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19 de abril de 2024 | 19:56
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Civis estão acuados em Severodonetsk

O que restou da população civil de Severodonetsk amanhe­ceu ainda mais acuado nesta se­gunda-feira, 13 de junho, quando bombardeios russos se concen­traram em uma zona industrial da cidade, onde centenas de pessoas buscam abrigo. Sob fogo inimigo, as esperanças de escapar do conflito diminuíram ainda mais após uma ofensiva russa destruir uma das últimas pontes que davam acesso à vizinha Lisi­chansk no dia anterior, quase que completando o isolamento ucra­niano no front da guerra.

A Rússia tem usado a superio­ridade de sua artilharia para ditar o ritmo do conflito na região de Donbas. De acordo com o gover­nador da província de Luhansk, Serguei Haidai, os disparos estão destruindo Severodonetsk “quar­teirão por quarteirão”. Cerca de 500 civis que se abrigam em uma fábrica de produtos químicos, in­cluindo 40 crianças, acordaram sob o estrondo das explosões, se­gundo o governador.

Haidai classificou a situação em Severodonetsk como “extre­mamente difícil” após a destrui­ção de uma segunda ponte que ligava a cidade a Lisichansk no domingo (12). Há três semanas, uma outra ponte já havia sido destruída pelas tropas russas. Agora, há apenas um corredor de ligação entre as cidades, separa­das pelo Rio Donets.

Enquanto a ofensiva russa empurra cada vez mais as tro­pas ucranianas para trás – o Exército da Ucrânia confirmou que foi expulso do centro de Severodonetsk e o governador afirma que 70% da cidade está dominada por combatentes le­ais a Moscou –, cresce o temor de que uma situação similar à da usina siderúrgica de Azovs­tal, em Mariupol, possa se repe­tir, com civis e militares sendo bombardeados de forma inces­sante em um cerco prolongado.

“Estamos tentando negociar um corredor humanitário para os civis, mas no momento é algo em vão”, afirmou Haidai em uma mensagem pelo Telegram. Os se­paratistas pró-Rússia que lutam na região afirmaram que as úl­timas divisões ucranianas em Severodonetsk estavam “blo­queadas”, após a destruição da última ponte. O porta-voz da República Popular de Donetsk – um dos Estados reconheci­dos pela Rússia no começo da invasão – afirmou que o único caminho viável para os ucrania­nos na região é a rendição.

“Eles têm duas possibili­dades: render-se ou morrer”, declarou Eduard Basurin, por­ta-voz dos separatistas. Em um discurso no domingo, o presi­dente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que Seve­rodonetsk é palco de batalhas ferozes, literalmente “por cada metro” de chão. Zelensky tam­bém acusou Moscou de utilizar jovens com pouco treinamento como “bucha de canhão” na es­tratégia de tomar a cidade.

A região do Donbas se tor­nou o epicentro da guerra nas últimas semanas, desde a vitória russa na cidade portuária de Ma­riupol e do sucesso ucraniano em defender posições no norte e nordeste do país, afastando os inimigos de Kiev. Uma vitória em Severodonestk e Lisichansk aproximaria a Rússia de um dos objetivos primários da invasão anunciados por Vladimir Putin em 24 de fevereiro, que era a “li­bertação” da região.

A conquista também abriria o caminho para que as tropas de Moscou cheguem a outra grande cidade, Kramatorsk, uma etapa importante para conquistar toda a região de fronteira, reclamada por separatistas pró-Rússia desde 2014. Um relatório de inteligên­cia do Ministério da Defesa do Reino Unido divulgado nes­ta segunda-feira afirmou que operações de travessia de rios provavelmente serão fatores de­terminantes nos próximos me­ses de combate – uma vez que tanto a Rússia tem destruído infraestrutura ucraniana, como Kiev tem implodido pontes para dificultar a passagem das tropas russas.

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