A residência do ex-presidente Donald Trump Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, foi revistada na segunda-feira, 8 de agosto, pelo FBI como parte de uma longa investigação sobre se documentos – alguns deles ultrassecretos – foram levados para lá em vez de serem enviados para os Arquivos Nacionais quando o republicano deixou a Casa Branca.
Críticas
O fato desperta críticas de republicanos enquanto Trump diz sofrer perseguição política. A notícia da busca autorizada pela Justiça foi divulgada inicialmente pelo próprio ex-presidente, por meio de suas redes sociais, e provocou críticas de seus colegas republicanos, incluindo o líder da minoria na Câmara Kevin McCarthy.
Ele ameaçou investigar o Departamento de Justiça se o Partido Republicano assumir o controle da Casa após as eleições de meio de mandato. Outros legisladores republicanos usaram as redes sociais par criticar a operação e acusaram o Departamento de Justiça de exceder suas funções.
A porta-voz do Departamento de Justiça, Dena Iverson, se recusou a comentar sobre a busca, inclusive sobre se o procurador-geral Merrick Garland a autorizou pessoalmente. A ação em Mar-a-Lago é um movimento que representa uma escalada sem precedentes nas investigações contra Trump.
Cofre
Ele afirmou que os agentes do FBI abriram um cofre em sua casa durante uma “incursão não anunciada ligada à má conduta da Promotoria”. E ocorre em meio a uma investigação separada sobre os esforços para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020, aumentando o perigo de tornar o ex-presidente inelegível enquanto ele se prepara para concorrer novamente à Presidência em 2024.
O ex-presidente afirmou que estava cooperando com as agências, mas está sendo perseguido. “Depois de trabalhar e cooperar com as agências governamentais relevantes, essa invasão não anunciada não era necessária ou apropriada”, disse Trump em um comunicado.
Acusações
Existem várias leis federais que determinam sobre o manuseio de documentos confidenciais, incluindo estatutos que tornam crime remover esse material e mantê-lo em um local não autorizado. Embora um mandado de busca não sugira que acusações criminais estão próximas, autoridades federais que desejam obter uma precisam, primeiro, demonstrar a um juiz que têm indício crível de que um crime foi cometido.
Caixas
Os Arquivos Nacionais disseram em fevereiro que recuperaram 15 caixas de documentos da propriedade de Trump na Flórida. Segundo o jornal americano The Washington Post, as caixas continham documentos altamente confidenciais que o ex-presidente levou de Washington após sua derrota nas eleições de 2020.
Obama
Os documentos – que também incluíam correspondência do ex-presidente Barack Obama – deveriam ter sido entregues por lei no final da presidência de Trump, mas acabaram em seu complexo de Mar-a-Lago. A recuperação das caixas levantou questões sobre a conformidade de Trump com as leis de registros presidenciais promulgadas após o escândalo de Watergate na década de 1970, que exigem que os presidentes preservem registros relacionados à atividade de seu governo.
Os Arquivos Nacionais então solicitaram que o Departamento de Justiça abrisse uma investigação sobre as práticas de Trump. O ex-presidente havia dito que os registros presidenciais haviam sido entregues “em um processo comum e rotineiro”. Seu filho Eric disse na Fox News, na noite da segunda-feira, que passou o dia com seu pai e a busca aconteceu porque “os Arquivos Nacionais queriam corroborar se Donald Trump tinha ou não algum documento em sua posse”.
Mudança
Questionado sobre como os documentos foram parar em Mar-a-Lago, Eric Trump disse que as caixas estavam entre os itens que foram retirados da Casa Branca durante as “seis horas” no dia da posse, enquanto os Biden se preparavam para entrar no prédio. “Meu pai sempre guardou notícias sobre a Casa Branca. Ele tinha caixas quando se mudou da Casa Branca”, afirmou Eric.
Funcionários da Casa Branca chegaram a descobrir maços de papel entupindo banheiros, levando-os a acreditar que Trump tentou se livrar de certos documentos, de acordo com um livro de Maggie Haberman, repórter do jornal The New York Times.