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16 de abril de 2024 | 20:33
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Comerciantes terão que desocupar CPC

Trinta e três comerciantes do Centro Popular de Com­pras (CPC) de Ribeirão Preto terão que desocupar um total de 41 boxes utilizados irregu­larmente. A ordem de desocu­pação foi tomada após a Pre­feitura constatar que, além do espaço que cada um tem direito, um por comerciante, eles assumiram outros, seja por compra ou locação, sem autorização do poder públi­co, o que não é permitido pela lei que criou o CPC.

O levantamento das ir­regularidades foi constatado após análise da documenta­ção dos 151 permissionários do local e de levantamento feito pela Fiscalização Geral da Prefeitura. Os que estão ocupando mais espaços do que a lei permite foram no­tificados no começo de no­vembro para desocupá-los no prazo máximo de trinta dias. O prazo venceu nesta sexta-feira, 6 de dezembro, e a partir de agora eles estão sujeitos a serem alvos de rein­tegração de área.

Centro Popular de Compras está localizado na região conhecida como Baixada

Criado em 22 de setembro de 2000 durante a gestão do prefeito Luiz Roberto Jába­li (PSDB), o Centro Popular de Compras foi destinado aos ambulantes que exerciam suas atividades no quadrilá­tero central da cidade, de pre­ferência àqueles que ocupa­vam a Praça Carlos Gomes, a Avenida Jerônimo Gonçalves e o Bosque e Zoológico Mu­nicipal Doutor Fábio Barreto.

A legislação em vigor des­de então, estabelece que cada permissionário ocupe apenas um box e que o titular não pode transferi-lo. No caso de morte o contrato de ces­são é encerrado. Entretanto, ao longo do tempo a lei foi sendo desrespeitada, seja por meio de locação ou da compra de outros estandes sem autori­zação da Prefeitura. Só para exemplificar, existem comer­ciantes que, além de lojas em outras regiões da cidade, ocu­pam quatro boxes no CPC.

Nova destinação
Com a recuperação dos espaços ocupados irregular­mente a Prefeitura preten­de também conseguir locais para instalar os microempre­endedores individuais que atualmente atuam no qua­drilátero central da cidade. O projeto piloto, que durante noventa dias permitiu que eles trabalhassem no Cal­çadão, termina no dia 16 de dezembro e pelo menos, por enquanto, não existe previsão de prorrogação. Daí a neces­sidade de um novo espaço para eles.

O Shopping Popular de Compras (SPC), localizado Rua General Osório nº 52, na região da Baixada, também está sofrendo intervenções. Criado em 2013 na gestão da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido), ele tem 67 estandes, mas apenas 12 permissioná­rios estão devidamente le­galizados. Os outros espaços estão vazios ou ocupados de forma irregular.

A Secretaria Municipal de Turismo, responsável pe­los dois centros de compras, também estuda as mudanças nas legislações que regem os funcionamentos deles. Uma das propostas, ainda embrio­nária, é a de que os permis­sionários passem a ter um prazo máximo para ficar nes­tes locais. Algo em torno de seis anos.

Milhares de pessoas passam pelos boxes do CPC diariamente

Durante esse período o micro-empreendedor seria qualificado e passaria por cursos oferecidos pelo muni­cípio em parceria com enti­dades como o Sebrae para se qualificarem e alçarem vôos maiores no comércio formal da cidade. Ou seja, o CPC passaria a ser uma espécie de incubadora de empresas na área do comércio.

No caso do Shopping Po­pular de Compras, as mudan­ças deverão ser mais drásti­cas, já que o imóvel onde ele está instalado não pertence ao município. Desde a im­plementação do shopping os custos para a manutenção do local – que deveria ser rateado entre os permissionários – são bancados pela Prefeitura. Algo em torno de R$ 14 mil por mês, entre aluguel, energia elétrica e água. No caso do CPC os cus­tos são pagos pelos comercian­tes através da Associação dos Permissionários. Atualmente três permissionários estão inadimplentes e, caso não re­gularizem os débitos, podem perder seus boxes.

O que pensam os micro-empreendedores

Antônio Reis da Costa é vendedor de batata frita, pipoca, suco e água na Praça Carlos Gomes em frente a um movimentado ponto de ônibus na rua Duque de Caxias. Diz que trabalhar legalizado foi uma grande conquista. “Virei microempreendedor, pago meu imposto, aluguel pelo local que ocupo aqui na praça e tenho meus direitos garantidos”, diz. Sua preocupação no momento é o que acontecerá com o fim do projeto no dia 16 de dezembro.
Guilherme de Moraes tem 28 anos e é ambulante há quatro anos. Vende shorts, camisetas e cuecas no Calçadão entre as ruas Viscon­de de Inhaúma e Tibiriçá. Afirma que a legalização foi boa e que gra­ças a muito trabalho tem conseguido sobreviver dignamente. “Espero que a Prefeitura continue fazendo a parte dela neste projeto”.
Liliane Aparecida Garcia e o marido João Marcos comercializam frutas, verduras e legumes no Calçadão, ponto próximo à rua Tibiriçá. Moradora do Jardim Aeroporto, Zona Norte da cidade, ela explica que há quatro anos começou a trabalhar nas ruas por necessidade. “Não viemos para as ruas porque queríamos, mas porque não conseguía­mos emprego e temos força de vontade para trabalhar. Ser ambulan­te não foi uma escolha”, garante Liliane.
Segundo ela, trabalhar legalizada era o sonho do casal. Diz que não dava mais para ficar correndo o tempo todo da Fiscalização e per­dendo os produtos que vendiam, que eram aprendidos pela Prefeitu­ra. “Espero que o projeto continue, mas estamos apreensivos”.

Secretário diz que projeto piloto foi vitorioso

Para o secretário municipal de Turismo, Edmilson Domingues, projeto piloto foi positivo e gratificante

O secretário municipal de Turismo, Edmilson Domingues, avalia como “positivo e gratificante” o projeto piloto que permitiu que 50 microempreendedores individuais traba­lhassem provisoriamente no Calçadão de Ribeirão Preto. O projeto termina no dia 16 de dezembro.

Segundo Edmilson, o projeto contemplou todos os envol­vidos, como os ambulantes, os moradores da região, os comerciantes, as entidades de classe e o governo muni­cipal. “A próxima etapa será dar a estes microempreen­dedores a oportunidade de se instalarem em locais fixos e prepará-los para crescerem profissionalmente”, afirma. Ele também destaca a participação do Ministério Público e do promotor Wanderlei Trindade em todo o processo.

Vale lembrar que todos os camelôs foram selecionados por meio de chamamento público, classificados por sorteio e tiveram que se tornar microempreendedores individuais (MEI).Também passaram por curso de qualifi­cação sobre empreendedorismo realizado pela Secretaria Municipal de Turismo em parceria com o Sebrae.

Os ambulantes também pagam pela permissão de uso do espaço público o valor referente a uma Unidade Fiscal do Estado de São Paulo (Ufesp, que este ano vale R$ 26,53) por metro quadrado da área autorizada. Cada ponto terá 1,5m por 1,5m, ou seja, 2,25 metros quadrados.

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