O número de casos de dengue no primeiro semestre deste ano, em Ribeirão Preto, é 15 vezes superior ao total de 2021 inteiro. Entre 1º de janeiro e 30 de junho, a cidade contabiliza 5.507 vítimas do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e amarela na área urbana –, contra 359 de todo o ano passado. São 5.148 a mais e alta de 1.434%.
A média de infecções este ano chega a 30 pacientes por dia na cidade, mais de um por hora. Em junho, esta taxa era de dez. Segundo os dados divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde nesta terça-feira, 5 de julho, Ribeirão Preto começou 2022 com 52 casos em janeiro, em fevereiro este número saltou para 194, em março disparou para 1.023, em abril chegou a 2.349, fechou maio em 1.601 e soma 288 em junho, queda de 82% na comparação com o mês anterior, 1.313 a menos.
Mas é 1.340% superior do que as 20 ocorrências de junho de 2021. São 268 a mais. Na comparação entre os seis primeiros meses, a alta em Ribeirão Preto chega a 1.799%. São 5.217 vítimas do Aedes aegypti a mais que as 290 do mesmo período do ano passado. O aumento de casos da doença acende o sinal de alerta na cidade.
O número de casos despencou em Ribeirão Preto no ano passado, na comparação com 2020. Segundo dados do Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde, em 2020 foram registrados 17.606. Ou seja, a queda é de 98%, ou 17.247 a menos. Este ano, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) investiga mais 10.470 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames.
Não há mortes por dengue neste ano na cidade, assim como ocorreu em 2021. Em 2020, ocorreram onze óbitos, mas um caso era importado de São Simão. No total oficial, Ribeirão Preto fechou 2020 com dez ocorrências fatais, sete a mais do que os três falecimentos de 2019, alta de 233,3%. O número de dez mortos pelo Aedes aegypti é o maior em pelo menos seis anos (desde 2016).
Antes de 2019, a cidade não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus. O número total de vítimas do Aedes aegypti em 2020 é 21,3% superior ao de 14.520 pessoas infectadas em 2019 – de acordo com dados atualizados pela Secretaria da Saúde –, 3.086 ocorrências a mais.
A última vez que Ribeirão Preto declarou epidemia de dengue foi há quase dois anos, desde a primeira metade de 2020, a sexta em onze anos. Na época, a média diária de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo Aedes aegypti em 365 dias foi de 48, duas por hora.
Em 2022, as pessoas com idade entre 20 e 39 anos lideram com 2.008 ocorrências, seguidas por quem tem entre 40 e 59 anos (1.377), crianças e adolescentes de 10 a 19 anos (866), idosos de 60 anos ou mais (595), crianças de 5 a 9 anos (417), de 1 a 4 anos (205) e menos de um ano (39).
No ano passado, a Zona Leste liderou com 165 ocorrências. Depois aparecem as regiões Oeste (63), Norte (51), Sul (46) e Central (34). Em 2022 são 1.966 na Zona Leste, 1.197 na Norte, 885 na Central, 784 na Oeste e 642 na Sul, além de 33 registros sem identificação de distrito.
Em pouco mais de 13 anos, Ribeirão Preto já registrou 146.856 casos de dengue, mas este número pode ser quatro vezes superior – de 587.424. No ano passado, Ribeirão Preto também teve dois casos de febre chikungunya importados da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, e Goiânia, capital do Estado de Goiás. Não há ocorrências em 2022. Nem de zika vírus e sarampo em 2021 e neste ano.
Oitenta por cento dos focos de dengue estão dentro das casas da cidade. Em Ribeirão Preto, no primeiro quadrimestre deste ano, os agentes encontraram criadouros do Aedes aegypt em 10% dos 170 mil imóveis visitados. Ou seja, em 17 mil foram encontrados criadouros do mosquito. Mais de 37 toneladas de materiais que podem servir de criadouros para o mosquito foram retiradas das casas durante arrastões de limpeza somente neste ano. A prefeitura também recolheu mais de 1.900 pneus abandonados em terrenos baldios.
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700 casos
2010 – 29.637 casos
2011 – 23.384 casos
2012 – 317 casos
2013 – 13.179 casos
2014 – 398 casos
2015 – 4.689 casos
2016 – 35.043 casos
2017 – 246 casos
2018 – 271 casos
2019 – 14.520 casos
2020 – 17.606 casos
2021 – 359 casos
2022 – 5.507 casos
Total desde 2009: 146.856, mas estudo da SMS aponta que o número pode ser quatro vezes superior, de 587.424