18 de abril de 2024 | 23:24
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Concepção da vida humana!

O problema básico, que envolve a saúde, é a concepção que se tem da vida humana. Alguém pode desqualificar minhas con­siderações alegando que eu não entendo de medicina, ou seja, que eu não tenho diploma médico, enquanto eu posso desquali­ficá-lo, com a mesma razão, garantindo que ele não entende de vida humana. Isso equivale a dizer que seu diploma médico não o credencia a pronunciar-se sobre a natureza do ser humano. O Papa São Paulo VI, retratando uma História de dois mil anos, assegurou a todo o mundo, num discurso à ONU, que a Igreja é mestra em humanidade. Tem algo importante e indispensável a dizer. Não se pode tratar de medicina sem uma concepção a res­peito do homem. Mata-se muito mais o ser humano pela ideia, que pela violência com que se elimina sua vida terrestre.

É sabido que, para se pronunciar acerca das qualidades gas­tronômicas de um bolo, não é preciso saber fazê-lo, como para degustar um bom vinho e se pronunciar a respeito dele, não se exige que se esteja em condições de fabricá-lo. Não me cabe, nem me arrisco, dar receitas para as diferentes doenças, – apesar de o provérbio garantir que de poeta e médico todos tem um pouco – mas não posso omitir-me, como pessoa humana e, principal­mente, como ministro ordenado, sobre a situação atual da saúde e sobre as medidas que neste campo se tomam. Estamos em plena pandemia. E agora?

O primeiro questionamento, que me incumbe fazer, é que a nossa farmacologia está baseada na concepção de que o homem não é mais que um ser natural, composto dos mesmos elemen­tos, que constam nos fármacos.

A visão antropológica cristã rebate essa concepção e garante duas vertentes básicas: vê o ser humano, ao mesmo tempo, a partir da natureza e a partir de Deus. É, em outras palavras, um ser natural aberto à transcendência.

Pondo em discussão a categoria de natureza, retoma-se e aprofunda-se, hoje, a questão da bioética e da biotecnologia. O ser humano é e deve ser visto em sua dupla referência: como imagem e semelhança de Deus e, como ser vivo, ligado à matéria. No momento em que eliminarmos a dimensão da transcendên­cia, a dimensão pessoal do ser humano e o próprio conceito de pessoa desaparecem.

Lemos e ouvimos, como nunca antes, opiniões para não dizer palpites sobre medicamentos, procedimentos clínicos e receitas de tudo que se possa imaginar a respeito do combate ao novo Coronavírus. De repente, em cada esquina, encontra-se um mé­dico “sem diploma” dando sua opinião ou o que é pior, intransi­gentemente tentando influenciar seus interlocutores, sobre o que é ou não eficaz para evitar a infecção ou curar a COVID-19.

Penso que já passou da hora de pararmos de brigar para impor opiniões pessoais, ideológicas e “bancar de médico e de cientista” diante de praticamente meio milhão de óbitos. Vidas humanas ceifadas por um vírus letal e traiçoeiro. Gosto de pensar que ninguém morre na véspera e nem atrasado. Quantas pessoas foram acometidas pela COVID e se recuperaram? Milhões de pes­soas. Quantas dessas pessoas ficaram realmente sem nenhuma sequela? Ainda saberemos num futuro certamente próximo.

Como seria eficaz, de verdade, se todos os brasileiros se unis­sem em torno da defesa da vida humana, sem politizar a pande­mia que assola o mundo inteiro. Se deixássemos que cientistas, médicos sérios e defensores da vida das pessoas cuidassem, com o apoio de todos os governantes eleitos para tal, cumprindo sua missão sem nenhuma interferência e pressão da vida humana!

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