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19 de abril de 2024 | 8:53
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Sevandija – Justiça acata denúncia contra quatro por lavagem de dinheiro

A Justiça de Ribeirão Pre­to acatou a denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organi­zado (Gaeco), braço do Minis­tério Público Estadual (MPE) responsável pelas investigações da Operação Sevandija, contra quatro pessoas por lavagem de dinheiro. Entre os réus está o ad­vogado Sandro Rovani – preso em Tremembé desde março do ano passado acusado de receber propina da também advogada Maria Zuely Alves Librandi. Os dois foram condenados a 14 anos e oito meses de reclusão, além de 66 dias-multa, na ação dos honorários advocatícios.

Também viraram réus na primeira ação de lavagem de di­nheiro da Sevandija o advogado Marcelo Gir Gomes, Ana Cláu­dia Silveira Neto (filha de Rova­ni) e o empresário Paulo Roberto Nogueira. O novo processo foi ajuizado na 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, que tem como titular o juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, onde tramitam outras três ações penais da Opera­ção Sevandija, força-tarefa do Ga­eco com a Polícia Federal. Para os promotores Leonardo Romanelli, Walter Manoel Alcausa Lopes e Frederico de Camargo, o advo­gado Gir Gomes, Ana Cláudia e Nogueira teriam lavado dinheiro para Rovani.

Ele é investigado em outras duas frentes da Sevandija – que envolvem honorários advocatí­cios e a Companhia de Desenvol­vimento Econômico (Coderp). Há ainda outra ação que investi­ga fraudes no Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Pre­to (Daerp). O MPE estima que o valor total desviado dos cofres públicos supere R$ 245 milhões. Rovani é acusado de operar paga­mentos ilícitos a agentes públicos da cidade, entre eles a ex-prefeita Dárcy Vera – condenada a 18 anos, nove meses e dez dias de prisão –, por meio de um recolhi­mento indevido de honorários à advogada Maria Zuely.

O advogado Julio Mossim, que defende Rovani e a filha dele, Ana Cláudia, diz que seus clien­tes jamais praticaram lavagem de dinheiro, são inocentes e que isso será provado durante o processo. A defesa de Gir Gomes também afirma que ele é inocente e vai pro­var isso à Justiça – foi preso no fi­nal de maio suspeito de “lavar” R$ 1 milhão para Rovani e já está em prisão domiciliar. Seria o “laranja” do suposto esquema montado para desviar dinheiro da ação pe­nal dos honorários advocatícios, segundo o Gaeco. A defesa de Paulo Roberto diz que seu cliente é inocente, foi usado por Sandro Rovani sem saber que estava en­volvido em ato ilícito e que isso será provado nas investigações.

Rovani e Dárcy Vera sempre negaram o envolvimento em cri­mes de corrupção. Deflagrada em 2016, a Operação Sevandija tem hoje três processos penais aceitos pela Justiça. Na nova denúncia, o MPE aponta que os envolvidos teriam articulado um esquema para que valores fossem repassa­dos pela advogada Maria Zuely Librandi a Rovani sem o conheci­mento das autoridades.

As investigações apontam que mesmo após a deflagração da Operação Sevandjia, Gir Go­mes e Rovani teriam continua­do a operar dinheiro da suposta propina paga a agentes públicos em Ribeirão Preto. Segundo o delegado chefe da Polícia Fede­ral, Edson Geraldo de Souza, os documentos apreendidos durante a operação reforçam as suspeitas levantadas.

Batizada de Houdini, uma alusão ao nome do ilusionista Harry Houdini, a operação apon­tou que, em uma demonstração de “ousadia”, os suspeitos usaram estratégias para tentar despistar cheques usados para pagamento de propina, que teriam sido emi­tidos pelo escritório da advogada Maria Zuely Librandi, ré no pro­cesso sobre fraudes em honorários advocatícios pagos pela prefeitura. O esquema causou um prejuízo de R$ 45 milhões aos cofres públi­cos. Os bens dos acusados foram bloqueados. Todos os citados ne­gam a prática de crimes.

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