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20 de abril de 2024 | 9:05
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Política

Bolsonaro critica a eleição na Argentina

A Argentina foi às urnas no último domingo, 27 de outubro, e elegeu Alberto Fer­nández presidente e Cristina Kirchner vice. Os dois formam parte da coalizão de esquerda Frente de Todos. Eles receberam mais de 48% dos votos, enquan­to que o atual mandatário do país, Mauricio Macri, obteve pouco mais de 40. Na Argenti­na, para vencer as eleições em primeiro turno, é necessário ob­ter 45% dos votos ou 40% e dez pontos de vantagem em relação ao segundo colocado.

Após o mandato de um político de centro-direita, os argentinos optaram por voltar ao kirchnerismo, que gover­nou o país por mais de uma década, de 2003 a 2015. Macri, que assumiu em 2015, deixa um país com uma grave crise econômica e social, com infla­ção este ano prevista para 55% (pior apenas do que Venezuela e Zimbábue), 30% das pessoas vivendo na pobreza e os sem­-teto representando quase 10% da população. Entre 2003 e 2007, o presidente era Néstor Kirchner, marido de Cristina Kirchner, falecido em 2010. Entre 2007 e 2015, quem go­vernou foi a própria Cristina.

Atualmente, ela é senadora e se licenciará do cargo para assu­mir a vice-presidência. Há diver­sos processos contra ela na Justi­ça, por delitos como corrupção e lavagem de dinheiro. O novo go­verno assume em 10 de dezem­bro. O mandato presidencial é de quatro anos e é permitida apenas uma reeleição. Tanto Al­berto Fernández quanto Mauri­cio Macri, em seus discursos na noite de anteontem (27), afirma­ram estar preocupados com os argentinos e disseram que farão o melhor nesse período de tran­sição de governo.

O presidente Jair Bolsonaro criticou a eleição do peronista Alberto Fernández e da ex-pre­sidente Cristina Kirchner. “La­mento. Não tenho bola de cris­tal, mas acho que a Argentina escolheu mal”, disse Bolsonaro na saída do hotel Emirates Pa­lace, em Abu Dabi, nesta segun­da-feira (28). O próximo destino do presidente no périplo que faz pela Ásia e pelo Oriente Médio é Doha, no Catar.

Bolsonaro demonstrou incô­modo com uma imagem publi­cada no domingo, por Fernán­dez em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvia, preso desde o ano passado no âmbito da Operação Lava Jato. “O pri­meiro ato do Fernández foi Lula livre, dizendo que está preso in­justamente. Já disse a que veio”, afirmou o presidente.

Bolsonaro deixou claro que não pretende parabenizar o pre­sidente eleito da Argentina pela vitória, mas ponderou que não vai “se indispor” com o país vizi­nho em um primeiro momento. “Vamos esperar o tempo para ver qual é a real posição dele na política. Porque ele vai assumir, vai tomar pé do que está aconte­cendo e vamos ver qual linha ele vai adotar.”

Nos últimos dias, Bol­sonaro deu declarações em diferentes tons sobre a imi­nente vitória de Fernández, desde suspender a Argentina do Mercosul até intensificar as relações comerciais com o país. Nesta segunda, disse que “por enquanto continua tudo bem com o Mercosul”.

Bolsonaro também voltou a dizer que poderia pedir a suspen­são da Argentina do bloco conti­nental. “Se interferir (no acordo Mercosul-União Europeia), se­gundo o Paulo Guedes, a gente junta com o Paraguai, não sei o que vai acontecer na eleição do Uruguai, e pode ver se Argentina fere alguma cláusula para suspen­dê-la. Mas a gente espera que isso não seja necessário”, disse.

“Ele (Fernández) disse há algum tempo que sairia do Mer­cosul, quando esteve visitando o Lula em Curitiba, e vamos espe­rar agora o banho de realidade que ele vai ter”, disse. “Não está indo bem a Argentina, já ouvi falar que muita gente vai tirar dinheiro de lá”, declarou.

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