O muro da residência onde uma mulher de 82 anos era mantida, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), em situação análoga à escravidão, foi pichado na quinta-feira (08). A residência fica no bairro da Ribeirânia, zona Leste de Ribeirão Preto. Pintaram a palavra “escravista”.
Os donos da casa, um empresário e uma médica pediatra, foram denunciados pelo MPT por manter a idosa durante 27 anos trabalhando em situação que lembra a escravidão, sem receber salário e vivendo em condições precárias. Desde a denúncia, o empresário e a médica não foram mais vistos na residência.
O casal tem três filhos, todos médicos. O mais novo tinha quatro anos quando a mulher foi trabalhar para a família. Atualmente tem 31 anos. Foi através deste dado que o MPT conseguiu estabelecer o tempo em que a mulher trabalha para a família.
A idosa foi resgatada em outubro. O procurador do Trabalho que acompanhou o caso informou que ela estava confusa, não sabia exatamente sua idade. Também constataram que ela é hipertensa, tem problemas com álcool e é analfabeta.
O casal não teria feito o registro de trabalho da idosa, que começou a trabalhar para eles com 55 anos. Ela tinha poucas folgas mensais. Geralmente uma a cada mês, quando visitava a família na cidade de Jardinópolis.
De acordo com o MPT, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 815,3 mil em bens do casal para indenização da idosa. Ela teria sido inscrita pelo casal no Benefício de Prestação Continuada, concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e eles se apropriavam desse benefício, no valor de um salário mínimo, de acordo com a promotoria,
A Polícia Federal foi acionada e irá proceder na investigação criminal do casal. O caso ganhou repercussão internacional. Uma vizinha teria sido procurada por uma organização norte-americana que combate a discriminação racial. Segundo a vizinha, eles teriam pedido informações do casal.