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20 de abril de 2024 | 4:47
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Larga Brasa

Os irmãos gêmeos dos Campos Elíseos
No bairro dos Campos Elíseos dois irmãos gêmeos eram idênti­cos, univitelinos. No dizer das comadres de plantão eram a “cara de um e o focinho do outro”. Eram muito bonitos, diferente do ditado das ditas comadres. Jovenzinhos, aprontavam pelas ruas do bairro que se espraiava e atraía muitos trabalhadores e traba­lhadoras da própria cidade e da região. Eles eram namoradores e muito bem quistos. Viviam nas casas dos vizinhos aproveitando os convites para almoços e jantares. Simpáticos, sempre prontos a ajudar ao próximo, ganhavam a simpatia de todos.

Esquema com as namoradas
Com as namoradas possuíam um esquema que ambos aproveita­vam da igualdade do rosto e mesmo da constituição física. Troca­vam de namoradas dia sim, dia não. Quando a moça pensava estar namorado A, estava com o B. Difícil era definir quem era quem. Não havia uma pinta, uma ruga, um defeito ou virtude que detectasse a diferença para se estabelecer a identidade. Algumas vezes “caíram do cavalo” e foram descobertos por alguma namorada mais atenta.

Bailes e festas
No tempo em que eram jovens havia uma prática dos porteiros dos salões de carimbar o braço de quem saísse do baile para “to­mar um ar” ou dar uma volta. Eles tinham uma solução para o problema. Quando um saía, encostava a parte carimbada no bra­ço suado no braço do outro e, meio borrado, a carimbada passava como prova para o retorno. Com um só ingresso os dois partici­pavam da festa. Sempre foi assim: meio a meio.

No Tiro de Guerra
Na época quando os inscritos para prestar o Serviço Militar, ha­vendo gêmeos, um só fazia o Tiro de Guerra. Na verdade fizeram o Tiro de Guerra meio a meio. Um dormia e o outro fazia os exer­cícios em um dia. O outro irmão fazia no dia seguinte. Ninguém se cansava. No trabalho também era meio a meio e o salário era dividido.

Caneta Bic descobre
Uma namorada, certa feita, resolveu descobrir quem era quem. Namorou em um dia o A e sem que ele percebesse fez uma mar­quinha nas costas dele quando a beijava no portão, na despedida, fora dos olhares dos pais que sempre estavam presentes na vigia da filha. Outro dia ela foi olhar o lugar da marquinha nas costas e constatou que a tinta indelével não estava lá. Era o outro. Deu o maior bafafá com chamada dos pais para testemunhar que ela estava namorando dois como se fora um. Os pais chamaram a atenção dos rapazes e “acabou-se o que era doce”. Ambos não passavam nem perto da casa do furioso pai que estava sempre de plantão para pegá-los a socapa, a sorrelfa.

Na faculdade
Um deles escolheu uma profissão para formatura. Na faculdade dia sim era um que comparecia as aulas e no outro, o irmão fazia a aula. Seguiram sempre em dualidade. Muitas vezes tiveram percal­ços nas suas aventuras e desventuras. Mas não comprometeram. Eram conhecidos como os gêmeos dos Campos Elíseos.

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