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17 de abril de 2024 | 21:36
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A educação não é lugar para a ignominia

Como a Secretaria da Educação tem o maior orçamento, desper­ta a criatividade de gente inescrupulosa, que vê em tudo que é públi­co uma oportunidade para sangrar o erário. O critério para escolher o secretário da pasta é sempre subjetivo, pois o que menos importa é a sua capacidade técnica, já que quem vai tomar conta do orçamento é escolhido minunciosamente entre aqueles que têm expertise no tratamento inescrupuloso do dinheiro público.

Os anos de coronelismo impingidos a educação municipal trou­xeram prejuízos incomensuráveis, mas nada acontece por acaso ou aleatoriamente, tudo é questão de oportunidade, como diz o velho ditado: “Criam dificuldades para vender facilidades”. O liberalismo econômico vem tomando conta do País com o intuito de acabar com os serviços públicos – e agora chegou à educação municipal.

O orçamento municipal cresce ano a ano, e isso desperta nos pri­vacionistas a ânsia de abocanhar o orçamento milionário da educação. O xis da questão é o custo aluno/qualidade, pois o gasto com aluno atualmente na rede municipal é uma caixa preta, nem especialista em orçamento público consegue esmiuçar o emaranhado de núme­ros apresentados. Um exemplo cabal é que o Tribunal de Contas do Estado apontou que o município gastou, em 2017 e no ano passado, 22,8 % com a educação, e no primeiro trimestre deste ano proporcio­nalmente ficou abaixo, e o ser prefeito afirmou que vem gastando 29 % com a educação. Será que o tribunal está equivocado?

Depois de um aluno perder o dedo numa escola de educação in­fantil, e outro morrer supostamente eletrocutado nas dependências da escola, e a secretária de plantão lavar as mãos dizendo que tudo estava bem, e que a responsabilidade dos fatos ocorridos eram de diretores e professores, o Ministério Público entrou em ação e exigiu que todas as 109 unidades escolares fossem vistoriadas para saber a verdadeira situação da rede.

Descobriu-se que mais de 70% das escolas estavam sem o alvará do bombeiro, e uma parcela significativa com a rede elétrica deteriorada, com risco iminente de incêndio. Essa vistoria foi feita pelo Ministério Público, o Crea e o Corpo de Bombeiros, mas os resultados, que deveriam ser públicos, não foram compartilhados com a os pais e comunidades, mas depois que a secretária escorou os problemas que eram de sua responsabilidade na gestão das esco­las, as diretoras ficaram alertas.

O resultado da vistoria no Caic Antonio Palocci mostrou que a rede elétrica estava comprometida, e que poderia haver uma tragédia no local, a diretora, e o conselho da escola acertadamente chamaram a comunidade para expor o problema, e diante da gravidade do proble­ma, os pais resolveram não mandar seus filhos para a escola enquanto a reforma da rede elétrica não fosse consumada. E mais uma vez veio o sofisma da secretária de plantão – dizendo que os pais podiam man­dar os seus filhos que estava tudo bem, mas os pais não recuaram, e a Justiça, a pedido do Ministério Público, interditou a unidade escolar para que a as reformas apontadas fossem realizadas.

Os fatos que se sucederam mostraram o caráter dos dirigentes da Rede Municipal. A lei para essa gente é letra morta, quando supos­tamente terminaram o serviço, ao invés de informar ao magistrado a conclusão da obra, simplesmente por conta e risco, liberaram o prédio, para que as aulas fossem retomadas, mas abriram de manhã e ajustiça mandou a polícia fechar à tarde; uma vergonha.

Como miséria pouca é bobagem, depois da liberação descobriu-se que não haviam feito o aterramento das tomadas, ai o jeitinho brasilei­ro entrou em ação. Ao invés de providenciar o aterramento, o aspone de plantão,a toque de caixa mandou trocar as tomadas e os espelhos, ignorando totalmente as normas da ABNT. Uma fraude na cara dura.
A intenção é clara: o desmonte da educação pública municipal.

O Estado já deu a largada!

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