O Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte do brasileiro André Hack Bahi, de 43 anos, que combatia ao lado das tropas ucranianas na região do Donbas, epicentro do conflito nas últimas semanas. A confirmação da morte do brasileiro chegou nesta quinta-feira, 9 de junho, por meio da Embaixada do Brasil em Kiev.
Natural de Porto Alegre (RS), André Hack Bahi faleceu em confronto com tropas russas em Severodonetsk, informou o Itamaraty, cidade que é o último bastião da resistência ucraniana em Luhansk, e que, de acordo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, definirá o futuro de Donbas.
A morte de André é a primeira de um brasileiro a ser oficialmente confirmada no conflito iniciado com a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro. O Itamaraty já havia informado na segunda-feira (6) que a Embaixada em Kiev estava apurando os relatos de que um brasileiro teria morrido em conflito em território ucraniano, mas não havia confirmado a morte.
Na quarta-feira (8), a irmã do soldado, Tatiane Hack Bahi, afirmou que tinha esperanças de encontrar o irmão vivo. Amigos e combatentes que atuaram no front da guerra junto com André têm publicado a notícia de sua morte nas redes sociais. Anteontem, o soldado brasileiro André Kirvaitis fez uma homenagem ao seu colega brasileiro, onde publicou um vídeo no Instagram.
“Mais um soldado anônimo, que como outros deu a vida em combate pela liberdade e pela paz, eu não vou deixar seu nome ser esquecido, obrigado por tudo irmão, você está na verdadeira vida agora, a terra é uma breve passagem perto da eternidade, você cumpriu sua missão com honra”, diz o texto.
Tanto o perfil de Kirvaitis como o de Bahi no Instagram divulgam um link da Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, para a qual os brasileiros dizem ter se voluntariado. O site, lançado pelo governo ucraniano em março, dá instruções a estrangeiros de pelo menos 60 países de como se voluntariar.
Na aba dedicada ao Brasil, as instruções levam ao site e às informações de contato da Embaixada da Ucrânia. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que o destino de Donbas, que compreende as regiões de Donetsk e Luhansk, no leste, está sendo definido na batalha pelo controle de Severodonetsk, há semanas foco dos combates entre russos e ucranianos.
Desde a mudança da estratégia russa, no final de março, os combates têm se concentrado na região leste da Ucrânia, onde forças separatistas pró-Moscou já ocupavam parte do território desde 2014, quando eclodiu a guerra civil ucraniana.
O Kremlin acumulou fracassos em seus planos iniciais de tomar grandes cidades, como Kharkiv e a própria capital, Kiev. Em Mariupol, cidade portuária na costa do Mar de Azov, foram necessárias semanas até que as forças russas quebrassem a resistência – em um dos episódios mais marcantes, combatentes ucranianos e civis se abrigaram por um longo período na central siderúrgica de Azovstal, uma das maiores da Europa, até que um acordo de rendição fosse acertado.
Avanços em outras áreas do leste também foram lentos, como na batalha de Severodonetsk. A cidade industrial hoje praticamente destruída não tem grande importância estratégica, mas sua tomada pelos russos, além da vizinha Lisichansk, marcaria a conquista da região de Luhansk por Moscou, uma das suas maiores vitórias no front.
O governador pró-Kiev de Luhansk, Serhi Haidai, afirmou que as tropas ucranianas precisaram fazer recuos estratégicos. Anteriormente, declarou que 90% das estruturas da cidade estavam destruídas, incluindo quase 70% das habitações. Zelensky destaca o grande impacto da invasão militar da Rússia, com milhões de pessoas fugindo de seu país. A autoridade qualificou como a maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra.