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29 de março de 2024 | 7:38
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Covid-19: Quando e como reabrir as escolas (13)

Depressão e ansiedade generalizadas são duas das mais comuns preocupações de saúde mental ao longo da juventude. Sintomas depressivos, que incluem sentimentos de tristeza, perda de interesse e prazer nas atividades, bem como, in­terrupções nas funções reguladas, do tipo sono e apetite, podem ser exacerbados durante a pandemia enquanto resultado do isolamento social devido ao fechamento de escolas e ao distanciamento físico e social impostos para conter a disseminação do vírus. Por sua vez, nesse mesmo contexto, os sintomas de ansiedade na juventude, mani­festados como preocupação incontrolável, medo, super­-excitação, incerteza, interrupções nas atividades diárias e preocupações com a saúde e com o bem-estar da família e entes queridos são muito prováveis de serem associados ao aumento da ansiedade generalizada entre os jovens.

Atentos a isso, Racine e colaboradores (JAMA Pediatrics, August 9, 2021) buscando aferir, com precisão, a prevalência global de sintomas de depressão e ansiedade clinicamente mais elevados em crianças e adolescentes, durante a covid-19, realizaram um estudo meta-analítico comparando estas taxas com as estimativas pré-pandêmicas, bem como, examinando se variá­veis demográficas, geográficas e metodológicas poderiam explicar a variabilidade na predomi­nância das taxas de prevalência entre os estudos.

Um total de 29 estudos foi incluído na meta-análise, dos quais 26 tiveram relatos de sintomas pelos próprios jovens e 3 tiveram relatos dos pais sobre os sintomas da crianças. Considerando todos os 29 estudos, 80.879 participantes foram incluídos para análise, dentre os quais 52,7% foram do sexo feminino e a idade média foi de 13 anos, variando de 4,1 a 17,6 anos de idade. Dezesseis estudos (55,2%) eram do Leste Asiático, 4 eram da Europa (13,8%), 6 eram da América do Norte (20,7%), 2 eram da América Central e da América do Sul (6,9%),e 1 estudo era do Oriente Médio (3,4%). Oito estudos (27,6%) relataram ter partici­pantes de minorias raciais ou étnicas com a média entre os estudos sendo de 36,9%.

Combinando-se os dados de 26 estudos, a prevalência agregada dos sintomas de depres­são, clinicamente elevados em jovens durante a covid-19, foi de 25,2%. Quando o número de meses no ano aumentava, também se observou um aumento na prevalência dos sintomas de depressão. As taxas de prevalência foram mais elevadas quando a idade das crianças aumenta­va e, também, quando a porcentagem de indivíduos do sexo feminino aumentava. Em relação à taxa agregada de prevalência de sintomas de ansiedade clinicamente elevada, combinando-se dados de 25 estudos, a taxa alcançou o valor de 20,5%. Do mesmo modo, quando o número de meses do ano era elevado, aumentava-se também a prevalência dos sintomas de ansiedade. As taxas de prevalência de ansiedade clinicamente elevada foram mais altas quando a freqüência de sexo feminino na amostra aumentava. Além disso, foram mais elevadas em países europeus quando comparadas com países da Ásia Oriental.

Tomados juntos os dados do diferentes estudos fornecem uma estimativa atual das taxas de sintomas de depressão clinicamente elevada e ansiedade generalizada, sintomas entre os jovens durante a pandemia. Em 29 amostras e 80.879 jovens, as prevalências agrupadas de sintomas de depressão e ansiedade clinicamente elevadas foram de 25,2% e 20,5%, respectivamente. Assim, 1 em cada 4 jovens em todo o mundo estão passando por ele­vados níveis clínicos de sintomas de depressão, enquanto 1 em cada 5 jovens está experimentando sintomas de ansiedade clinicamente elevados. Uma comparação dessas descobertas com as estimativas pré-pandêmicas (12,9% para depressão e 11,6% para ansiedade) sugere que as difi­culdades de saúde mental dos jovens durante a pandemia de covid-19 provavelmente dobrou.

Embora esta meta-análise revele uma necessidade urgente de intervenção e esforços de recuperação voltados para melhorar o bem-estar das crianças e dos adolescentes, também destaca que as diferenças individuais precisam ser consideradas ao determinar os alvos para intervenção (por exemplo, idade, sexo, exposição a estressores covid-19). Pesquisas adicionais sobre os efeitos de longo prazo da Pandemia de covid-19 na saúde mental, incluindo estudos com medidas pré e pós-covid-19, tornam-se necessários para aumentar a compreensão das implicações desta crise na trajetória de saúde mental das crianças e jovens de hoje.

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