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19 de abril de 2024 | 5:26
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Federais confirmam ‘acordo prévio’

Foto: Alfredo Risk

O juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Crimi­nal de Ribeirão Preto, abriu nesta segunda-feira, 25 de setembro, a série de audiências para ouvir oito testemunhas de acusação e uma de defesa (o filho da advogada Maria Zuely Alves Librandi) das seis pessoas que são rés na ação penal da Operação Sevandija que investiga fraude e pagamento de propina envolvendo os honorários advocatícios do acordo do Plano Collor (pagamento dos 28,35%).

O delegado Flavio Vieitez Reis, uma das primeiras testemunhas de acusação a falar, e os agentes da Polícia Federal Luiz Alécio Janones e Roni Claudio Sterf Pires partici­param da audiência de abertura. Eles reforçaram que o alto escalão da ex-prefeita Dárcy Vera (PSD) fez parte de um acordo prévio que, mais tarde, garantiu o desvio R$ 45 milhões no recolhimento dos honorários à ex-advogada do Sin­dicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/RP), Maria Zue­ly Alves Librandi, valor que seria redistribuído entre os acusados.

Dárcy Vera e Maria Zuely não compareceram à audiência – fo­ram liberadas por decisão do Su­perior Tribunal de Justiça (STJ). Os outros quatro réus acompa­nharam os depoimentos – entre eles o ex-secretário da Adminis­tração, Marco Antônio dos Santos, apontado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela PF de, ao lado da ex-prefeita, comandar o suposto esquema criminoso. Ele chegou ao Fórum Estadual de Jus­tiça com pés e mãos algemados e com o uniforme de presidiário.

O ex-advogado do SSM/RP, Sandro Rovani, estava na mesma situação – ele e e Santos estão pre­sos em Tremembé, assim como Dárcy Vera e Maria Zuely. Tam­bém compareceram o também advogado André Soares Hentz (contratado por Maria Zuely) e o presidente destituído do sindi­cato, Wagner Rodrigues, que fe­chou acordo de delação premia­da e permaneceu em outra ala na Sala do Júri, longe dos demais réus. A alegação foi feita durante o primeiro dia de audiências de instrução de um dos processos da Operação Sevandija.

“Esse acordo formalizado antes já até determinava um pagamento da propina em razão da liberação dos honorários”, afirmou Vieitez Reis. Mais seis pessoas devem ser ouvidas na quinta (28) e sexta-feira (29). Outras 46 testemunhas de defesa devem ser ouvidas em data ainda indefinida antes de se partir para a fase dos interrogatórios. O processo dos honorários advo­catícios é um dos três pilares da Sevandija, que também apura fraudes em licitações do Depar­tamento de Água e Esgoto de Ri­beirão Preto (Daerp) e pagamen­to de propina, apadrinhamento e processos licitatórios suspeitos da Companhia de Desenvolvi­mento Econômico (Coderp).

No próximo dia 28, está mar­cado para serem ouvidos os ser­vidores da Prefeitura de Ribeirão Preto Silvia Petrocelli, Dulcineia Abonisio Godoi e Carmem Lu­cia Gouveia Zeoti – as duas úl­timas também já foram ouvidas nas oitivas do processo da Co­derp. No dia 29 de setembro está marcada a inquirição da também servidora Rosemeire Buosi e do filho de Maria Zuely, o advogado Leandro Alves Librandi, além de Dorcelina Pereira da Silva.

Dárcy Vera e Maria Zuely estiveram em Ribeirão Preto no final da semana, antes da decisão do STJ ser anunciada, e passaram duas noites na Penitenciária Femi­nina. A ex-prefeita está detida em Tremembé desde 19 de maio, acu­sada de chefiar um esquema que desviou R$ 230 milhões dos co­fres públicos – nesta ação, o valor desviado seria de R$ 45 milhões, por meio de fraude no acordo dos 28,35% dos servidores.

Dos seis réus nesta ação, ape­nas Hentz e Rodrigues estão em liberdade. O advogado diz que recebeu pagamento legal por ser defensor de Maria Zuely e não tem nada a ver com o esquema que te­ria desviado, no total, mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos. Já Rodrigues assinou acordo de delação premiada com o Gaeco. Todos os demais acusados negam qualquer participação nos crimes investigados pelo Ministério Pú­blico e Polícia Federal.

Segundo delação de Rodrigues na Operação Sevandija, Dárcy Vera recebeu R$ 7 milhões em propina para facilitar o pagamento indevido de honorários advocatí­cios a Maria Zuely, que atuou em uma causa movida pelo sindicato contra a Prefeitura. Sua defesa nega e diz que irá provar a inocência no processo. Ela foi denunciada em dezembro de 2016 pela Procura­doria-Geral de Justiça, responsável por investigar e processar crimi­nalmente os prefeitos.

Dárcy Vera é acusada de corrupção passiva, peculato e associação criminosa. A Justiça também decretou a indisponibi­lidade de seus bens. A ex-prefeita nega a prática de qualquer ato ilí­cito. Oito pessoas estão presas – na semana passada o STJ autori­zou o ex-secretário de Educação de Ribeirão Preto, Ângelo Inver­nizzi Lopes, a cumprir prisão do­miciliar para cuidar da mulher, que está com a saúde frágil.

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