Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), sobre o primeiro semestre deste ano, revela que o cartão de crédito segue como o tipo de dívida mais comum entre os consumidores brasileiros, mesmo apresentando os custos mais elevados. De acordo com o levantamento, 88,8% das famílias endividadas têm nele o principal instrumento de compras. A pesquisa também registrou um recorde no percentual de famílias com dívidas a vencer, 77,7% do total – o maior da série histórica, iniciada em janeiro de 2010.
Para o advogado especializado em Direito Bancário Francisco Mendonça, a supremacia no uso de cartões é uma evidência de que o endividamento está ocorrendo no consumo de curto prazo, e também de que há famílias usando esse tipo de crédito para complementar a renda, cujo poder aquisitivo tem sido golpeado pela volta da inflação.
Autor do e-book “Superdicas para negociar com bancos”, o advogado aconselha as famílias a buscarem negociação com credores ou optar por empréstimos com juros e encargos “mais razoáveis” antes de apelar ao gênero mais caro de crédito.


Dessa forma é possível evitar que um pequeno endividamento evolua para um moderado e até para um superendividamento, graças à cobrança dos altos juros praticada pelas administradoras de cartões de crédito.
Para tanto, ele considera imprescindível identificar precocemente a situação de endividamento. Os principais sinais a apontarem para o problema acontecem quando metade da renda mensal do indivíduo ou da família está comprometida para o pagamento de dívidas; quando a inadimplência chega a 90 dias, ou seja, a pessoa não consegue quitar contas durante três meses; quando indivíduo ou a família está utilizando simultaneamente recursos de cheque especial, crédito pessoal sem consignação e crédito rotativo.
Também são consideradas endividadas pessoas e famílias em que as sobras do mês – após o pagamento das dívidas – ficam abaixo de 15% do rendimento mensal.
“Aquele que se enquadra em dois itens já é considerado endividado. No caso de identificação com mais de dois, pode se encontrar um caminho para o superendividamento”, alerta o advogado.
De acordo com a pesquisa, o tempo de comprometimento com dívidas resultou na média de 7,1 meses, com mais pessoas endividadas no período de até três meses – 25,1% do total de endividados. Já o percentual de endividados por mais de um ano é de 32,9%.
Após queda, comércio eletrônico deverá crescer 42%
Depois de priorizar as vendas online ao longo do período mais severo da pandemia, o comércio varejista voltou a concentrar suas forças nas lojas físicas, segundo dados do Google. Na comparação com janeiro de 2021, no início deste ano houve um aumento de vendas totais do varejo de 5,7%, mas uma queda de 26,6% se for considerado apenas o e-commerce.
De acordo com especialistas, o cenário já era esperado, devido à reabertura das lojas físicas e a volta do consumidor às ruas. No entanto, as projeções para o segmento eletrônico ainda são muito positivas.
A pesquisa do Google com a Euromonitor analisou o comportamento dos consumidores e apresentou a previsão de que, até 2025, o e-commerce crescerá 42% no país, com o varejo sendo responsável por 39% desse crescimento de vendas. Nesse sobe e desce do e-commerce, sobram dúvidas sobre como atuar, tanto nas compras, como nas vendas e especialistas alertam que as duas condições demandam atenções diferentes.


Entre as dúvidas sobre compras online, a pesquisa detectou que existem muitos questionamentos a respeito do chargeback, que é o estorno realizado pelos provedores de pagamento em caso de utilização fraudulenta, por exemplo, do cartão de crédito.
“Por isso, é importante destacar atenção especial a esse tipo de cláusula, bem como se cercar de alguns cuidados quando houver dúvidas sobre a idoneidade da compra”, ressalta Felipe Scavazzini, advogado especializado em Direito Digital.
O advogado orienta que o fornecedor que negocia produtos e serviços no e-commerce deve procurar uma plataforma que ofereça segurança às transações, bem como que tenha um canal rápido de comunicação com os clientes, de forma a tirar dúvidas e sanar eventuais problemas.
Outra dica importante para quem vai vender é estar atento aos contratos com as transportadoras logísticas, para os cuidados com os prazos, a manutenção da integridade do produto durante o frete, bem como os custos envolvendo a logística reversa em caso de arrependimento da compra pelo consumidor.
“A compra on-line é uma modalidade relativamente nova no Brasil e, sendo assim, muitas dúvidas ainda permeiam esse universo, mas é muito importante que o consumidor busque informações para não ser lesado em seus direitos”, destaca Scavazzini.
É certo que a alta dos juros fez com que os empresários ficassem bem mais receosos na procura por crédito. Essa postura ficou evidente na 14ª Pesquisa “Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), nos meses de abril e maio deste ano.
O estudo mostrou que a proporção de microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas que procuram empréstimos praticamente se manteve estável, em torno de 50%, desde meados do ano passado.
Porém, há alguns fatores que podem facilitar o acesso dos empreendedores ao crédito para que possam manter, ou ampliar os seus negócios.
Nas cooperativas de crédito o relacionamento entre a instituição financeira e o candidato ao crédito tem um peso importante.
Somente neste ano a Sicoob Cooperac liberou quase R$ 1 milhão em crédito para cerca de 100 cooperados, por meio de aplicativo, o Fábrica de Limites, que tem como objetivo ser rápido e sem burocracia. Nele, os cooperados que têm a análise de crédito positiva, podem escolher o valor e a forma de pagamento com autonomia.
“As cooperativas de crédito são instituições financeiras que não visam o lucro. Pelo contrário, elas funcionam como ponte entre pessoas, empresas e o crédito. Por isso oferecemos um portfólio completo de produtos e serviços, com taxas diferenciadas. A Fábrica de Limites foi criada para facilitar o acesso de nossos cooperados aos recursos financeiros, sempre que precisarem”, explica Cesar Campez, presidente da Cooperac.
Um dos cooperados que já utilizaram essa facilidade foi o engenheiro Mário Augusto Garcia, da CMAG Engenharia. “Eu utilizei recentemente pela primeira vez e achei muito fácil e prático. Você não precisa ficar encaminhando documentos. Basta entrar no aplicativo, escolher o valor e a forma de pagar”, explica.
“Como tenho uma empresa que faz prestação de serviço tenho muitas despesas com viagens, alimentação, folha de pagamento e às vezes demoramos um período mais longo para receber do cliente, o que gera um furo no caixa. E com o capital de giro da Cooperac eu consigo sanar esse problema”, conta o empresário.