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18 de abril de 2024 | 5:14
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Economia

Conta de luz vai subir 21% no próximo ano

O aumento no preço da conta de luz não dará trégua ao consumidor no ano que vem. O reajuste que documentos oficiais do governo e do próprio setor elétrico preveem é superior a 20% em 2022, uma alta que vai turbinar ainda mais a inflação e corroer a renda do cidadão.

A projeção consta de do­cumento interno da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), emitido em 5 de no­vembro, no qual o órgão regu­lador faz uma projeção sobre o impacto financeiro que a atual crise hídrica terá sobre a conta de luz em todo o país, devido às medidas que foram adotadas para garantir o abastecimento de energia. A conclusão é trágica.

“Nossas estimativas apontam para um cenário de impacto ta­rifário médio em 2022 da ordem de 21,04%”, diz o texto. Conside­rando dados da própria Aneel, o reajuste acumulado neste ano só para o consumidor residencial chega a 7,04%, ou seja, o aumen­to projetado para o ano que vem praticamente triplica a alta de 2021. Em 2020, o aumento mé­dio foi de 3,25%.

Nos últimos meses, cada consumidor de energia tem bancado, mensalmente, o cus­to pesado das chamadas “ban­deiras tarifárias”, uma taxa ex­tra que é incluída na conta de luz para pagar o acionamento das usinas térmicas, que são bem mais caras que as hidrelé­tricas. Isso tem ocorrido por causa da falta de chuvas e do esvaziamento dos principais reservatórios do País.

Uma das principais razões de se fazer essa cobrança mensal do consumidor é evitar que essas contas fossem pagas depois, nos reajustes anuais, como acontecia antes. Ocorre que nem mesmo as bandeiras tarifárias têm con­seguido cobrir o rombo atual.

Após analisar as projeções de geração de energia e os cus­tos previstos – incluindo infor­mações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) –, a área técnica da agência regu­ladora concluiu que, até abril de 2022, as “melhores estimati­vas” apontam para um rombo de R$ 13 bilhões.

Isso “já descontada a previ­são de arrecadação da receita da bandeira tarifária patamar escas­sez hídrica no período”, ou seja, o nível mais alto de cobrança da taxa extra. O acionamento de tudo quanto é usina térmica no país não é o único fator que ex­plica o rombo financeiro do se­tor elétrico e que terá de ser qui­tado pelo cidadão. Outra fatura estimada em mais R$ 9 bilhões que será paga pelo consumidor tem origem nas contratações “simplificadas” de energia feitas pelo governo no mês passado.

Trata-se de uma “energia de reserva” que será entregue a partir de maio do ano que vem, para dar mais segurança e evitar o racionamento. Os reajustes são puxados ainda pelo aumento de importação de energia, por meio de contratos firmados com Argentina e Uruguai. Como os reajustes de tarifas são feitos anualmente pela Aneel, após analisar os custos de cada dis­tribuidora de energia do País, o percentual de aumento varia de Estado para Estado.

O aumento do preço da energia, somado à alta dos com­bustíveis e do gás de cozinha, são os fatores que mais afetam a inflação no país e massacram a renda da população, porque seus impactos são dissemina­dos em todo tipo de consumo, seja das famílias ou de empresas. Em setembro, o valor da taxa adicional cobrada nas contas de luz subiu de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consu­midos para R$ 14,20.

O valor vai vigorar até 30 de abril de 2022. A bandeira “escassez hídrica” provocou aumento de 6,78% na tarifa média. Em junho, a agência já havia aprovado um aumento de 52% no valor da bandeira vermelha 2, de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) para R$ 9,49.

Em abril, a conta de luz ficou, em média, 8,95% mais cara para 322.817 consumi­dores de Ribeirão Preto. Ou­tros 4,4 milhões de clientes da CPFL Paulista espalhados por outras 233 cidades do estado de São Paulo também estão pagando mais pelo consumo de energia desde o dia 22.

Para os consumidores resi­denciais e pequenos comércios, que também entram na faixa de baixa tensão, o aumento é de 8,64%. Para os clientes da alta tensão – indústrias, shopping centers e outros estabelecimen­tos de grande porte – o reajus­te ficou em 9,60%. Mas pode esperar que em abril de 2022 deverá ter novo reajuste.

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