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28 de março de 2024 | 9:45
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Política

Câmara pode instalar CEE do Lar Santana

A Câmara de Ribeirão Preto vota nesta terça-feira, 2 de abril, requerimento de Alessandro Ma­raca (MDB) que pede a instala­ção de uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para investigar o futuro do prédio do Lar Santa­na, na Vila Tibério, que será usa­do pela Secretaria Municipal da Educação. O vereador reclama das seguidas mudanças no des­tino do local, que foi permutado com um terreno da prefeitura e se tornou próprio público municipal em 2016. A Secretaria Municipal da Saúde desistiu de levar sua sede para o prédio. Os moradores que­rem transformá-lo em creche.

Maraca lembra das várias au­diências realizadas no ano passado e cita que o prédio tem valor “não apenas pela relevância e privilégio quanto a localização, mas também pela relevância histórica, cultural e arquitetônica”. Ele lembra que em audiência pública do dia 29 de maio, promovida pela Câmara, a prefeitura informou que o local se­ria ocpuado, rapidamente, por de­partamentos da Secretaria da Saú­de e pela Administração Regional da Vila Tibério, que isso geraria economia ao erário público, con­siderando que aluguéis deixariam de ser pagos em breve.

O histórico prédio onde por décadas funcionou um orfanato será ocupado pela Comissão de Acompanhamento em Avaliação e Formação Docente (Caaf), que tem como principal objetivo estru­turar e acompanhar as políticas de formação continuada de docentes, a avaliação e o acompanhamento pedagógico e curricular da rede municipal de ensino. Hoje o Caaf funciona na Casa da Ciência, den­tro do Bosque e Zoológico Muni­cipal Doutor Fábio de Sá Barreto.

Maraca reclama que, apesar de estar acompanhando o tema des­de o início, inclusive realizando au­diências públicas, não foi informa­do sobre a destinação do prédio, apesar de ofício da prefeitura ga­rantindo que isso seria feito. Loca­lizado na rua Conselheiro Dantas nº 984, o prédio inaugurado em 21 de março de 1931 ocupa um terreno de 7,8 mil metros qua­drados. Inicialmente a Congre­gação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, que che­gou em Ribeirão Preto em 1926, abriram um colégio. O Colégio Santana ganhou seu prédio pró­prio em 1931 e em 1948 ele foi transformado em orfanato.

Em 2015 a congregação op­tou pelo fechamento, já que o prédio de mais de 70 anos exigia um elevado investimento para a renovação do alvará do Cor­po de Bombeiros. No mesmo ano o prédio foi tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Ar­queológico, Artístico e Turísti­co (Condephaat) e em 2016 a Câmara aprovou a permuta do imóvel com dois terrenos muni­cipais de valor de mercado equi­valente (cerca de R$ 6 milhões).

O Lar Santana tem grande valor histórico por sua impor­tância para a Vila Tibério e tam­bém por ter ocorrido lá a única prisão de uma religiosa feita pelo regime militar – em 1969 a ditadura prendeu a madre Maurina Borges da Silveira, de­pois torturada e vítima de assé­dio sexual na delegacia seccio­nal de Polícia. Seus torturadores foram inclusive excomungados pela Igreja Católica. Libertada, banida do país e asilada no Mé­xico, madre Maurina retornou ao Brasil e faleceu em 2011.

Madre Maurina – Madre Maurina Borges da Silveira, a frei­ra presa, acusada de subversão, torturada e banida do país duran­te a ditadura militar, morreu em março de 2011, em Araraquara, onde vivia num convento de sua comunidade, a Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição. A freira tinha 84 anos e sofria do Mal de Alzheimer.

A história de Madre Maurina marcou a luta da Igreja Católica em defesa dos direitos humanos, nos “anos de chumbo” do regi­me militar. Acusada de acobertar militantes da Frente Armada de Libertação Nacional (FALN), que se reuniam e imprimiam material subversivo no porão do Lar San­tana, madre Maurina foi presa e torturada.

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