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19 de abril de 2024 | 2:47
Jornal Tribuna Ribeirão
MARCELO CAMARGO/AG.BR.
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Política

Bolsonaro sofre duas derrotas em 24 horas

O presidente Jair Bolso­naro sofreu duas duras der­rotas nesta quarta-feira, 25 de agosto. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribu­nal Federal, ordenou o ar­quivamento de quatro ações encaminhadas à Corte pelo mandatário da nação e pelo Diretório Nacional do PTB, que questionavam a abertu­ra de inquérito pelo STF sem autorização prévia do Minis­tério Público Federal.

As ações questionavam um artigo do regimento interno que possibilitou a abertura do inquérito das fake news. Bol­sonaro e o PTB pediram ao STF que anulasse esse artigo, o que passaria a exigir a auto­rização prévia do MPF para qualquer novo inquérito da suprema corte. A possibilidade de investigações serem insta­ladas por decisão própria do tribunal já havia sido analisada pelos ministros no julgamento que permitiu a instauração do inquérito das fake news.

As ações surgiram logo após o chefe do Executivo ser incluído na lista de investiga­dos do inquérito das fake news sob suspeita de ter promovi­do a disseminação de notícias falsas com o intuito de atacar ministros do Supremo. A deci­são foi tomada pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que atendeu à notícia­-crime encaminhada pelo Tri­bunal Superior Eleitoral (TSE) apontando possíveis crimes do presidente na transmissão ao vivo em que Bolsonaro pro­meteu apresentar provas de fraude nas urnas eletrônicas, mas entregou somente um apanhado de notícias falsas já desmentidas pela corte.

Em retaliação, o presiden­te encaminhou ao Senado um pedido de impeachment con­tra Moraes. Nesta quarta-feira (25), o presidente do Congres­so, Rodrigo Pacheco (DEM­-MG), impôs mais uma derro­ta ao presidente ao decidir pelo arquivamento da solicitação. Em sua decisão no Supremo, o ministro Fachin ainda argu­mentou que os recursos utili­zados para contestar a norma do STF, as chamadas Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental, não cabem nes­te caso em questão.

Por motivos técnicos e po­líticos, Rodrigo Pacheco rejei­tou e arquivou o pedido de im­peachment contra Alexandre de Moraes. “Quero crer que essa decisão possa constituir um marco de restabelecimento das relações entre os poderes, pacificação e união nacional”, disse Pacheco ao ler o arquiva­mento do pedido no plenário do Senado, nesta quarta-feira. “Além do lado técnico, há tam­bém o lado político de uma oportunidade para restabele­cer a boa relação entre os Po­deres”, disse.

O pedido de impeachment do ministro do STF fora pro­tocolado digitalmente pela Presidência da República dire­tamente no gabinete do presi­dente do Senado, assinado ape­nas por Bolsonaro. A demanda em si somava 17 páginas, mas o arquivo protocolado no Se­nado é bem maior, pois in­cluiu cópias de documentos pessoais de Bolsonaro e al­guns despachos de Moraes. O documento tinha a firma reconhecida de Bolsonaro, depositada em um cartório da Asa Norte de Brasília.

Na epígrafe do arquivo, Bolsonaro colocou um trecho da fala de Alexandre de Mora­es em sua sabatina no Senado, em 21 de fevereiro de 2017, quando o ministro disse reafir­mar sua “devoção com as liber­dades individuais” – as quais, no entender do presidente da República, o ministro atacou. Um desses ataques seria a de­cisão de Moraes, de mandar para a prisão o presidente na­cional do PTB, ex-deputado Roberto Jefferson e aliado de Bolsonaro, em 13 de agosto. No sábado, 21, Bolsonaro ar­gumentou que o pedido não era uma revanche.

No começo da semana, dez partidos de centro e de esquer­da se manifestaram contra o impeachment do ministro. Em duas notas separadas, os presidentes nacionais de DEM, MDB e PSDB, de um lado, e PT, PDT, PSB, Cidada­nia, PV, Rede Sustentabilida­de e PCdoB, de outro, saíram em defesa do ministro e co­braram respeito à indepen­dência dos poderes.

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