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28 de março de 2024 | 15:04
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Helton Pimenta e suas serenatas

Domingo passado, dia 28 de julho, fui cantar na Feijoada dos Obreiros do Bem a convite do amigo José Luiz Del Lama, que por vários anos organiza o evento em sua chácara. Entre os colaboradores tive a grata surpresa de encontrar meu que­rido amigo Helton Pimenta.

Quando fui convidado pelo amigo Cipó para apresentar um programa de música na TV Thathi, estava nos bastidores me pre­parando para gravar, quando cruzo com o Helton, que tinha um programa esportivo na casa. Eu contei a ele sobre minha preocu­pação com a postura, como dominar as três câmeras e tudo mais. Então, Helton olhou-me sorrindo e disse: “Buenão, o segredo é não inventar nada, não crie personagem, seja o que você é, con­verse com a câmera como se estivesse conversando com quem está em casa, seja o mais natural possível”.

E assim encarei meu primeiro programa, o “Canta Ribei­rão”, que ficou no ar por oito anos, dando oportunidade aos artistas da cidade e da região. Não bastasse essa minha eterna gratidão ao Helton, ele também tem minha admiração, pois, junto com J. Beschizza e Corauci Neto, compôs uma música que, desde a mocidade até hoje, abro e fecho minhas serena­tas: chama-se “Serenata da menina”. É uma canção linda.

No meio da minha cantoria prestei-lhe carinhosa home­nagem, cantando a música que compôs. Depois fui até onde ele estava sentado e nossa resenha foi longe, invadimos a tarde. Helton, bom papo e ótimo contador de causos, dis­se que nunca bebeu e nunca fumou, era o tipo do boêmio comportado. Quando solteiro não dormia, vivia com amigos fazendo serenatas e quando decidiu se casar, a galera apostou que não duraria três meses – a união com Neide já dura 53 anos. Marido show de bola, pai adorado pelos dois filhos e uma filha que lhe presentearam com cinco netos, ele confessa ser um vovô super coruja.

Contei a ele sobre minhas serenatas e ele lembrou-se de duas que fez, estas que conto agora. A Rádio Cultura de Ribeirão Preto tinha em seu plantel, naquela época, uma verdadeira seleção de radialistas. Entre tantos estavam Helton Pimenta, J. Beschizza, Wilson Botelho e Corauci Neto. Um belo dia, uma senhora ligou lá e perguntou a Helton Pimenta se eles faziam serenata e qual era o cachê. Queria presentear seu marido pelo aniversário.

Ele disse que não cobrariam nada e lá foram pra janela de uma casa na rua Bernardino de Campos, quase na esquina com a avenida Independência. A cantoria estava rolando quando o casal abriu a porta e os convidaram para entrar. O aniversarian­te não cabia em si de tão feliz. Uma mesa farta os aguardava. Helton me disse que eles amanheceram por lá bebendo, comen­do e cantando, essa cantoria ele diz que jamais vai esquecer.

Numa outra madrugada, foram fazer serenata pra uma moça numa casa que ficava na rua Duque de Caxias esquina com a Cerqueira César, quase vizinha do Cadeião, hoje Dele­gacia de Polícia Civil. Levaram um amigo que não cantava nem tocava nenhum instrumento, e ele ficou ali perto conversando com o guarda noturno enquanto os trovadores cantavam.

É costume de quem ganha uma serenata dar um toque que está ouvindo, como um piscar de luz, mas sem abrir a janela. Eles desfilaram todo repertório e nada da moça dar sinal, até que o guarda noturno se aproximou e disse: “Olha, gente, o povo desta casa foi viajar…” E Helton emendou: “Pô, bicho! Aquilo foi um balde de água gelada na gente”. Mas o guarda adorou a seresta, as músicas foram maravilhosas e coisa e tal. E os cantadores: Pô, cara, você bem que podia ter nos dado um toque antes, meu!” E depois saíram madrugada adentro pelas ruas onde antigamente podia-se andar com tranquilidade.

Pra você, meu amigo Helton Pimenta e família, com todo meu carinho.

Sexta conto mais.

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