Foi um período de trevas, em que a ditadura militar torturou, perseguiu, matou e desapareceu com muita gente. Mas não há noite que não amanheça, e nem tempestade que não tenha fim – a abertura política iniciada no fim da década de 1970 trouxe uma nova luz para começar a dissipar as trevas de um período tão triste de nossa história.
A abertura democrática despertou na população o interesse em conduzir os seus próprios caminhos, e a criação das Conferências Brasileiras de Educação (CBEs) assinalou uma ruptura com as forças pensantes anteriores, pois defendia a gestão democrática na educação pública.
Foi à base do capítulo educação da Constituição de 1988, e esse movimento foi contagiando e tomando conta do cotidiano, eclodindo no movimento das “Diretas já”, que levou milhões de pessoas para as ruas para pedir eleição direta para a Presidência da República.
Chegamos ao século 21 e aquelas previsões lançadas no final do século 20, de que teríamos um século de luz e harmonia constante entre os povos, que finalmente o “futuro” chegaria para o Brasil, não aconteceu. Ao final da segunda década, o que se vê são nuvens carregadas de discórdia, preconceito e saudosismo de gente que passou pela vida e não viveu. E o não ter vivido, quer ressuscitar os anos de chumbo e dissipar a luz incipiente de uma jovem democracia, querendo matá-la no nascedouro.
O nível deplorável dos parlamentares eleitos em 2018 é a prova cabal de que nos encontramos num período de obscuridade e de um fundamentalismo religioso jamais visto na nossa história. A educação básica mundial bebe na fonte dos nossos teóricos para ter uma educação de excelência. No entanto, suas teorias, segundo o modelo estabelecido por uma elite política, formadas por lambe-botas, não servem para a nossa educação básica.
Discursos de dois deputados bozonaristas esta semana na Câmara Federal mostram o nível deplorável dessa gente. Para defender a proposta do ministro da Educação, que é a militarização da educação básica nas periferias pobres, atacaram virulentamente a figura do Patrono da Educação brasileira, o grande Paulo Freire – estes nobres parlamentares têm que lavar a boca com hipoclorito de sódio para poder pronunciar o nome desta figura conhecida e reconhecida mundialmente.
O nível do analfabetismo funcional destas figuras tacanhas é de assombrar. Mas não ficaram sem respostas. Glauber Braga, deputado do PSOL que chamou o juiz herói de “corrupto e ladrão”, ironizou o discurso dos dois obtusos usando duas analogias do futebol: “O Pelé só fez mais de mil gols porque ele não ficou contando a cada gol que fazia, e porque não se deve gastar energia com jogador ruim; esse a grama marca”.
Temos que gritar, mas um grito que estremeça e quebre vidraças: “ditadura nunca mais!!!”