O Indicador de Inadimplência da Serasa Experian revela que, desde o início deste ano, mais de dois milhões de pessoas se tornaram inadimplentes. Em abril, o país alcançou o número recorde de consumidores com o nome no vermelho. São 66.132.670, a maior quantidade da série histórica do índice, iniciada em 2016.
Eram 62.981.572 no mesmo período do ano passado, 3.151.098 a mais e alta de 5%. Em março deste ano, segundo a Serasa, o país tinha cerca de 65.693.982 devedores. São 438.668 a mais em abril, aumento de 0,7%. O montante na época atingia R$ 265,8 bilhões.
Em abril deste ano, a soma das dívidas chegou a R$ 271,6 bilhões. São R$ 5,8 bilhões a mais do que no mês anterior, alta de 2,2%. Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, o aumento da inadimplência ao decorrer de 2022 era uma movimentação esperada, mas existem fatores que podem auxiliar o consumidor nessa situação. “Sabemos que a instabilidade econômica do país vem afetando grande parte da população”, diz.
“No entanto, algumas ferramentas como o saque extraordinário do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e a antecipação do pagamento do décimo terceiro salário para aposentados podem e devem ser utilizadas para reorganizar as finanças pessoais, amenizar dívidas e tentar tirar o nome do vermelho”.
Com relação ao perfil das dívidas, o segmento de bancos e cartões possui 28,1% dos débitos (era de 28,8% em abril de 2021), enquanto contas básicas como água, luz e gás representam 22,9% (era de 22,7%). Feita a comparação com abril de 2021, o setor de financeiras foi o que teve maior aumento na participação de inadimplência, indo de 9,6% para 12,4%.
“As financeiras costumam oferecer crédito para perfis de risco, como os de consumidores inadimplentes. Por isso, quanto mais instável ficar o cenário econômico, mais a inadimplência desse setor tende a crescer”, explica Rabi. Telefonia caiu de 10% para 7,3% e o comércio varejista oscilou de 12,9% para 12,5%. A inadimplência em outros serviços ficou estável: 4,3% nos dois períodos.
O recorte por faixa etária mostra que os inadimplentes estão, em sua maioria, nas faixas de 26 a 60 anos de idade (35,2%) e de 41 a 60 anos (34,8%). Um estudo inédito da Serasa Experian revela um salto de 22,1 milhões (14% da população adulta) sobre o número de brasileiros que conquistaram a oportunidade de ter acesso a um crédito de qualidade. O montante foi de 59,1 milhões para 81,2 milhões.