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29 de março de 2024 | 8:08
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Cérebro, Cognição e Comportamento (2)

Por milênios, o sorriso tem sido reconhecido como uma poderosa ferramenta comunicativa. O “Livro dos Provérbios” afirma-nos que “faces sorridentes torna-nos felizes”. Interessado no mesmo tema, Darwin, ao final do século 19, explorou a natu­reza do sorriso em seu livro “A expressão das emoções”, descrevendo o sorriso como um mecanismo facial comum para comunicar felicidade ou prazer. Nos dias atuais? Os cientistas continuam estudando o sorriso, suas razões e motivações, desde captar dinheiro de um consumidor, ou distinguir a dentição desejável, até subconscientemen­te estimular Samaritanos e o estudo científico da psicologia.

Assim considerando, quais são os benefícios que um sorriso pode prestar a um profissional de saúde do século 21, onde tudo, ou quase tudo e todos, parece complexo e com pressa? O sorriso traz benefícios para o percebedor, para o sorridente e para a equipe. Em primeiro lugar, o sorriso pode representar uma recompensa social ao percebedor ou, ao paciente, estimular o sistema cerebral de recompensa através dos gânglios basais, córtex pré-frontal, até, em menor extensão, à amígdala. Estudos com ressonância magnética funcional (fMRI) têm revelado que a dopamina associada às regiões de processamento de recompensa do cérebro da mãe iluminam-se impressiva­mente em resposta à um simples sorriso de seu bebê.

Sorrir ao pacientes pode ajudá-los a relembrar o que está sendo discutido com eles, bem como, ao menos, quem você é. O sorriso tem sido mostra­do promover a memória efetiva via conectividade funcional entre o córtex orbitofrontal e hipocam­po, permitindo às pessoas relembrarem os nomes das faces sorridentes mais prontamente do que as faces neutras. Têm também sido sugerido que o sorriso ajuda os clínicos a esta­belecerem uma interação sólida com os pacientes, ajudando-os a expressarem suas ansiedades e estimular os sentimentos de confian­ça em direção aos clínicos. De fato, inúmeros estudos têm revelado que somos mais prováveis de confiar numa pessoa que sorri, do que naquelas que raramente o fazem.

Em segundo lugar, os benefícios para o sorridente são numerosos, mesmo quando o sorriso é voluntário mais do que espontâneo. Pesquisadores têm demonstrado que o sorriso voluntário, ou um sorriso simulado, pode produzir atividade elétrica cerebral idêntica à um sorriso espontâneo, ou genuíno. Assim, oferecer um sorriso voluntário pode muito bem acender suas emoções de maneira suficiente para torná-la um artigo genuíno. Em outras palavras, melhorar nosso próprio estado de felicidade, ou afeto, tem um efeito positivo sobre nossa vontade de ajudar os outros, e realmente o prazer que extraímos de fazer isso. Assim, dar aquele sorriso pode mesmo fazer você querer servir a seus pacientes muito melhor, bem como fazer você se sentir mais feliz.

Por último, além dos benefícios para o percebedor e para o sorridente, como um membro de uma equipe, seu sorriso pode também ser benéfico para os colegas de sua equipe. Estudos acerca desta dimensão do sorriso têm indicado que um sorriso pode ativar emoções positivas, promover comportamentos altruístas. Quando indivíduos estão sorrindo, eles estão significativamente mais predispostos a oferecer ajuda a um estranho que tenha deixado cair alguns itens, como produtos, por exemplo, minutos antes. Talvez, a cultura de sorrir possa encorajar a eficiência de uma equipe de traba­lho, com colegas estando mais motivados a emprestar uma mão quando as coisas estão se tornando mais difíceis ou mais demandantes.
Como um sinal de compaixão, de empatia e de amizade, o sorriso pode beneficiar os profissionais de saúde e seus pacientes, ajudando-os a construírem uma interação de confiança.

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