Amanhã é um dia importante para as cidades que, em segundo turno, vão às urnas escolher quem as governará nos próximos quatro anos. Em Ribeirão Preto a disputa está acirrada e uma música lançada recentemente chama a atenção, pois aponta que o melhor lugar para morar é na propaganda eleitoral.
Realmente as cidades apresentadas por candidatos à reeleição são muito diferentes daquelas onde as pessoas efetivamente vivem. Alguns cidadãos chegam a ficar irritados com a desfaçatez de determinados alcaides que tentam esconder as mazelas da saúde, educação, transporte público, segurança e zeladoria, maquiando números e distorcendo informações.
Há lugares onde o roteiro eleitoral seguiu os padrões antigos com a realização de obras no último ano, distribuição de cestas básicas e comissionados trabalhando como cabos eleitorais. Nas redes sociais a situação fica mais gritante e comprova que, diferente do discurso, as velhas práticas políticas continuam. É o vale tudo para permanecer no poder.
Fora dos embates políticos, outro fato mereceu destaque, a divulgação de áudios com teor racista que agitou as redes sociais. Neles dois empresários conversam e um sugere estratégias para selecionar o público que frequenta o estabelecimento, entre as quais utilizar o “pagode de branco” para “limpar” o ambiente.
No mês da Consciência Negra muito foi dito sobre o preconceito velado e sobre a falsa democracia racial e fatos como os revelados pelos áudios somente reforçam o que acontece no cotidiano. A negação da existência da discriminação racial está presente, inclusive nos planos de governo. Um exemplo ocorreu nadisputa à Prefeitura de São Paulo, onde cinco dos 14 candidatos não citaram as palavras “racismo”, “negro” ou “negra” em seus planos de governo.
A partir de segunda-feira o cenário político fica definido e começam os preparativos para os futuros mandatos, onde a nova Câmara Municipal deverá fiscalizar um executivo que encontrará dificuldades de recursos financeiros e terá que enfrentar diversas demandas reais.
Todos sonham com uma cidade melhor, onde os gestores públicos concretizem políticas públicas e ações modernas e efetivas que garantam desenvolvimento, prosperidade e reduzam todos os tipos de desigualdade.
Mudar é preciso e mais que um substantivo feminino ou um desejo, mudança é uma necessidade urgente. Mudança de nomes, mudanças de posturas, mudança de formas de ver e agir no mundo.
Quem circula por nossas cidades percebe que não eliminamos as diferenças sociais e econômicas, para piorar, a multiplicação de discursos racistas, homofóbicos e preconceituosos demonstra que descemos mais um degrau na caminhada rumo a uma sociedade mais inclusiva, justa, humana, criativa e sustentável.