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28 de março de 2024 | 13:54
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A serviço da solidariedade

Levantamento divulgado pelo Instituto para o Desen­volvimento Social (IDIS), uma organização reconhecida inter­nacionalmente e que atua no engajamento pessoas, empre­sas e comunidades para ações sociais, revela que o Brasil caiu 47 posições no ranking mun­dial da solidariedade.

De um total de 146 países pesquisados, o Brasil ocupa 122ª posição, enquanto em 2017 esta­va em 75ª no ranking. O levanta­mento foi realizado com mais de 150 mil entrevistados e resultou em um relatório com o total de pessoas que doaram dinheiro, ajudaram um desconhecido ou foram voluntários no mês ante­rior à pesquisa. Tanto no Brasil como em outros países o item que teve maior queda foi a doa­ção de dinheiro, que tem dimi­nuído desde 2015.

Entretanto, quando se ana­lisa o número de pessoas que, em vez de dinheiro, doam par­te do seu tempo como volun­tário, o Brasil se encontra na 7ª posição, com 21 milhões de voluntários. Além disso, 68 mi­lhões de brasileiros declararam ter ajudado pelo menos um desconhecido ao longo do mês anterior à pesquisa, colocando o país na 6ª posição.

Em Ribeirão Preto encon­trar pessoas que no anonimato dedicam seu tempo para levar solidariedade para quem mui­tas vezes precisa apenas de um gesto de carinho não é algo complicado. Por aqui, diaria­mente, centenas de pessoas fa­zem isso sem esperar reconhe­cimento público.

É o caso de Sonia Maria Baltazar Rodrigues, de 63 anos. Especialista em pintura em tecido há vinte e três anos ela doa as manhãs de sexta-feira para ensinar sua arte para os internos do Lar Padre Euclides, localizado no bairro Campos Elíseos. Casada e mãe de dois filhos – já adultos – conta que o trabalho começou por causa de uma freira, do Lar Padre Eucli­des, que fazia aula de artesana­to no curso que Sonia mantém na casa onde mora.

Ao ouvir a religiosa falar so­bre a entidade e a necessidade de mais voluntários para ajudar, ela decidiu se engajar. O trabalho começou como uma ativida­de terapêutica para os internos cresceu e acabou se transfor­mando também em mais uma fonte de renda para a entidade. Até uma lojinha de artesanato foi montada no local.

Segundo Sonia, os internos se transformaram em sua se­gunda família e ela se sente re­alizada em poder passar a eles um pouco do dom que Deus lhe deu. “Agradeço a Ele todos os dias e não conseguiria mais parar de ajudar”, conta. Ela tam­bém coordena o setor de costura do Lar Padre Euclides.

Vale lembrar que na contra­mão dos voluntários que ajudam a entidade, na sexta-feira, 7 de junho, um ladrão furtou aproxi­madamente R$ 12 mil das irmãs Filhas de Santa Tereza de Jesus, que prestam serviços no Lar Pa­dre Euclides há quase 50 anos. O dinheiro foi conseguido com as vendas do bazar administrado por elas e da arrecadação que fizeram para confeccionar ma­teriais da campanha do Cente­nário da entidade. O Lar Padre Euclides é o asilo mais antigo de Ribeirão. Com 98 anos de histó­ria, atende 52 idosos e depende de doações para se manter.

Treinando voluntários
Em Ribeirão Preto quem deseja doar parte do seu tempo para o voluntariado e não sabe como fazê-lo pode procurar o Centro do Voluntariado de Ri­beirão Preto e se integrar em um dos vários projetos que a entidade desenvolve.

Presidente do Centro há dois mandatos, Maria Beatriz Ferrei­ra de Oliveira explica que até o começo dos anos 2000, a entida­de apenas capacitava voluntários para atuarem de forma indepen­dente. Mas depois de conhece­rem a Organização Social “Viva e Deixe Viver de São Paulo” decidiram que podiam ir além. Após treinamentos e muita for­ça de vontade implantaram o projeto Contadores de História.

