18 de abril de 2024 | 23:23
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Janot denuncia Temer ao STF pela segunda vez

O procurador-geral da Re­pública, Rodrigo Janot, denun­ciou o presidente da República, Michel Temer, pela segunda vez nesta quinta-feira. A nova de­núncia é pelos crimes de orga­nização criminosa e obstrução de Justiça. A decisão do procu­rador-geral foi por oferecer uma única denúncia, envolvendo fa­tos relacionados aos dois crimes, e não duas, como se cogitou até esta reta final do mandato do procurador-geral. O último dia útil do mandato é hoje. Janot decidiu não deixar a nova acusa­ção contra Temer para hoje.

Os seis integrantes do cha­mado “quadrilhão” do PMDB da Câmara foram denunciados por Janot: Temer; Eliseu Padi­lha, ministro da Casa Civil, e Moreira Franco, ministro da Secretaria Geral da Presidência; o ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência Geddel Vieira Lima; e os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Edu­ardo Alves (PMDB-RN). O ex­-deputado Rodrigo Rocha Lou­res (PMDB-PR), o “deputado da mala”, também foi denunciado pelo procurador-geral.

Os executivos Joesley Batista, dono do grupo J&F, e Ricardo Saud, diretor de relações institu­cionais, também foram denun­ciados, pelo crime de obstrução de justiça, no episódio em que supostamente tentaram comprar o silêncio de Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, operador de es­quemas do PMDB da Câmara. Antes abarcados pela imunidade penal, garantida no acordo de delação premiada, os executivos agora terão de responder por seus supostos crimes em razão da rescisão do acordo.

O presidente já foi denuncia­do uma vez por corrupção pas­siva, mas a maioria da Câmara votou por barrar o prossegui­mento da acusação no Supremo Tribunal Federal (STF). A nova denúncia também deve ser en­caminhada à Câmara para que os deputados deliberem pelo prosseguimento ou pelo inter­rupção da acusação.

Na denúncia contra Temer, Janot usa a investigação da Polí­cia Federal (PF) que detalha uma suposta organização criminosa integrada por próceres do PMDB na Câmara: Temer; o ex-ministro da Secretaria de Governo da Pre­sidência Geddel Vieira Lima; os ex-presidentes da Câmara Eduar­do Cunha (PMDB-RJ) e Henri­que Eduardo Alves (PMDB-RN); o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; e o ministro da Secreta­ria Geral da Presidência, Moreira Franco. Geddel, Cunha e Alves estão presos preventivamente. Temer, Padilha e Moreira, no Pa­lácio do Planalto.

A obstrução de justiça diz respeito a uma suposta atuação de Temer para obter o silêncio de Cunha e do doleiro Lúcio Fu­naro, operador de esquemas do PMDB da Câmara. Neste caso, o presidente teria dado aval para um dos donos do grupo J&F, Jo­esley Batista, comprar esse silên­cio, conforme interpretação do procurador-geral, a partir de gra­vação feita pelo executivo dentro do Palácio do Jaburu.

A investigação sobre os atos de Temer no exercício do man­dato de presidente teve como ponto de partida as delações dos executivos da J&F, proprietária da JBS. O presidente foi grava­do por Joesley Batista no dia 7 de março em encontro tarde da noite no Palácio do Jaburu. Jo­esley contou a Temer que fazia pagamentos a Cunha e Funaro e ouviu do presidente o conselho de “manter isso”. O empresário disse ainda que estava tentando segurar procuradores e juízes que o investigavam.

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