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19 de abril de 2024 | 5:30
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Cartografia e Literatura: o mundo antigo da Mesopotâmia

Quatro mil anos antes de Cristo, os grupos humanos vagavam pela terra buscando superar a vida nômade insegura. Ao final deles, dois grupos que o conseguiram se estabeleceram, quase simultaneamente, às margens dos rios fecundos da Suméria e do Egito. A Mesopotâmia, “país entre rios”, tal qual seus instáveis Tigre e Eufrates, oferecedores de inundações devastadoras alternadas pela fertilidade da terra, foi ponto compartilhado de rotas comerciais e expedições guerreiras e berço do mapa mais antigo do mundo. Este, encontrado nas escavações das ruínas da cidade de Nuzi (Ga-Sur), a 300 quilômetros da Babilônia.

Como se apresentava? Uma placa de barro cozido, com inscrições em caracteres cunei­formes, cujo origem remonta provavelmente ao ano 2500 a. C.. Elaborado pelos sumerianos, povo responsável pela utilização do tijolo na arquitetura e pela divisão do tempo em horas, minutos e segundos, trata-se de relíquia cartográfica que perdurou até nós juntamente com outras formas em placas de barro cozido representando, de modo simples e sistemático, diferentes casas, lugares, populações, etc.

Destaque? A escultura do lendário Gudea, rei de Lagash, uma das cidades mais antigas da Mesopotâmia juntamente com a Suméria, Eridu, Ur, Larsa, Erech, Shuruppak e, provavel­mente, Nipur, que, sentado, sustenta sobre os joelhos o plano de construção de um templo esculpido em uma tábua a ser ofertada a seu deus. Sua importância? O domínio sumeriano sobre uma correta técnica para medir ângulos e efetuar medições, além de mostrar domínio da noção de escala. Entretanto, deslocados do domínio do vale por povos assírios, teve inter­rompida sua dedicação à cultura social.

Dos assírios, cujos relatos e esculturas preservados os descreviam como guerreiros duros e implacáveis, presume-se que, sendo tão hábeis quanto os sumérios, possivelmente elaboraram representações terrestres que muito os auxiliaram nas batalhas empreendidas. Seguidores da tradição artística sumeriana, deixaram iconografias de fortificações e cidades atacadas que constituem verdadeiros planos terrestres.

Sobre estas, por ocasião de escavações das ruínas da Babilônia, efetuadas no século XIX pelo arqueólogo e arquiteto Robert Koldewey, foram encontrados mapas desenhados em pequenas tábuas de barro cozido, similares aos confeccionados pelos sumérios. O que retratavam? Uma representação esquemática do universo tal qual era imaginado na época: com a Babilônia em posição central e três faixas perpendiculares representando os mares que separam os diversos países. Nas análises do historiador Bagrow, há semelhanças entre essa idéia dos babilônios acerca da forma discóide da terra com a idéia demonstrada sobre o mesmo pelos esquimós. E, historicamente, tal concepção geográfica será aceita pelos gregos e romanos, bem como pelos israelistas, “transcendendo, através das Escrituras Sagradas, o pensamento cristão da Idade Média.

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