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29 de março de 2024 | 6:20
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Elba, Reeleição, Mensalão, Petrolão e Tratoraço

Ricardo Lima Melo Dantas é advogado, pós-graduado em tributos pelo IBET e pela FUNDACE, reside em Ribeirão Preto/SP e escreve em seu Blog: www.ricardodantas.blog.br

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Caro leitor, é sempre bom, ao analisar o presente, ter em conta o passado. Mormente quando se quer planejar algum futuro mais promissor para o país.

Fernando Collor – primeiro presidente do Brasil eleito diretamente pelo voto popular após o fim do Regime Militar – representava o símbolo de uma nova fase da política brasileira, tanto que um dos slogans principais de sua campanha era a “caça aos marajás”, isto é, aos detentores de privilégios concedidos por conchavos políticos. Sucede que, além da enorme crise financeira, inflação galopante e confisco da poupança da população, Collor enfrentou acusação de corrupção. Ele supostamente teria recebido uma Fiat Elba, cujo valor seria proveniente de contas fantasma de PC Farias. Acabou sofrendo impeachment.

Seu xará, Fernando Henrique Cardoso, foi nomeado por Itamar Franco como ministro das Relações Exteriores e, depois, como ministro da Fazenda. Ali, chefiou a elaboração do Plano Real, que estabilizou a economia e acabou com a hiperinflação. Acabou eleito Presidente da República no 1º turno em 1994. Porém, como é sedutor o Poder, FHC achou por bem votar e aprovar uma emenda constitucional para permanecer no cargo. Houve rumores de compra de votos para aprovação da reeleição. A esse respeito, no curso da operação Lava Jato, em delação premiada, o ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, disse que alguns empresários apoiadores do tucano teriam “distribuído bilhetes a parlamentares que acabavam de votar para que se encaminhassem a um doleiro em Brasília e recebessem propinas em dólares americanos”. FHC não foi investigado por isso.

Depois, no ano de 2003, assumiu a presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Uma de suas principais bandeiras era justamente a “ética” na gestão, que era bastante propalada pelo Partido dos Trabalhadores. Entretanto, já no ano de 2005 um enorme esquema de corrupção comandado pelo PT deixou os cidadãos escandalizados: o mensalão. Nesse caso o STF acabou por condenar 25 pessoas, incluindo o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o ex-presidente do PT, José Genoíno, e seu ex-tesoureiro, Delúbio Soares.

Lula foi reeleito e, depois, sucedido por sua indicada Dilma Rousseff, que assumiu a presidência no ano de 2011. Foi durante seu primeiro mandato que teve início a famosa operação Lava Jato e, em seu curso, foi desvendado um consórcio delitivo denominado petrolão. Conforme amplamente divulgado, tratava-se de um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, ocorrido durante os governos Lula e Dilma, que envolvia a cobrança de propina das empreiteiras, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e superfaturamentos de obras contratadas para abastecer os cofres de partidos da base governista, funcionários da estatal e também para comprar apoio de políticos.

Agora, viemos parar no atual e último escândalo, já sob a batuta do presidente Jair Bolsonaro. O caso está sendo chamado de tratoraço nos veículos de mídia e foi revelado pelo Estadão, em cuja reportagem se diz que tal esquema teria sido montado pelo governo no final do ano passado, para aumentar sua base de apoio no Congresso, por meio de um “orçamento paralelo de R$3 bilhões em emendas”, boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência.

Perceba, então, caro leitor, que desde nossa redemocratização, pelo menos, as coisas funcionam mais ou menos de forma parecida. Mudam os atores e não muda o drama! É um claro sinal de que nosso sistema de governo está falido. E mesmo que o Judiciário tenha inocentado todos os presidentes citados acima, não se pode afirmar que nada disso ocorreu… A verdade é teimosa, mesmo que te contem diferentes versões dela.

As eleições de 2022 vêm aí! Será uma ótima oportunidade para acabar com fantasmas do presente e também do passado. Podemos ser novamente iludidos, mas, vale tentar mudar!

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