A prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, realizou um grande arrastão no último sábado, 14 de maio, nos bairros Jardim Maria das Graças, Jardim Progresso e parte do Parque Ribeirão Preto, na região Oeste. Durante a ação, foram retirados 3.050 quilos de recipientes que acumulam água e recolhidos 100 pneus.
Os trabalhos aconteceram durante todo o período da manhã, com a participação de 110 funcionários da prefeitura, 13 viaturas oficiais e seis caminhões cedidos por empresas particulares. Eles fizeram seis viagens com potenciais criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue – e também do zika vírus e das febres chikungunya e amarela na área urbana.
Ao todo, foram visitados 4.507 imóveis e 48 focos do vetor acabaram detectados pelas equipes. Durante cerca de seis horas, os agentes da Secretaria Municipal da Saúde percorreram as ruas dos bairros da região Oeste, recolhendo materiais como máquinas de lavar roupas, garrafas, potes, piscinas de plástico, dentre outros que poderiam ser criadouros do mosquito.
O trabalho é realizado pela Secretaria Municipal da Saúde com o objetivo de eliminar locais que possam servir de criadouro para o Aedes aegypti. No dia 7, o arrastão ocorreu no Jardim Marchesi, também na Zona Oeste de Ribeirão Preto. Foram visitados mais de quatro mil imóveis pelas equipes de campo, com 50 focos de larvas do Aedes aegypti encontrados e eliminados.
Materiais inservíveis como latas, garrafas plásticas, carcaças de eletrodomésticos e ainda mais de 300 pneus, totalizando 4.209 toneladas, foram recolhidos. Todos esses materiais encontravam-se jogados a céu aberto, nos quintais das residências e terrenos baldios. No primeiro quadrimestre deste ano, os agentes encontraram criadouros do Aedes aegypti em 10% dos imóveis visitados.
Segundo a diretora da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde, Maria Lúcia Biagini, a cada bairro visitado, os agentes têm encontrado de 300 a 500 focos do Aedes aegypti. Cerca de 170 mil imóveis foram visitados de janeiro a abril de 2022, e em 17 mil foram encontrados criadouros do mosquito.


“Todo bairro que a gente visita a gente encontra 300, 400, 500 focos. É um absurdo. Significa que nós vamos ficar doentes, a população vai ficar doente e podemos evoluir para dengue grave”, emenda. Segundo a secretaria, cerca de 30 toneladas de materiais que podem servir de criadouros para o mosquito foram retiradas das casas durante arrastões de limpeza somente neste ano.
A prefeitura também recolheu cerca de mil pneus abandonados em terrenos baldios. O número de casos de dengue no primeiro quadrimestre de 2022, em Ribeirão Preto, é quatro vezes superior ao total de 2021 inteiro. Entre 1º de janeiro e 30 de abril, a cidade contabiliza 1.602 vítimas do mosquito Aedes aegypti, contra 359 de todo o ano passado. São 1.243 a mais e alta de 346,2%.
A média de infecções chega a 13 pacientes por dia na cidade. Em abril, esta taxa era de quase 20. Segundo os dados divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde, Ribeirão Preto começou 2022 com 52 casos em janeiro, em fevereiro este número saltou para 193, em março disparou para 761 e em abril chegou a 596, queda de 21,7% na comparação com o mês anterior, 165 a menos.
Mas é 527,4% superior do que as 95 ocorrências de março de 2021. São 501 a mais. Na comparação entre os quadrimestres, a alta em Ribeirão Preto chega a 666,5%. São 1.393 vítimas do Aedes aegypti a mais que as 209 do mesmo período do ano passado. Em relação aos quatro meses anteriores – setembro, outubro, novembro e dezembro –, quando foram constatados 30 infecções, o crescimento é de 5.240%. São 1.572 a mais.
O aumento de casos da doença acende o sinal de alerta na cidade. O trabalho das equipes da Divisão de Vigilância Ambiental é desenvolvido durante o ano todo, mas é fundamental a conscientização e ajuda da população no combate à proliferação do mosquito que transmite a dengue.
O Índice Predial (IP) da dengue em Ribeirão Preto era de 4,4 no primeiro trimestre do ano – a cada 100 imóveis vistoriados pelos agentes de controle de vetores, mais de quatro têm focos do mosquito Aedes aegypti, ou 4,4%. O levantamento do índice larvário foi elaborado pela Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde.
O Índice de Breteau (IB) indica que há seis focos do mosquito da dengue em cada um dos locais com criadouros. Oitenta por cento dos focos de dengue estão em imóveis residenciais, por isso, a conscientização da população é fundamental. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga mais 5.834 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames.
Não há mortes por dengue neste ano na cidade, assim como ocorreu em 2021. Em 2020, ocorreram onze óbitos, mas um caso era importado de São Simão. No total oficial, Ribeirão Preto fechou 2020 com dez ocorrências fatais, sete a mais do que os três falecimentos de 2019, alta de 233,3%.
O número de dez mortos pelo Aedes aegypti é o maior em pelo menos seis anos (desde 2016). Antes de 2019, a cidade não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus.
No ano passado, a Zona Leste liderou com 165 ocorrências. Depois aparecem as regiões Oeste (63), Norte (51), Sul (46) e Central (34). Em 2022 são 578 na Zona Leste, 463 na Norte, 265 na Central, 152 na Oeste e 126 na Sul, além de 18 registros sem identificação de distrito.