O projeto neoliberalista que está sendo instituído no Brasil tem como prioridade acabar com as instituições republicanas, e extinguir o debilitado controle social. Há uma aposta deliberada no confronto, e isso cria um clima ideal para a implantação da violência. O Brasil está experimentando um obscurantismo perigoso, pois os ganhos sociais previstos na Constituição cidadã foram minados no nascedouro. Fala-se muito que a solução para os problemas sociais brasileiros passa indubitavelmente pela educação básica pública, mas o topo da pirâmide, que tem o poder financeiro é entreguista e vai fazer tudo para que o passado que deveria estar sepultado volte com força para nos levar para as trevas.
Essa gente desqualificada ética e moralmente quer estigmatizar os problemas da educação básica pública, como sendo um problema de ideologia de esquerda, no entanto essa ideologia nunca conseguiu entrar nas escolas públicas, mas recebe as glórias de uma coisa que nunca fez. O projeto bem ajambrado pelo Estado de manter a velha política da alienação na educação básica pública ficou claro quando não permitiram que nas aulas de história fossem contadas as atrocidades cometidas na ditadura cívico-militar, e com isso conseguiram alienar diversas gerações, que nos dias de hoje, por puro desconhecimento, apoiam as políticas criminosas que excluem o seu próprio povo.
O dinheiro carimbado da educação básica transita pelos caminhos da corrupção, abastecendo o bem estar dessa gente de “bem”, que conhece como ninguém as falcatruas para se apossar do erário em benefício próprio. As políticas públicas para a educação, que mostravam novas perspectivas sempre encontraram grandes resistências do Congresso Nacional, haja vista a primeira LDBEN, que ficou tramitando durante treze anos, pois queriam destinar a maior parte do dinheiro da educação básica para as instituições confessionais; não conseguiram, mas não desistiram.
Essa gente de “bem” não quer um País minimamente igualitário, e para que isso aconteça é indispensável que a servidão dos mais humildes seja a plataforma do seu poder. Não há crise na educação básica brasileira, o que há é um projeto de destruição promovido pelos vendilhões da pátria, que através de leis criminosas querem tirar todos os direitos dos filhos da classe trabalhadora extinguindo as políticas sociais do Estado – e para os que não se enquadrarem no sistema a filantropia, que sempre é financiada pelo erário vai cuidar da educação dos desamparados, e assim teremos as classes sociais bem definidas.
O comportamento e a convivência social de uma Nação é fruto do amálgama entre a educação formal e informal, e o Estado tem o papel primordial nesta mistura. Acontece que no Brasil a segregação, o racismo e o preconceito estão criando uma guerra cultural. Sucatear a escola básica pública é ponto de honra, tentaram levar o dinheiro do Fundeb para as instituições confessionais, ao arrepio da lei criaram escolas cívico-militares para aprofundar a alienação, e agora vem a educação domiciliar, para aumentar ainda mais a disparidade social, e excluir de vez a cidadania.
Demonizam o Estado, para não permitir que o mesmo seja provedor de políticas públicas que acabe com a pobreza, segundo o pensamento “liberal” o desenvolvimento só será possível se tudo for privatizado, pois na visão dessa gente de “bem”, o Estado atrapalha. No entanto a história mostra que não houve nenhum país que alcançasse o desenvolvimento científico, tecnológico e social sem a mão pesada do Estado. Acontece que o Brasil não tem elite, o que temos é gente milionária que vive lambendo as botas do Império da vez, que estão entregando a nossa soberania, para servir de experimento e de laboratório para essa política neoliberal devastadora que não deu certo em lugar nenhum.