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29 de março de 2024 | 6:30
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Estamos sem clima para o debate?

“O jeito mais rápido é ir devagar”. Aprendi muito com esta frase nas me­ditações conduzidas pelo guru indiano Sri Ravi Shankar, o fundador de uma das maiores organizações para a paz e para o controle do estresse, o Arte de Viver. Shankar desenvolveu técnicas de respiração poderosas que nos ajudam a controlar a ansiedade, obter saúde e almejar sabedorias.

Daqui 15 dias, no dia 15 de novembro, vamos novamente às urnas. Mesmo com a queda no número de casos e de mortes pela covid-19, mantenho a posição de que este pleito deveria ter sido adiado para meados de 2021. Rogo e rezo para que nos dois turnos não tenhamos uma situação de insegurança sanitária ainda maior, em função de um possível recrudescimento da pandemia.

Após consultar os programas de governo dos candidatos a prefeito de Ribei­rão Preto no sítio eletrônico do TSE, constato que nenhum deles traz proposta factível para o enfrentamento das consequências da mudança do clima. Talvez a vida apressada dos postulantes ao Palácio Rio Branco não tenha lhes permitido ler, receber assessoramento adequado ou ver um bom documentário a respeito do tema. No entanto, o fato deste assunto não aparecer nas falas, nas propostas e tão pouco nos debates, que infelizmente não ocorrerão, me preocupa bastante.

Como um estudioso do assunto, não um especialista, tenho plena cons­ciência de que nosso amanhã é hoje. Quando saímos correndo olhando para traz, as chances de trombarmos logo ali adiante é grande. Recomendo então que paremos e mudemos o sentido desse modelão de desenvolvimento ao qual nos encontramos aprisionados. Nada mais anacrônico do que enxergar a proteção ambiental como algo que atrapalha a economia. Gerar riqueza para acumular e excluir?

Trago algumas propostas para realçar essa discussão, na tentativa de diminuir a opacidade do tema na cena eleitoral.

Preliminarmente, tomar a decisão política de compor o Conselho Mu­nicipal de Mudança do Clima com a função objetiva de aprimorar e ajudar a implementar o plano de mitigação e de adaptação, conforme redação dada na proposta de revisão do Código Municipal do Meio Ambiente.

Em seguida ou concomitantemente, constituir e estruturar uma gerência de proteção ao clima no âmbito da Secretaria Municipal do Meio Ambiente com a função de elaborar e contratar os estudos preliminares – também já previstos na redação do novo código. Destaco aqui a necessidade preliminar do estudo de vulnerabilidade do município e da região metropolitana peran­te as mudanças climáticas.

Trazer para o seio do governo a coordenação de medidas de compatibili­zação energética, econômica e ecológica com todas as políticas intersetoriais.

Investir com destinação de recursos próprios e externos, em políticas de fortalecimento de cadeias produtivas mais sustentáveis, nos diferentes setores econômicos, tais como transportes, alimentação, construção civil e recuperação ambiental. Que sejam políticas públicas atentas às iniciativas já em curso. Vejam que a sociedade apresenta respostas às crises permanentemente; é a gestão pública que mira e prioriza seu funcionamento para interesses particulares.

Conceber e implementar uma forte estratégia de comunicação para buscar uma compreensão mútua dos desafios, incluindo processos contínuos de participação de diferentes grupos de interesses. Criar condições admi­nistrativas favoráveis à implementação e fortalecimento dos instrumentos da política ambiental do município, todos eles devidamente explicitados na redação do novo código de meio ambiente. Será preciso trazer a legislação ambiental para a gestão local!

Somente somando esforços e competências vamos garantir, minimamen­te, a dignidade da vida para os próximos anos. Parem! Procurem se informar corretamente e vocês enxergarão que o enorme desafio climático se apresenta como uma oportunidade. A transição deve ser feita em conjunto e com segu­rança. Para isso, teremos que planejar como os alemães.

De imediato recomendo que comecemos a nos acostumar com a ideia de possuir menos e de acharmos correto a perda de privilégios. Há um bem maior a ser alcançado em conjunto: o prazer de descansar com segurança ainda em vida. Durmam com essa!

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