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28 de março de 2024 | 20:43
Jornal Tribuna Ribeirão
FOTO: LUCAS FIGUEIREDO/CBF
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Copa América no Brasil: polêmicas, dinheiro e crise entre jogadores, comissão técnica e CBF

A confirmação no come­ço da semana de que a Copa América seria realizada em solo brasileiro pegou todos de surpresa – até mesmo os que são a favor da disputa da competição no Brasil.

Inicialmente, o torneio se­ria realizado com sede dupla, na Argentina e Colômbia, que desistiram de receber o torneio por motivos distin­tos. Na Argentina, o aumento vertiginoso de casos de co­vid-19 nas últimas semanas foi o ponto crucial. Já na Co­lômbia, a grave crise política que o país vive foi o que defi­niu a desistência.

De forma surpreendente, o Brasil apareceu como sede horas depois da confirmação de que a Argentina não sedia­ria o torneio. A Conmebol, inclusive, agradeceu o presi­dente Jair Bolsonaro pela co­laboração na definição sobre a situação.

“Em nome do futebol sul­-americano, quero agradecer ao presidente Jair Bolsona­ro pela eficiência na tomada de decisões e ao ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ra­mos, pela parte operacional em relação à competição”, disse Domínguez em vídeo divulgado pela Conmebol nas redes sociais. “Por fim, uma saudação aos governos locais de cada um dos Esta­dos por acolherem a Copa América 2021”, acrescentou o dirigente.

A partir daí, uma série de fatores foram desencadeados. O mais forte são as criticas, já que o Brasil é o 2º pais no mundo que mais mata de co­vid-19, soma mais de 462 mil mortes, tem baixo percentual de vacinados e está, de acor­do com especialistas, prestes a entrar numa terceira onda da doença.

Evitar “rombo” financeiro
O cancelamento do tor­neio (mesmo sem torcida) significaria um rombo ainda maior nas contas da Conme­bol. As cotas de patrocínio costumam ajudar a custear ações que acontecem antes de um evento, como ativa­ções de publicidade, estru­tura de venda de ingressos, transporte e hospedagem. Se houver cancelamento, os patrocinadores pedirão o ressarcimento dos valores. Por isso, os organizadores se esforçam para manter a rea­lização dos eventos, mesmo que sejam adiados, como os Jogos Olímpicos de Tóquio, por exemplo.

“Sendo cancelado o tor­neio, como regra geral, os patrocinadores e detentores dos direitos de transmissão ficam desobrigados de pagar os valores devidos à Conme­bol. Caso tenham antecipado algum valor, eles podem soli­citar o ressarcimento”, explica Eduardo Carlezzo, advoga­do especializado em direito esportivo. “No caso da CBF, que tem estabilidade finan­ceira, o impacto é mínimo. Já para outras federações meno­res, como Bolívia e Venezue­la, por exemplo, esse dinheiro faria muita falta”, completa o especialista.

Inclusive quem pagou pe­los direitos de TV pode pedir ressarcimento se o torneio não acontecer. Nesta edição do torneio, o SBT é o dono da transmissão na TV aber­ta. A emissora paulista ofe­receu US$ 6 milhões (R$ 30 milhões). Na TV fechada, a Dentsu, agência responsável por negociar os direitos da Conmebol, assinou contrato com a Disney (canais Fox e ESPN).

Realizar a Copa América se tornou fundamental após os resultados ruins do ano passado. A receita total foi de US$ 329,8 milhões (R$ 1.698 milhões), o que representa uma queda de 33% em com­paração com o ano de 2019. Um dos principais motivos para o prejuízo está no encer­ramento dos contratos televi­sivos da DAZN (Sul-Ameri­cana) e Globo (Libertadores).

Darcio Genicolo, pro­fessor do Departamento de Economia da PUC-SP e pes­quisador do Insper, vê um componente político na re­alização do torneio. “É uma demonstração de força polí­tica da Conmebol, que busca se reerguer do ponto de vista institucional após os escân­dalos de anos atrás. Também é preciso lembrar a disputa entre os clubes e a Uefa na Europa. A Copa América é uma tentativa de coesão. E a CBF quer fortalecer sua re­lação com a confederação”, analisa.

Estados com mais de 85% de ocupação nos leitos de Covid
Os estados de Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal, anun­ciados pelo Governo Federal para receber os jogos da Copa América, apresentam índices de, no mínimo, 85% de ocu­pação de leitos de UTI (Uni­dade de Terapia Intensiva). O índice de ocupação mostra o agravamento da pandemia de covi-19 no País. De acordo com informações fornecidas pelas secretarias estaduais, nenhum dos Estados onde os jogos serão realizados con­trolaram a pandemia.

O médico infectologis­ta Julio Croda, que conhece a região Centro-Oeste, pois leciona na Universidade Fe­deral do Mato Grosso do Sul (UFMS), afirma que os esta­dos do centro do País ainda não controlaram a pandemia. “Acho que não seria adequa­do fazer o torneio no Brasil porque ainda não temos uma situação tranquila em rela­ção ao controle da pandemia. Em nenhum Estado”, afirma o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Desgaste com jogadores e Tite
Segundo informações de setoristas da seleção brasi­leira, o clima entre CBF, jo­gadores e comissão técnica é péssimo. Diversos atletas são contrários à realização da competição no país por conta dos desdobramentos da pan­demia e por falta de dialogo com a CBF.

Os jogadores – que estão concentrados para o con­fronto das Eliminatórias diante do Equador – alegam que foram avisados sobre a disputa do torneio no Bra­sil através da imprensa. Eles queriam um aviso formal da direção da CBF.

Já o técnico Tite está cha­teado com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Rogério Caboclo. Áudios vazados do manda­tário com críticas ao estafe do treinador são o motivo. O treinador, inclusive, pro­meteu se posicionar sobre o assunto Copa América após o jogo contra o Paraguai, na terça-feira (8).

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