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28 de março de 2024 | 17:22
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Saúde

Brasil tem 13 milhões de diabéticos

Fabiano Ribeiro
Especial para o Tribuna

Na última terça-feira, 14 de novembro, foi celebrado o Dia Mundial de Diabetes. Os núme­ros divulgados sobre a doença no Brasil são alarmantes. De acordo com a Sociedade Bra­sileira de Diabetes, atualmen­te são mais de 13 milhões de pessoas com a doença no país. Dados divulgados nesta semana pelo Ministério da Saúde refor­çam o alerta à população.

O diagnóstico da enfermida­de aumentou 61,8% em dez anos, segundo pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por In­quérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. Entre 2006 e 2016, o número de pessoas que dizem saber do diagnóstico de diabetes passou de 5,5% para 8,9%. As mulheres lideram o ranking: 9,9% da população fe­minina declarou possuir a doen­ça contra 7,8% dos homens.

Segundo o médico endocri­nologista Áureo Chaves, muitos brasileiros têm a doença e não sabem. “Uma boa parte da po­pulação convive com a diabetes e não sabe. Por esse motivo, é importante entender a doença, seus fatores de risco e tratamen­tos. Quando controlada, ela não oferece maiores riscos a nossa saúde”, explica.

Diabetes – A diabetes é uma doença crônica, em que há deficiência de produção e/ ou ação da insulina. A insulina é o hormônio responsável pelo controle de glicose (açúcar) no sangue. O corpo precisa da in­sulina para a utilização da glico­se obtida por meio dos alimen­tos como fonte de energia.

Quando a pessoa tem dia­betes, esse trabalho é afetado. Com o nível de glicose no san­gue elevado (hiperglicemia) por longos períodos, podem haver danos mais graves em órgãos, vasos e nervos. Existem dois tipos principais de diabe­tes e seus fatores de risco.

Tipo 1 – O diabetes mellitus tipo 1, que concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença, aparece geralmente na infância ou na adolescência, podendo ser diagnosticado em adultos. Esse tipo de diabetes é uma doença autoimune, isto é, ocorre devido a produção equi­vocada de anticorpos contra as nossas próprias células, neste caso específico, contra as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo da pessoa, com isso a glicose fica no sangue, em vez de ser usada nas células como fonte de energia.

“Não sabemos exatamente o que desencadeia esta produção equivocada de auto anticorpos, mas sabe-se que há um fator ge­nético importante. Todavia, só a genética não explica tudo, já que existem irmãos gêmeos idên­ticos em que apenas um deles apresenta diabetes tipo 1. Imagi­na-se que algum fator ambiental seja necessário para o início da doença. Entre os possíveis cul­pados podem estar infecções virais, contato com substâncias tóxicas, carência de vitamina D, e até exposição ao leite de vaca ou glúten nos primeiros meses de vida. O fato é que em alguns indivíduos, o sistema imuno­lógico de uma hora para outra começa a atacar o pâncreas, destruindo-o progressivamen­te”, explica Áureo Chaves.

Tipo 2 – Já o diabetes mellitus tipo 2 é uma doença que também apresenta algum grau de dimi­nuição na produção de insulina, mas o principal problema é uma resistência do organismo à insu­lina produzida, fazendo com que as células não consigam captar a glicose circulante no sangue. Ela ocorre em cerca de 90% dos casos, é o tipo mais comum de diabetes. A diferença aqui, é que ela se manifesta com mais frequ­ência em adultos, mas crianças com problemas de obesidade, sedentários e com histórico fami­liar de diabetes, também podem desenvolver a doença.

Segundo o endocrinologista o excesso de peso é o principal fator de risco para o diabetes tipo 2. O modo como o corpo armazena gordura também é relevante. Pessoas com acúmulo de gordura predominantemente na região abdominal apresen­tam maior risco de desenvolver diabetes. “O diabetes tipo 2 vem muitas vezes acompanhado por outras condições, incluindo hi­pertensão arterial e colesterol alto. Esta constelação de con­dições clínicas (hiperglicemia, obesidade, hipertensão e coles­terol alto) é referida como sín­drome metabólica, sendo um grande fator de risco para doen­ças cardiovasculares”, detalha.

Além da obesidade e do se­dentarismo, há outros fatores de risco para o diabetes tipo 2: idade acima de 45 anos, histórico fami­liar de diabetes, hipertensão ar­terial, história previa de diabetes gestacional, ovário policístico, Ta­bagismo, dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos e pobre em vegetais e frutas. Se você se enquadra em algum desses casos, o médico Áureo Chaves reco­menda a busca imediata por um especialista. “Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais rápido será o início do tratamen­to e melhor qualidade de vida terá o paciente”. O diagnóstico da doença é simples, um exame de sangue pode dizer se você tem ou não diabetes. Com uma gota de sangue já é possível saber se há alteração no nível de glicemia, caso ela seja considerável, outros exames confirmariam o diagnós­tico. A glicemia normal, estando em jejum, não deve ultrapassar 99mg/L e duas horas após uma refeição até 140mg/L.

Após o diagnóstico positivo para doença, é importante con­trolar o nível de glicose no sangue do paciente para evitar complica­ções. Além dos medicamentos, que ajudam nesse controle, exis­tem outras atitudes que podem ser tomadas para uma melhor qualidade de vida e controle da doença. Alimentação saudável é fundamental, principalmente para quem tem diabetes, regular a quantidade de doces usando de preferência os dietéticos, gorduras mono e poli-insaturadas e carboi­dratos complexos integrais ingeri­dos ao longo do dia, ajudam nesse controle. Exercícios físicos regula­res ajudam a baixar essas taxas de glicose no sangue.

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