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19 de abril de 2024 | 17:17
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Invernizzi vai cumprir prisão domiciliar

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) conce­deu ao ex-secretário municipal de Educação de Ribeirão Preto, Ângelo Invernizzi Lopes, o direi­to à prisão domiciliar depois de alegar que sua mulher está com a saúde frágil. Ele é um dos 21 réus da ação penal da Operação Sevandija que investiga a relação entre a Companhia de Desenvol­vimento Econômico (Coderp) e a Atmosphera Construções e Empreendimentos, do empre­sário Marcelo Plastino, que co­meteu suicídio em novembro do ano passado e deixou um punhado de documentos, pla­nilhas, manuscritos e até cédulas de real com revelações que tira­ram o sono de muita gente.

A ordem partiu do ministro Rogério Schietti Cruz, relator dos habeas corpus dos investigados no âmbito da Sevandija na Corte. Invernizzi Lopes foi preso em 1º de setembro de 2016, durante a primeira fase da operação, obteve a liberdade provisória no dia 29 do mesmo mês, mas voltou a ser pre­so em 19 de maio deste ano com outras quatro pessoas, dentre elas a ex-prefeita Dárcy Vera (PSD), quando o benefício foi suspenso pelo Superior Tribunal de Justi­ça. Também foram detidos Layr Luchesi Júnior (ex-secretário da Casa Civl), Davi Mansur Cury (ex-superintendente da Coderp) e Maria Lúcia Pandolfo (ex-gerente financeira da companhia)

O ex-secretário conseguiu jun­to ao STJ, na última terça-feira, 19 de setembro, a aprovação de um habeas corpus para permanecer em casa no decorrer do processo que apura fraudes em licitações, pagamento de propina, apadri­nhamento política via negociação de cargos terceirizados e apoio po­lítico na Câmara de Vereadores na gestão Dárcy Vera. Ele responde por corrupção, mas nega a prática de qualquer ato olícito

Ele é um dos 21 réus dessa ação que serão interrogados pelo juiz Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal, entre 4 de outubro e 24 de novembro. O depoimento de Invernizzi Lopes no Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto está marcado para 8 de novembro, no mesmo dia do ex-secretário de Adminis­tração e ex-superintendente da Coderp e do Departamento de Água e Esgoto (Daerp), Marco Antônio dos Santos.

O encaminhamento do ex-se­cretário da Educação da Peniten­ciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, para sua casa em Ribeirão Preto já foi definido pelo juiz Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal, onde tramita a ação penal pela qual ele responde. Para ter o direito à prisão domici­liar, Invernizzi Lopes terá uma sé­rie de restrições e obrigações – foi dispensado de usar tornozeleira eletrônica (leia nesta página) –, a proibição de manter contato físico ou por meios eletrônicos com investigados e testemunhas, além de não poder frequentar os órgãos públicos e empresas rela­cionadas no processo.

O ex-secretário também deve­rá se apresentar mensalmente ao Fórum de Justiça de Ribeirão Pre­to para atualizar o estado de saúde de sua mulher – terá de apresentar laudo médico indicando o está­gio da doença de sua cônjuge – e já teve o passaporte retido pela Polícia Federal. Deflagrada em setembro de 2017, a Operação Sevandija apontou que a Atmos­phera era usada como cabide de empregos por nove vereadores da base aliada de Dárcy Vera. Eles indicavam apadrinhados políticos para cargos terceiriza­dos pela Coderp na Atmosphera e, em troca, aprovavam projetos de interesse do Executivo.

De acordo com os promoto­res de Justiça, os parlamentares recebiam propina em encontros chamados por Plastino de “café”. Responsável pelos sistemas de informática da administração municipal e pela manutenção de quase 14 mil equipamentos eletrônicos, a Coderp é uma em­presa de economia mista, cujo principal acionista é a própria Prefeitura, também responsável por serviços terceirizados.

Foi justamente em contratos desse tipo que a PF e o Gaeco identificaram fraudes que resul­taram em desvio de verbas dos cofres municipais. Membros do alto escalão do governo Dárcy Vera e funcionários da Coderp atuaram nas fraudes. Todos ne­gam participação no esquema.
Os contratos entre a Coderp e a Atmosphera, segundo o Grupo de Atuação Especial de Repres­são ao Crime Organizado (Ga­eco) e a Polícia Federal, somam, de 2012 até 2016, o valor de R$ 49 milhões. Os réus respondem por crimes licitatórios, formação de organização criminosa e cor­rupção ativa e passiva. Todos ne­gam a prática de atos ilícitos. Na última sexta-feira (15), o juiz Sil­va Ferreira homologou a delação premiada de Alexandra Ferreira Martins, ex-namorada de Mar­celo Plastino, e o ex-sócio dele, Paulo Roberto de Abreu Junior.

A Operação Sevandija revelou ainda outros dois escândalos: o pagamento de honorários advo­catícios pela Prefeitura, sendo que o esquema teria sido chefiado por Dárcy Vera e envolveu o ex-presi­dente do Sindicato dos Servidores Municipais, e fraudes em licitações do Daerp. Esses dois processos ainda estão em fase de instrução, na dependência do término das audiências com testemunhas, an­tes do interrogatório com os réus.

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