O projeto piloto começou há 14 anos no Hospital Santa Lydia – na época privado – e consiste na visitas de voluntá­rios para contar histórias infan­tis para as crianças internadas. Com o sucesso da atividade, os contadores foram convidados a levar este trabalho para a Santa Casa de Misericórdia, para a Casa de Apoio à Criança com Câncer – GACC no campus da USP, para o Hospital Sinhá Junqueira e para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Desde sua implantação o projeto formou mais de dez tur­mas de contadores com cerca de 380 voluntários capacitados. Graças a este engajamento, em 2015 foi lançado o livro “Histó­ria: um remédio que não dói”. A obra contém relatos dos volun­tários contadores de histórias, da equipe hospitalar, de pais e pacientes atendidos. Atualmen­te cerca de sessenta voluntários participam das visitas.

Outra atividade desenvol­vida pelo Centro do Volunta­riado é o projeto “Ouvir” vol­tado para as pessoas idosas. Por meio dele voluntários visitam os Lares de Idosos para em vez de falar, ouvir o que eles têm para contar. “Muitos idosos não querem alguém para falar para eles, mas sim para simples­mente ouvi-los”, conta Maria Beatriz. Atualmente 40 pessoas participam do projeto.

Já o Programa Humaniza­Dor criado há um ano e feito em parceria com a Unidade de Emergência do Hospital das Clí­nicas visa dar apoio às famílias de pacientes quando da interna­ção inesperada de um ente.

A parceria surgiu com o objetivo de dar atendimento aos familiares que fosse além do mecanizado e tecnológico, já que neste momento eles pre­cisam de alguém que além de oferecer informações, também os acolha e forneça uma pala­vra de conforto.

 

O projeto HumanizaDor segue a Política Nacional de Hu­manização (PNH) da saúde que tem como meta o acolhimento humanizado. “Humanizar vai além de chamar pelo nome, é um olhar de carinho, uma ati­tude solidária, um sorriso, um ombro”, completa a presidente do Centro do Voluntariado de Ribeirão Preto, Maria Beatriz Ferreira de Oliveira. Atualmen­te o programa tem 45 voluntá­rios e também é realizado no Hospital Sinhá Junqueira. Todos os voluntários passam por trei­namento que inclui orientações multidisciplinar de profissionais que trabalham nos hospitais.

Associação leva esporte aos portadores de Down
No começo do ano três amigos – Demétrius Nogueira, Mateus No­gueira e Luciane Faria – que já trabalhavam com portadores de Síndrome de Down e de Deficiência Intelectual na Escola Egydio Pedreschi, decidi­ram expandir o trabalho esportivo que realizavam para fora do muro da escola. Para isso criaram a Associação Sem Fronteiras, uma entidade que oferece a prática de futebol de salão para este público.

As aulas acontecem aos sábados numa quadra localizada na Rua Arnaldo Vitaliano, 830, no Jardim Palma Travassos e tem atraído muitos participantes. Atualmente participam do projeto 32 atletas com idades entre os 15 e 42 anos.

Os responsáveis pelo treinamento são Mateus e Demétrius. Este último faz parte da comissão técnica da seleção brasileira de Futsal Dawl, campeã do mundial realizado este mês em Ribeirão Preto.

Além da integração o projeto tem como meta formar equipes – masculina e feminina – competitivas e capazes de fazer bonito na quadra. Para Luciane Faria a entidade está trabalhando bastante e as equipes têm tudo para ser referência nacional. “No caso das meninas em breve deveremos apresentar essa novidade no esporte adaptado”, explica.

A Associação Sem Fronteiras tem um patrocinador de São Paulo, mais ainda precisa de outros colaboradores para materiais esporti­vos, uniformes, custeio de lanche e transporte de atletas.

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