18 de abril de 2024 | 23:19
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Ano novo, dietas e hábitos saudáveis. Por que a maioria desiste?

Todo começo de ano a história se repete: milhares de pessoas se comprometem a realizar mudanças que consi­deram importantes no estilo de vida. Algumas dessas mu­danças são o emagrecimento e a prática de uma alimenta­ção mais saudável. Dietas são iniciadas e nem sempre são finalizadas, algumas feitas, segundo especialistas, de ma­neira equivocada.

“As pessoas adotam dietas malucas para tentar compen­sar os exageros de final de ano. Porém, na maioria dos casos, estas dietas são reali­zadas sem nenhum acompa­nhamento profissional e por conta disto alguns erros são cometidos, impedindo assim a realização do objetivo prin­cipal que é o emagrecimento”, destaca a nutricionista Mile­na Barbon.

Milhares de pessoas se comprometem a realizar mudanças que consideram importantes no estilo de vida

A nutricionista Gabrie­la Negrisolo diz que alguns dos erros frequentes são ter objetivos de grande perda de peso em um curto prazo, res­trições desnecessárias, prin­cipalmente de carboidratos, e não valorizar as pequenas conquistas durante o proces­so. “Muitas vezes o foco ape­nas no resultado final atrapa­lha e acaba desmotivando as pessoas. O importante é valo­rizar cada etapa do processo e entender que emagrecer demanda foco, disciplina e que não acontece do dia para noite”, diz.

A nutricionista Milene Barbon destaca a necessidade de acompanhamento profissional: de nada adianta jejum por várias horas e depois alimentar-se de forma incorreta, com alimentos cheios de calorias e sem valor nutricional

Barbon ressalta que re­duzir demais a ingestão de calorias é um erro clássico. “Nosso corpo ficou acostu­mado a comer bastante nes­tes dias que passaram, Na­tal, Ano Novo, férias, e uma alteração tão brusca assim não será sustentável a longo prazo. O ideal é ir aos pou­cos diminuindo os excessos que estava ingerindo e adap­tando-se à um estilo de vida mais saudável”.

Dietas restritivas, jejum intermitente
Pela internet e redes so­ciais muitas pessoas postam e dizem que vão emagrecer com dietas restritivas ou je­jum intermitente. Milene Barbon aponta ser um erro tais práticas sem o acompa­nhamento profissional. “Mais importante do que o jejum é o que comemos nos momen­tos fora da restrição. De nada adianta jejum por várias ho­ras e depois alimentar-se de forma incorreta, com alimen­tos cheios de calorias e sem valor nutricional”.

Negrisolo explica que as dietas restritivas afetam o metabolismo e levam à defi­ciência de nutrientes impor­tantes para o nosso organis­mo. “Quando fazemos dietas muito restritivas, ou seja, com poucas calorias, o nosso metabolismo fica mais len­to porque o corpo entende que não estamos fornecendo energia suficiente, o que leva a uma economia de energia. Por essa razão ocorre o cha­mado efeito sanfona, quan­do voltamos a comer o que comíamos antes acabamos engordando”.

“No meu ponto de vista, a reeducação alimentar é mui­to mais eficiente até porque é necessário que o organismo esteja nutrido para que ocor­ra a perda de peso. O corpo precisa de nutrientes para produzir energia e queimar gordura”, ressalta Negrisolo.

A nutricionista aponta três fatores importantes na perda de peso: paciência, persistência e constância.

Segundo a especialista, as pessoas acabam desistin­do das dietas antes do resul­tado aparecer. “É um pro­cesso que leva tempo, mas uma vez adquirido o hábito de uma rotina de vida sau­dável com alimentação e atividade física, os resulta­dos aparecem”, finaliza.

10 mandamentos
Bruna Pavão, consultora nutricional da marca Cuida Bem diz que a falta de hábito do brasileiro em consumir frutas, verduras e legumes na quantidade adequada é um entrave. “Segundo dados do IBGE, menos de 10% da população ingere o que é recomendado desses alimentos, essenciais para fornecer nutrientes importantes ao nosso corpo”.

Outra confusão que tende a acontecer é julgar que a adoção de dietas leva naturalmente a uma alimentação saudável. Para comer bem, no entanto, é preciso adequar a refeição para cada ocasião de consumo, aumentando a frequência da ingestão de frutas, hortaliças, oleaginosas, cereais, gorduras boas (como o azeite e o óleo de coco), leguminosas (ervilha e variedades de feijão, por exemplo), leite e os seus derivados, tudo de forma balanceada.

Sem abrir mão – Alimentar-se bem não significa abrir mão de certos prazeres, muitas vezes ligados à vida social da população, garante Bruna. “Para quem gosta de algumas guloseimas, mas pretende começar a comer de forma mais saudável em 2020, a dica de ouro é sair da rotina de vez em quando, seja em um jantar especial no final de semana ou em uma saída com os amigos. Escolha alguns momentos para isso, desde que se lembre de comer e beber com moderação. O importante é não se restringir em excesso, para não correr o risco de no futuro perder o controle e voltar a desejar hábitos diferentes para o ano seguinte”.

De acordo com a especialista, é possível mudar a relação com a comida e manter uma vida mais saudável seguindo 10 mandamen­tos:

1- Tenha cinco cores diferentes no prato: quanto mais colorido, mais saudável será;
2- Experimente novos alimentos: escolha um dia da semana para sempre conhecer novos sabores e até novas texturas de alimentos que você não aprecia;
3- Beba água regularmente, aos menos 1 litro pela manhã e mais 1 litro na parte da tarde. Uma dica é sempre ter uma garrafa à disposi­ção, em casa ou no trabalho;
4- Coma devagar e preste atenção à mastigação. Quanto melhor mastigarmos os alimentos, melhor é a digestão e absorção dos nutrientes;
5- Consuma de duas a três porções de frutas por dia. Se não estiver habituado, acrescente pelo menos uma porção diária. Vá aumen­tando essa quantia aos poucos. Com o tempo, o seu corpo vai se acostumar e pedir mais;
6- Evite doces industrializados e excesso de açúcar refinado. Substitua por tâmaras, castanhas, damascos e chocolate amargo. Atualmente, é possível encontrar opções práticas e saudáveis, como as barrinhas de nuts;
7- De preferência, coma sentado à mesa. Fazer as refeições no sofá, na cama ou no carro leva a distrações e atrapalha a mastigação correta;
8- As distrações também podem nos fazer comer mais. Por isso, nada de assistir televisão, trabalhar ou brincar no celular enquanto se alimenta. É essencial prestarmos atenção àquilo que estamos oferecendo ao nosso corpo;
9- Seja o exemplo para o seu filho! Siga todos os mandamentos para que eles possam ter estímulos para colocá-los em prática;
10- Faça atividades físicas regularmente, preferencialmente com o acompanhamento de um profissional no assunto.

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