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29 de março de 2024 | 3:19
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Fome atinge 61,3 mi no país

O total de pessoas afetadas pela fome em todo o mundo aumentou em 150 milhões desde o início da pandemia do novo coronavírus, alcançando 828 milhões em 2021, revela o relatório O Estado de Segu­rança Alimentar e Nutrição no Mundo, lançado nesta quar­ta-feira, 6 de julho, por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

Assinam o documento a Organização das Nações Uni­das para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desen­volvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Progra­ma Mundial de Alimentos da ONU (WFP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Brasil
Em relação ao Brasil, o do­cumento indica que a preva­lência de insegurança alimen­tar grave subiu de 3,9 milhões, ou o equivalente a 1,9% da população, entre 2014 e 2016, para 15,4 milhões (7,3%), en­tre 2019 e 2021. A prevalência de insegurança alimentar mo­derada ou grave em relação à população total aumentou de 37,5 milhões de pessoas (18,3%), entre 2014 e 2016, para 61,3 milhões de pessoas (28,9%), entre 2019 e 2021.

Na avaliação dos chefes das cinco agências da ONU, o relatório destaca a intensifica­ção dos principais fatores de insegurança alimentar e má nutrição que são “conflitos, choques climáticos e choques econômicos, combinados com as crescentes desigualdades”. Eles ratificaram que devem ser tomadas medidas mais ousa­das para construir resiliência contra choques futuros.

Metas
O documento sinaliza que o mundo está se afastando ain­da mais da meta de acabar com a fome, a insegurança alimen­tar e a má nutrição em todas as suas formas até 2030. Depois de permanecer relativamente inalterada desde 2015, a pro­porção de pessoas afetadas pela fome, que era da ordem de 8% em 2019, cresceu para 9,3% em 2020 e continuou a subir em 2021, chegando a 9,8% da população mundial.

Outro dado preocupante é que cerca de 2,3 bilhões de pes­soas no mundo (29,3% do to­tal) enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa no ano passado, o que corres­ponde a 350 milhões a mais em comparação com o período pré-pandemia. Cerca de 924 mi­lhões de pessoas (11,7% da po­pulação global) enfrentaram a insegurança alimentar em níveis severos, alta de 207 milhões de pessoas em dois anos.

Mulheres e crianças
A insegurança alimentar continuou a aumentar em 2021, na questão por gênero. Cerca de 32% das mulheres no mun­do enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa, ante 27,6% dos homens. A di­ferença foi de mais de quatro pontos percentuais, em com­paração aos três pontos per­centuais observados em 2020.

Segundo o relatório, em tor­no de 45 milhões de crianças menores de cinco anos sofriam de baixo peso para a estatura (wasting), que é a forma mais mortal de má nutrição, o que aumenta o risco de morte das crianças em até doze vezes. Além disso, 149 milhões de crianças menores de cinco anos tiveram crescimento e desen­volvimento atrofiados (stun­ting) devido à falta crônica de nutrientes essenciais em suas dietas. Por outro lado, 39 mi­lhões estavam acima do peso.

Bebês
Quase 44% dos bebês com menos de seis meses de idade foram amamentados exclusi­vamente em todo o mundo, em 2020. Mas o número ainda está abaixo da meta de 50%, prevista até 2030. Outra gran­de preocupação é que duas em cada três crianças não recebem a dieta mínima diversificada de que precisam para crescer e desenvolver seu potencial má­ximo, indica a publicação.

No sentido negativo, apro­ximadamente 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram pa­gar por uma alimentação sau­dável em 2020, com expansão de 112 milhões em relação ao ano anterior, reflexo dos efei­tos da inflação nos preços dos alimentos ao consumidor, em decorrência dos impactos econômicos da pandemia de covid-19 e das medidas pos­tas em prática para contê-la.

Apoio
O relatório aponta que o apoio mundial ao setor alimen­tício e agrícola totalizou quase US$ 630 bilhões por ano, entre 2013 e 2018. A maior parte dos recursos é destinada aos agricultores individuais, por meio de políticas comerciais e de mercado e subsídios fiscais. O cenário projetado para 2030 não é otimista, de acordo com o relatório.

As projeções são que cer­ca de 670 milhões de pessoas (8% da população mundial) ainda enfrentarão a fome em 2030, “mesmo que uma re­cuperação econômica global seja levada em consideração”. O número é semelhante ao de 2015, quando o objetivo de acabar com a fome, a inse­gurança alimentar e a má nu­trição até o final desta déca­da foi lançado sob a Agenda 2030 para o Desenvolvimen­to Sustentável.

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