18 C
Ribeirão Preto
20 de abril de 2024 | 6:31
Jornal Tribuna Ribeirão
GOOGLE MAPS
Início » Ação do MPF cobra saneamento em RP
Política

Ação do MPF cobra saneamento em RP

O Ministério Público Fede­ral (MPF) ingressou com ação civil pública contra a União, o Instituto Nacional de Coloni­zação e Reforma Agrária (In­cra), a prefeitura de Ribeirão Preto e o Departamento de Água e Esgotos (Daerp) para que providenciem infraestru­tura de saneamento básico no assentamento rural conhecido como PDS da Barra.

A área de 1.790 hectares, an­tes ocupada pela antiga Fazenda da Barra, foi declarada de in­teresse social por ato da Presi­dência da República em 2004.

Os problemas de sanea­mento foram reportados pela primeira vez em 2015, quando uma vistoria da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) constatou que as unidades habitacionais do assentamento estavam despe­jando esgoto sem tratamento diretamente no solo.

Além de colocar em risco a saúde das famílias do local, essa prática pode contaminar o Aquífero Guarani, responsá­vel pelo abastecimento de toda a cidade e considerado um dos maiores reservatórios de água doce subterrânea do planeta, estendendo-se pelo Brasil, Ar­gentina, Paraguai e Uruguai.

Em um primeiro momen­to, a denúncia foi encaminha­da ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), levando a uma discussão sobre a atribuição do caso – se estadual ou federal. Esse trâmite se estendeu até ja­neiro de 2019, quando o proce­dimento foi atribuído ao MPF.

Desde então, foram feitas várias tentativas de solucionar o problema extrajudicialmente, que incluíram informações de­sencontradas e relatos conflitan­tes de representantes do PDS da Barra e de autoridades federais.

O MPF diz que “diante de aparente negligência dos ór­gãos envolvidos, foi realizada uma última tentativa para pro­mover a atuação conjunta”.

A reunião contou com a presença da procuradora da República Sabrina Menegário, promotores de Justiça que atu­am nas áreas de meio ambiente e de habitação, representantes do Incra e da prefeitura. Foi acordado que a administração de Ribeirão Preto e o Incra re­alizariam reunião técnica para tratar as questões pendentes so­bre o assentamento, com envio de relatório posterior ao MPF. Segundo a ação, porém, a Se­cretaria Municipal de Infraes­trutura negou-se a intervir.

Ao invés de formalizar o projeto e a execução de servi­ços relativos aos sistemas de água e esgoto no PDS Fazenda da Barra, informou que “não há como planejar qualquer política pública naquele ambiente (PDS da Barra), e que a área – embora localizada no nosso município [Ribeirão Preto] – é de domínio federal”. De acordo com a pro­curadora, “o Incra e o município de Ribeirão Preto demonstra­ram manifesta omissão no exer­cício de suas atribuições”.

A suposta impossibilidade técnica de levar a rede de abas­tecimento de água até o PDS da Barra porque o ponto mais próximo está a 20 quilômetros não é justificativa. O Daerp mantém uma rede de distri­buição de 2.350 quilômetros e uma de esgoto de 1.990 quilô­metros de extensão.

“Será que a distância de 20 quilômetros entre pontos na rede de abastecimento im­pediria o Daerp e a prefeitura de Ribeirão Preto de levarem água e saneamento básico aos cidadãos moradores da Zona Sul (área nobre) da cidade?”, questiona a procuradora.

Diante do impasse, a ACP pede ao juízo que determine, em caráter de urgência, que a prefeitura de Ribeirão Preto e o Daerp cadastrem, em até 30 dias, proposta com projeto de execução de saneamento bási­co, que inclua sistema de abas­tecimento de água, drenagem de águas pluviais, limpeza ur­bana e esgoto no PDS da Barra.

Ao Incra, caberá analisar a resposta em até 15 dias após seu cadastramento e à União, liberação e destinação da verba necessária para as obras. Além disso, deverá ser firmado con­vênio entre esses entes públicos para execução do projeto. A im­plementação deve ser concluída no prazo máximo de dez meses após a efetivação do convênio.

Em paralelo ao acompa­nhamento dessa ação, que corre na 2ª Vara Federal de Ri­beirão Preto, o MPF instaurou procedimento para averiguar ato de improbidade adminis­trativa dos agentes públicos envolvidos. Por meio de sua assessoria de imprensa, a pre­feitura informa que ainda não foi notificada.

Mais notícias