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19 de abril de 2024 | 14:01
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Irã diz que discurso de Trump contra Teerã foi ‘ignorante, absurdo e odioso’

Por Claudia Trevisan

O discurso proferido na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na terça-feira foi “ignorante, absurdo e odioso”, disse ontem no mesmo local o presidente do Irã, Hassan Rouhani. Sem mencionar o nome do líder americano, Rouhani comentou que será uma “pena” se o acordo em torno do programa nuclear de seu país for “destruído por desonestos novatos no mundo da política”.

Enquanto Rouhani falava, sua conta no Twitter se encarregava de dissipar qualquer dúvida sobre o alvo de seu discurso: “Palavras repulsivas e ignorantes foram ditas pelo presidente dos EUA contra a nação iraniana. Cheias de alegações odiosas & sem fundamento e impróprias para a #UNGA”, escreveu, usando a hashtag relativa à Assembleia Geral.

No dia anterior, Trump havia se referido ao governo de Teerã como uma “ditadura corrupta”, que exporta violência e terrorismo e fala abertamente em assassinatos em massa. “Ele transformou um país abastado, com uma rica história e cultura em um Estado pária empobrecido, cujas principais exportações são a violência, o derramamento de sangue e o caos”, afirmou o americano.

No discurso, Trump indicou que poderia retirar os EUA do acordo que levantou sanções sobre o Irã em troca da suspensão de aspectos do seu programa nuclear. Se isso ocorrer, Teerã responderá de maneira “decisiva e resoluta”, disse Rouhani. Segundo ele, a intensidade da resposta dependerá em parte da posição dos países europeus que participam do acordo -França, Inglaterra e Alemanha, além da União Europeia. Os outros signatários são China e Rússia.

Caso os EUA descumpram o pacto e restabeleçam sanções, Rouhani disse que o Irã analisará a possibilidade de expandir suas atividades de enriquecimento de urânio, que são restringidas pelo acordo. Mas ressaltou que seu país nunca buscará a construção de bombas nucleares.

“A retórica ignorante, absurda e odiosa ódio, cheia de alegações ridículas e sem base, que foi pronunciada nesta augusta instituição, não só é imprópria para as Nações Unidas, mas na verdade contradiz as demandas de nossas nações nessa organização global de unir governos no combate à guerra e ao terror”, declarou.

O tratado em torno do programa nuclear do Irã foi um dos principais legados diplomáticos do ex-presidente Barack Obama, ao lado do Acordo de Paris sobre mudança climática e do processo de reaproximação com Cuba. Todos estão ameaçados por Trump. Em julho, ele anunciou a decisão de retirar os EUA do tratado ambiental. Também congelou a relação com Cuba e disse que só suspenderá sanções se o governo da ilha realizar reformas.

Em seu discurso na ONU, o presidente se referiu ao acordo sobre o programa nuclear do Irã como um dos piores já negociados por seu país. O Irã foi o segundo principal alvo do pronunciamento de Trump, logo abaixo da Coreia do Norte. Desde sua posse, em janeiro, Pyongyang acelerou suas atividades nucleares, com o lançamento de vários mísseis balísticos. Há poucas semanas, o país realizou o sexto teste de uma bomba nuclear, com a detonação do mais potente dispositivo que já construiu. Na ONU, Trump disse que não terá outra alternativa que “destruir totalmente” o país de 25 milhões de habitantes, caso os EUA tenham de se defender de uma ameaça nuclear.

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