Quando e como crianças começam a perceber situações de discriminação ou preconceito étnico-racial? Essa é a questão que uma pesquisa na área da Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) quer descobrir. O estudo, intitulado “Atitudes parentais sobre a percepção de discriminação racial em crianças”, busca fazer um levantamento, via questionário online, junto aos pais de crianças para identificar exatamente as motivações deles para conversar ou não com seus filhos sobre a discriminação étnico-racial.
De acordo com Juliana Almeida Rocha Domingos, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da Universidade e responsável pelo trabalho, apesar de avanços importantes na pesquisa e intervenção para prevenção do preconceito e da discriminação étnico-racial, ainda há poucos estudos na Psicologia brasileira investigando o tema.
“Um dado relevante para se compreender o desenvolvimento dessa percepção diz respeito ao perfil das famílias (de crianças brancas e negras) que conversam sobre essas situações desde cedo e ao conteúdo e forma dessas conversas. Estudos realizados com crianças norte-americanas têm demonstrado que o contexto familiar influencia a habilidade das crianças de reconhecer a discriminação racial direcionada a elas ou a terceiros”, relata a pesquisadora.
Ela considera em sua investigação a maneira encoberta como o racismo opera no Brasil e a escassez de estudos sobre o tema na Psicologia brasileira. “O estudo pretende contribuir para o avanço da pesquisa sobre desenvolvimento sociocognitivo no Brasil, em especial, ao fornecer dados inéditos sobre como e com que frequência pais de crianças brancas e negras conversam com seus filhos sobre discriminação e preconceito racial. Esperamos que esses dados possam embasar intervenções futuras voltadas para a prevenção e enfrentamento do preconceito e da discriminação racial junto a crianças pequenas”.
Como participar
Mães e pais de crianças de 6 a 11 anos irão responder a um questionário composto por 15 perguntas de múltipla escolha – incluindo perguntas sobre o perfil étnico-racial do respondente, de seu cônjuge e dos filhos -, e três perguntas abertas. O questionário está disponível em https://bit.ly/3PSaTBf. É garantido o sigilo de todas as informações e toda a participação é online.
Educação de Ribeirão tem Centro Étnico-Racial
A Secretaria Municipal da Educação de Ribeirão Preto possui um Centro de Referência em Educação para as Relações Étnico-Raciais. O Centro fica na sede da Secretaria, e terá a sua sede própria, que está em construção.
O equipamento tem como objetivo apoiar e contribuir com as ações da rede municipal de ensino no desenvolvimento de práticas de conscientização junto às comunidades escolares em razão da discriminação étnico-racial.
Também é responsável pelas diretrizes curriculares da Educação Municipal nas relações étnico-raciais e do ensino de História e da Cultura afro-brasileira, africana e indígena e das demais etnias que formam a população ribeirão-pretana.
O Centro de Referência em Educação para as relações étnico-raciais é responsável por garantir o efetivo cumprimento do referencial curricular municipal, em todas as etapas e modalidades de ensino, nas questões referentes às relações étnico-raciais e do ensino de História e das Culturas afro-brasileira, africanas, indígenas e das demais etnias que compõem a população ribeirão-pretana.
Também têm como meta colaborar com a adequação dos Projetos Políticos Pedagógicos das unidades escolares, garantir a formação continuada de docentes, gestores, equipes técnicas e demais profissionais da rede municipal de ensino, em conformidade com as diretrizes curriculares nacionais para a educação ligadas ao tema. Cabe ainda a elaboração de ações pedagógicas visando o combate às desigualdades raciais com a finalidade de combater o racismo, preconceito e discriminação racial nos meios de comunicação e na rede municipal de ensino.
A Rede Municipal de Educação tem 136 unidades escolares de Educação Infantil e de Ensino Fundamental e 47 mil estudantes matriculados. A pasta contudo, não soube informar quantos alunos são negros ou afrodescendentes.