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29 de março de 2024 | 6:45
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Como será o amanhã?

Em nenhum país democrático do mundo assistimos aos governos elegerem os professores como inimigos da educação – isso só aconteceu ou acontece em países que estão vivendo ou viveram regimes de exceção, mas infelizmente no Brasil os três níveis de governo equivocadamente elegeram os pro­fessores como o “inimigo público número um”, e com isso a situação da educação básica, que na maioria dos estados está na UTI, irá caminhar para o caos.

A obtusidade dos ministros do atual governo brasileiro não tem limites, principalmente o atual responsável pelo Ministério da Educação. Em qualquer país democrático, a Constituição é o livro sagrado que guia a Nação, mas nas terras tupiniquins não funciona bem assim. O Supremo Tribunal Federal, que deveria ser o guardião-mor da Constituição, foi o primeiro a romper com a legalidade, alterando indevidamente o texto constitucional e abrindo caminho para o desrespeito à Carta Magna, e agora seu presidente e alguns ministros trabalham para jogar de vez a mais alta Corte no limbo da mediocridade.

A fala indevida, e fora do contexto do ministro da edu­cação, desrespeitando a Constituição e o ECA (Estatuto da Infância e Adolescência) e criticando as manifestações legíti­mas contra os cortes na educação, pretende criar um clima de confronto entre professores, alunos e a população, mostrando o seu total desconhecimento e desrespeito com a legislação.

Mas como miséria pouca é bobagem, o néscio, usando as redes sociais, em total desrespeito aos artigos 205º e 206º da Constituição Federal, quer proibir que professoras, alunos, funcionários, pais e responsáveis divulguem os protestos que aconteceram contra a sua pasta, e indevidamente orienta os pais para que denunciem ao Ministério da Educação, como se protestar contra o desmonte da educação fosse crime.

Ribeirão Preto é um exemplo cabal do mal que faz o con­fronto criado pelo governo municipal. Criminaliza docentes, alunos e suas famílias pelo total descalabro que as seguidas administrações impingiram a educação básica, sem contar o mal que a bota do coronel causou a educação municipal por mais de 30 anos. Mesmo com todas as atrocidades que come­tem contra o futuro das novas gerações, a festa continua.

Com a extirpação do coronel da Rede Municipal de Edu­cação esperava-se que novos ares despoluíssem o ambiente, mas ledo engano. O que o governo atual fez com o Plano Municipal de Educação, construído democraticamente em 2015, um plano abrangente que imbricava toda a cidade, com metas e prazos definidos, foi à demonstração cabal da falta de compromisso com a educação. A gestão democrática, que é o pilar de uma educação de qualidade, e que está contemplada no plano de 2015, não faz parte do cotidiano da Secretaria Municipal de Educação.

O conflito e o ódio estimulados pelas autoridades brasilei­ras, calçados no famigerado movimento escola sem partido, que fere de morte o capítulo educação da Constituição – começa a reproduzir em nossa cidade seus efeitos maléficos. Seguindo as orientações do presidente da República e seu ministro da Educação, um pai foi até a delegacia de polícia, para registrar um boletim de ocorrência contra um profes­sor de história da Rede Municipal, que segundo o ele estava querendo doutrinar o seu filho.

A cidadania é uma constrição coletiva, que acontece no chão da escola, e a pluralidade de ideias é o alicerce de qualquer regime democrático. A cidadania se explicita nos deveres e direitos, e pelo visto esse pai não conhece o artigo 205º e 206º, pois se conhecesse não agiria desta maneira.

Por enquanto somos um País, que pretende ser uma Nação, mas quando os governos dos três níveis elegem os professores como inimigo, mostram que o sonho de um dia sermos uma nação está sendo sepultado.

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