Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), entre 29 de abril e 12 de maio, ouviu 76 hospitais privados paulistas – 1.518 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e 5.725 leitos clínicos – para levantar os principais problemas enfrentados pelos estabelecimentos nesse período, quando houve significativo recuo no atendimento de pacientes com covid-19.
O aumento nos preços de materiais e medicamentos é citado como o principal problema enfrentado atualmente por 30% dos hospitais pesquisados, seguido da falta ou dificuldade para aquisição de medicamentos (25%). Só 14% dos hospitais pesquisados não estão enfrentando problemas com falta ou aquisição de medicamentos.
Os três medicamentos mais citados, que estão em falta ou com estoque abaixo do nível de segurança nos hospitais, são dipirona (25%), Dramin B6 (18%) e Neostgmina (17%). Segundo o médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, a falta de medicamentos, materiais e equipamentos de saúde ficou evidenciada desde o início da pandemia de covid-19.
“Observamos a necessidade primordial de criarmos uma proposta de saúde que possa responder a crises sanitárias como a da covid-19 e oferecer um sistema de saúde mais responsivo e melhor estruturado. A proposta Saúde SP, que entregaremos ao governador Rodrigo Garcia (PSDB), elenca, entre dez propostas, o incentivo à inovação da indústria da saúde nacional dentro de um modelo de produção e desenvolvimento econômico”, diz.
“Para isso, é preciso definir o campo da saúde como prioridade para o desenvolvimento econômico do estado de São Paulo”, emenda. “Nosso objetivo na proposta é diminuir, em dois anos, em 30% a dependência de matéria-prima de origem externa para fármacos. E impulsionar a produção de IFAs (Ingredientes Farmacêuticos Ativos) no Estado, diminuindo a dependência externa”, destaca.
Paralelamente, o projeto propõe ampliar o investimento em ciência, tecnologia e inovação no Estado, que hoje é de apenas 5% anuais. Quando questionados se percebem uma demanda reprimida de atendimento pós-pandemia, o resultado é praticamente um empate: 51% afirmam que sim e, 49%, que não existe demanda reprimida. 97% dos hospitais pesquisados atendem a pacientes com covid-19 e desses, 92% reduziram o número de leitos para atendimento da doença nos últimos 30 dias.
A taxa de ocupação dos leitos clínicos para covid-19 é de até 20% em 64% dos pesquisados. 31% não têm pacientes internados com a doença enquanto a taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 também está baixa: é de até 20% em 53% dos hospitais pesquisados e 42% dos estabelecimentos não têm pacientes internados com a doença.
As três principais causas de atendimento nos serviços de urgência e emergência, prevaleceram, nos últimos 30 dias, atendimentos por doenças infecciosas (29%) e por complicações relacionadas a doenças crônicas e degenerativas (28%) e outras síndromes respiratórias (28%).
Por outro lado, as três principais causas de internação nos últimos 30 dias, foram: complicações relacionadas a doenças crônico-degenerativas (asma, câncer, diabetes, hipertensão e outras), com 33%; seguida de traumas e cirurgias relacionadas (26%) e outras cirurgias (18%).
Já os leitos de UTI dos hospitais pesquisados estavam majoritariamente ocupados, nos últimos 30 dias, por complicações relacionadas a doenças crônico-degenerativas (asma, câncer, diabetes, hipertensão e outras), com 33%, seguida de traumas e cirurgias relacionadas (26%) e outras cirurgias (18%).
Remédios vendidos a hospitais sobem 3,57%
Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil subiram pela quinta vez consecutiva. Da passagem de março para abril o reajuste foi de 3,57%, segundo o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador desenvolvido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a Bionexo – healthtech líder em soluções digitais para gestão em saúde.
Os preços dos remédios subiram três vezes mais que a inflação agregada medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que no mesmo mês subiu 1,06%. Até mesmo o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), indicador de inflação muito influenciado pela movimentação dos preços das commodities no exterior, subiu menos em abril, ao entregar uma taxa de inflação de 1,41%.
No mesmo período da taxa de câmbio mostrou uma variação negativa de 4,23%. Para Rafael Barbosa, CEO da Bionexo, a elevação mais expressiva em abril já era esperada por causa dos reajustes anuais nos preços dos medicamentos de até 10,89%, segundo regulamentação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).