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28 de março de 2024 | 14:39
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A Lua e as estrelas

Tive oportunidade de escrever, neste espaço, a respeito das belezas da noite e recebi várias manifestações dos lei­tores perguntando por que não falei da Lua e das estrelas. Acho que foi a limitação de espaço que me fez calar sobre duas participantes tão importantes de nosso universo no­turno, que povoam nossa admiração e nossos sonhos.

Tenho, em minha casa, pequeno mirante para onde vou, com frequência, nos fins das tardes e começos das noites, a fim de admirar os enormes quadros pintados pelo Sol nas nuvens do horizonte e as primeiras estrelas que começam, tímidas, a surgir no firmamento. Devido às luzes da cidade, somente vemos as mais brilhantes, pois as outras se escondem no clarão que vem da Terra. Somente quem teve a oportunidade de ver o céu numa noite lím­pida e afastada da cidade, pode sentir a nossa pequenez, frente à miríade de pontos luminosos de estrelas, planetas, satélites e corpos celestes.

Sempre me imagino pensando em como o homem pri­mitivo saiu de sua caverna pela vez primeira e descobriu o firmamento, aquela abóboda multi pontilhada por luzi­nhas de intensidade variada! Em como ele paulatinamente descobriu que as estrelas apareciam mais ou menos nos mesmos lugares, girando com o céu. Em como ele come­çou a criar sua postura filosófica, indagando-se sobre sua origem e a do Universo, então um mistério tenebroso.

Até hoje, mesmo com os avanços das ciências e dos telescópios espaciais, o firmamento é um mistério e fonte de criação poética. Perguntamo-nos como pode um pe­queno ponto de um sistema solar, perdido entre bilhões de galáxias, gerar uma civilização tão complexa como a nossa, que, até agora, parece ser única no Universo. Nossa solidão no Espaço, se nos esmaga de estupefação, faz-nos escapar para soluções religiosas e incentiva nossa veia poética.

A Lua sempre se destacou pelo tamanho na noite escura e pela fácil observação de suas fases mutantes. Gerou, com isto, inúmeras lendas e mitos que procuravam mostrar sua origem. Povos primitivos, gregos, romanos e mesmo nossos indígenas foram criativos na sua explicação para o brilhante astro noturno. Diz uma lenda tupi-guarani que uma índia de cor muito branca não era bem vista em sua tribo e era sempre perseguida pelas demais companheiras mais escuras. Numa das noites, cansada, teceu uma escada de cipós, que fixou nas nuvens e por ela subiu até que, can­sada, adormeceu, descobrindo, quando acordou, que tinha se transformado na Lua.

Lua e estrelas são objeto e motivo dos enamorados. Quem nunca manifestou seus sentimentos sob o luar bri­lhante de uma lua cheia ou sob o céu estrelado de uma noite clara? Quem não pensou na pessoa amada, quando retor­nando para casa num dia de trabalho, viu aquela lua enorme, crescendo no horizonte? Quem não criou estórias para ex­plicar a curiosidade do filho ainda pequeno? Lua e estrelas fazem parte de nosso coração. São o nosso coração.

Como dizia Fernando Pessoa: “São velhas as estrelas, e elas são/ Grandes. Velho e pequeno é o coração, / e contém mais do que as estrelas todas / sendo, sem espaço, mais que a imensidão”.

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