumida: 89,23%
Nota: 2,5 (máxima)
Valor médio da tarifa: R$ 3,19

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